"Até vocês estão contra mim? Meu pai encheu a cabeça de vocês com essas mentiras?", ele rosnou, o rosto contorcido. "Inúteis! Se vocês não fazem, eu mesmo faço!"
Ele avançou, ignorando completamente os seguranças e a mim. Seu alvo era claro: o menino indefeso em meus braços.
Eu me virei, tentando proteger João com meu corpo, mas Pedro foi mais rápido. Ele agarrou meu braço, tentando me afastar do meu filho.
"Me solta, Pedro! Você está louco?", eu gritei, lutando contra ele.
Nesse exato momento, Ana, que estava observando a cena com um olhar calculado, soltou um grito agudo e se jogou no chão.
"Ai! Minha barriga! Sofia me empurrou!", ela choramingou, segurando o abdômen com uma expressão de dor forçada.
Foi a distração perfeita.
Enquanto alguns convidados correram para ajudar Ana, Pedro aproveitou o caos. Com um puxão violento, ele me desequilibrou. Eu tropecei para o lado, e por um segundo terrível, ele conseguiu arrancar João dos meus braços.
"NÃO!", eu gritei, um som de puro pânico.
Pedro segurava João desajeitadamente, o menino gritando de terror.
"Agora você vai aprender a não mentir para mim, Sofia!", Pedro disse, o rosto a centímetros do de João. "Você e esse seu... erro."
O mundo pareceu parar. Eu via a cena em câmera lenta: o rosto aterrorizado do meu filho, as mãos de Pedro segurando-o com força, a satisfação cruel nos olhos do homem que eu um dia amei.
"Pedro, por favor, me devolva ele," eu implorei, o desespero tomando conta da minha voz. "Faça o que quiser comigo, mas deixe meu filho em paz."
"É tarde demais para implorar," ele disse, um sorriso torcido no rosto. Ele ignorou os gritos de João, ignorou meus apelos. Ele estava cego pela raiva e pelo ego ferido.
Ana, ainda no chão, olhava para a cena com um triunfo mal disfarçado. Seu plano estava funcionando. Ela estava criando o caos, me pintando como a vilã e empurrando Pedro para um ponto sem retorno.
"Pedro, querido, cuidado com o nosso bebê," ela disse, a voz fraca, lembrando-o de sua "frágil" condição e, ao mesmo tempo, incitando-o a agir contra o "outro" filho.
A menção ao "bebê deles" pareceu endurecer ainda mais a determinação de Pedro. Ele olhou para João como se estivesse olhando para um inseto a ser esmagado.
"Eu vou me livrar deste problema de uma vez por todas," ele sussurrou, e começou a apertar os braços de João com mais força.
O choro de João se transformou em um soluço sufocado. Seu pequeno rosto começou a ficar vermelho.
Um terror primitivo tomou conta de mim.
"Eu faço qualquer coisa," eu disse, as palavras saindo da minha boca antes que eu pudesse pensar. "Qualquer coisa. Por favor."
Pedro parou, olhando para mim. Ele viu meu desespero total e seu sorriso se alargou. Ele tinha o poder.
"Ajoelhe-se," ele ordenou, a voz baixa e cheia de veneno. "Ajoelhe-se e peça perdão por ter me traído."
Os convidados assistiam, chocados e em silêncio. Os seguranças estavam paralisados, sem saber como agir contra o filho do patrão.
Eu olhei para o rosto aterrorizado de João, para a falta de ar em seus pequenos pulmões.
Sem hesitar, meus joelhos bateram no chão de pedra fria do pátio.
"Eu... peço perdão," eu sussurrei, a humilhação queimando em meu rosto, mas nada importava além da segurança do meu filho.
Pedro riu, um som feio e cruel.
"Não é o suficiente. Eu quero que você admita que essa criança não é um Mendes. Admita que você mentiu."
Ele apertou João novamente, e um gemido de dor escapou dos lábios do meu filho.
"Pare!", eu gritei. "Por favor, pare! Ele não consegue respirar!"
"Admita!", Pedro insistiu, balançando João levemente, uma ameaça clara.
Eu fechei os olhos, as lágrimas finalmente escorrendo pelo meu rosto.
"Ele... ele não..."
Eu não consegui dizer as palavras. Eu não podia negar a identidade do meu filho, mesmo para salvá-lo.
Mas antes que eu pudesse formular qualquer outra frase, a cena foi interrompida por um som que fez todos congelarem.