Nesse momento, um homem corpulento, de meia-idade, apareceu atrás de Patrícia, ele usava uma camisa florida apertada que mal continha sua barriga proeminente, seu rosto estava vermelho por causa do sol e do álcool, e seus olhos pequenos e úmidos percorreram o corpo de Sofia de uma forma repulsiva.
Era o Sr. Ricardo, um dos investidores estrangeiros que João tanto queria agradar.
"Patrícia, querida, quem são essas?", ele perguntou com um sotaque carregado, sua voz pastosa.
"Apenas a esposa inútil de João e a filha dela, Sr. Ricardo, elas já estavam de saída", respondeu Patrícia, com um tom de desdém.
O Sr. Ricardo ignorou Maria completamente e focou em Sofia, ele deu um passo à frente, seu sorriso se alargando de uma forma grotesca.
"Que menina adorável, venha aqui, pequena."
Ele estendeu a mão gorda e suada na direção de Sofia.
Instintivamente, Maria se moveu, empurrando Sofia para mais longe e se interpondo entre a filha e o homem, a mão do Sr. Ricardo tocou o braço de Maria em vez do de Sofia.
"Saia de perto da minha filha", Maria sibilou, sua calma se quebrando pela primeira vez, a repulsa visível em seu rosto.
Patrícia interveio, empurrando o ombro de Maria com força.
"Como você ousa falar assim com o Sr. Ricardo? Você não sabe quem ele é? Peça desculpas agora!"
"Eu não vou pedir desculpas por proteger minha filha de um predador", Maria respondeu, seu olhar fixo e gelado em Patrícia.
A tensão era palpável, Sofia começou a chorar baixinho, aterrorizada com a agressividade dos estranhos e com a expressão dura no rosto da mãe.
O Sr. Ricardo, ofendido, agarrou o braço de Maria com mais força.
"Mulher insolente!"
"Solte ela!", a voz de Sofia soou, pequena, mas cheia de coragem desesperada.
O homem olhou para a menina, surpreso, e depois riu, uma risada gutural e desagradável.
"Que temperamento! Gosto disso."
Patrícia viu a oportunidade perfeita para solidificar sua posição.
"João ficará furioso quando souber como você tratou nosso convidado de honra, Maria, ele vai te colocar no seu lugar."
Ela se virou para o Sr. Ricardo com um sorriso bajulador.
"Não se preocupe, senhor, João sabe como controlar a esposa dele, e ele me disse que a menina é muito talentosa, talvez ela possa dançar para nós mais tarde, como um pedido de desculpas."
A sugestão explícita fez o sangue de Maria gelar, a imagem de sua filha sendo forçada a se apresentar para aquele homem nojento era um limite que ela jamais permitiria que fosse cruzado.
Com um movimento rápido e preciso, Maria torceu o pulso, usando o próprio peso do Sr. Ricardo contra ele, o homem soltou um grunhido de dor e surpresa, soltando o braço dela.
Sem hesitar, Maria pegou Sofia no colo.
"Nós vamos embora agora."
Ela se virou e começou a caminhar em direção à saída da praia, seu coração batendo forte, mas suas ações eram firmes e decididas.
Ela precisava tirar Sofia dali, para longe daqueles monstros.