Sangue por Vingança
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Capítulo 3

A palavra "Mamãe" saindo da boca de Leo foi a faísca que incendiou o pavio da fúria de Gustavo, o choque em seu rosto se transformou em uma máscara de raiva e traição.

"Mamãe?" ele repetiu, a palavra soando como veneno em sua língua. Ele se aproximou de Leo, seu corpo grande e ameaçador pairando sobre a pequena criança. "Então é isso, ela não apenas fugiu, ela arranjou outro homem, ela teve um filho com outro homem."

A acusação era tão absurda, tão cruel, que me deixou sem fôlego, mesmo sendo apenas uma alma. Ele olhava para a imagem espelhada de si mesmo e via um estranho, via a traição onde deveria ver a herança.

"Não!" Dona Rosa gritou, tentando se colocar entre eles novamente. "Ele é seu filho, Gustavo! Olhe para ele!"

Mas Gustavo não via, ele não queria ver, a semelhança entre ele e Leo apenas alimentava sua raiva, tornando-se, em sua mente doentia, uma zombaria do homem que ele acreditava ter sido traído.

Ele agarrou o braço de Leo com força, o menino soltou um grito de dor e medo.

"Seu pequeno mentiroso" , Gustavo sibilou, seu rosto contorcido de ódio. "Filho de uma vagabunda."

Eu gritei, um som silencioso de agonia pura, flutuando impotente enquanto o monstro que eu casei machucava meu filho, nosso filho.

Gustavo, pare! Ele é seu! É o nosso Leo!

Minhas palavras eram apenas vento, ecos perdidos na minha própria dimensão de desespero, eu tentei alcançá-lo, tentei tocá-lo, mas minhas mãos fantasmagóricas atravessaram seu corpo, frias e inúteis.

A dor de ver meu filho sofrer era mil vezes pior do que a dor da minha própria morte, era uma tortura sem fim, uma ferida que nunca cicatrizaria.

Dona Rosa se jogou contra Gustavo, tentando libertar Leo de seu aperto.

"Solte-o! Pelo amor de Deus, ele é apenas uma criança!"

Um dos seguranças de Gustavo a agarrou e a jogou no chão com força, Dona Rosa bateu a cabeça em uma pedra e ficou imóvel, um fio de sangue escorrendo de sua testa.

"Vovó!" Leo gritou, tentando se soltar para ir até ela, mas o aperto de Gustavo era como ferro.

Um plano hediondo começou a se formar na mente de Gustavo, seus olhos brilharam com uma luz maliciosa e cruel. Ele olhou para o braço de Leo, para as veias finas e azuis sob a pele delicada.

"Se Sofia não quer aparecer, talvez isso a traga de volta" , ele disse, sua voz perigosamente calma. Ele se virou para um de seus homens. "Traga o kit médico, vamos ver se o sangue deste bastardo serve para a Clara, se não servir, pelo menos servirá para outra coisa."

O medo que senti naquele momento foi absoluto, um terror frio que congelou minha alma. Ele não faria isso, ele não poderia ser tão monstruoso.

"Sofia!" Gustavo gritou para a floresta, para o céu, para o nada. "Eu sei que você está me ouvindo! Se você não aparecer em cinco minutos, eu vou drenar cada gota de sangue do seu amantezinho! Eu vou deixar você assistir ele morrer!"

Ele estava usando meu filho como isca, ameaçando a vida do meu bebê para me forçar a sair de um esconderijo que não existia, de um túmulo do qual eu não poderia escapar.

As lágrimas que eu não podia mais chorar queimaram em minha essência, lágrimas de ódio, de arrependimento, de um amor maternal desesperado e impotente.

Eu me arrependi, oh, como eu me arrependi, não da minha morte, mas de ter amado aquele homem, de ter acreditado em suas mentiras, de ter lhe dado o poder de destruir não apenas a mim, mas também a inocência e a vida do nosso filho.

Eu olhei para o rosto aterrorizado de Leo, para os seus olhos que eram os meus, e rezei para qualquer deus que pudesse me ouvir, para qualquer demônio que estivesse disposto a fazer um pacto, para me dar apenas um momento de força, um momento para proteger meu filho.

Mas o céu permaneceu em silêncio, e eu continuei a ser apenas uma espectadora do meu próprio inferno pessoal.

            
            

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