A notícia do desaparecimento de Lucas Silva explodiu como uma bomba, com seu rosto sorridente estampado na TV, enquanto eu amamentava nossa filha recém-nascida. O mundo parecia em pânico, mas uma calma fria me invadia.
Dias antes, com as contrações ficando mais fortes, tentei avisá-lo, mas seus olhos estavam fixos na televisão, onde a manchete mostrava incêndios na Amazônia e o rosto de sua ex-namorada, Isabela Costa, em perigo. Naquele momento, ele me descartou para ir atrás dela.
Ele pegou a mochila, e eu, mesmo em trabalho de parto, bloqueei a porta. "Se você sair por essa porta agora" , eu disse, a voz firme, "não vai encontrar uma esposa te esperando. Vai encontrar um apartamento vazio e um pedido de divórcio." Mas o celular dele tocou, e o nome de Isabela brilhou na tela. Ele me contornou, sem me tocar, e a porta bateu com a força de um furacão.
Eu estava desamparada, a dor da contração rasgando meu corpo, o desespero ameaçando me engolir. Mas um chute em minha barriga me lembrou: eu não estava sozinha.
Naquele instante, a raiva deu lugar a uma determinação gélida. Peguei o celular e, em vez de ligar para a família, enviei uma mensagem ao meu advogado: "Prepare os papéis do divórcio." O show de dor deles poderia continuar; o meu acabara de começar.