A situação de Ricardo piorou. Uma série de maus investimentos e talvez problemas com pessoas perigosas o deixaram em uma situação desesperadora. Ele, por sua vez, despejou toda a sua frustração e pressão sobre Isabela. A família dela, que supostamente estava em apuros antes, agora parecia ter problemas reais, provavelmente causados pelas dívidas de jogo do irmão. Isabela se viu encurralada, com credores batendo à sua porta e um amante exigindo soluções.
Desesperada, ela recorreu à sua tática testada e comprovada: procurou Laura. Desta vez, não houve lágrimas de crocodilo, apenas uma exigência crua e direta.
"Laura, eu preciso de dinheiro. Muito dinheiro. E preciso agora", ela disse, a voz dura.
Laura estava sentada em sua poltrona, tricotando. Ela ergueu os olhos lentamente, sem parar o movimento das agulhas.
"Não", ela disse. A palavra foi suave, mas final, como o fechar de uma porta de aço.
Isabela ficou boquiaberta. "O quê? O que você quer dizer com 'não'? Eu preciso! Minha família..."
"Seu pedido foi negado", Laura a interrompeu, a voz ainda calma, mas com um tom de aço. "Não haverá mais dinheiro."
A recusa de Laura teve consequências catastróficas para Isabela. Sem o resgate financeiro, o castelo de cartas que ela havia construído desmoronou. O negócio de Ricardo faliu completamente, e ele a culpou amargamente. O irmão dela perdeu a casa da família. De repente, Isabela não era mais a mulher glamorosa e no controle, mas uma mulher desesperada e endividada.
A máscara de Isabela caiu completamente. O respeito fingido deu lugar a um ódio puro e sem disfarces. Ela começou a atacar Laura verbalmente, a crueldade de suas palavras aumentando a cada dia.
"Sua velha inútil!", ela gritava. "Você acha que pode me controlar? Você arruinou minha vida! Você sempre me odiou! Está feliz agora, me vendo assim?"
Ela a insultava na frente de Leo, chamando-a de nomes terríveis, culpando-a por todas as suas desgraças. As acusações eram venenosas, projetadas para ferir e humilhar.
Laura absorvia tudo em silêncio. Ela continuava com sua rotina, cuidando de Leo, administrando a casa, ignorando os insultos como se fossem apenas o zumbido de um inseto irritante. Ela não revidava, não se defendia. Sua calma era enlouquecedora para Isabela. Por dentro, no entanto, Laura não sentia nada além de um desprezo gelado. Cada insulto era apenas mais um prego no caixão que ela estava construindo meticulosamente para a nora. Cada grito era a confirmação de que seu plano estava funcionando, que a verdadeira natureza de Isabela estava finalmente vindo à tona, sem disfarces.
Então, um sábado ensolarado, Laura executou o próximo passo de seu plano. Ela disse a Isabela que levaria Leo a uma festa de aniversário de um amigo no parque da cidade. Isabela, imersa em seus próprios problemas, mal prestou atenção. Laura, no entanto, não foi sozinha. De mãos dadas com ela, estava outro menino. Um menino com os mesmos cabelos escuros, os mesmos olhos castanhos, o mesmo sorriso de Leo. Ele era um espelho perfeito. Seu nome era Lucas. Laura o havia mantido escondido por cinco anos, criando-o em segredo com a ajuda de uma prima distante em outra cidade, visitando-o sempre que podia, sob o pretexto de viagens de negócios ou visitas a parentes. Agora, era a hora de trazê-lo para a luz.
Ela caminhou com os dois meninos pelo parque, um de cada lado. Eles pareciam gêmeos idênticos. Eles riram, correram, brincaram no balanço. Laura os observava, o coração cheio de um amor feroz e uma antecipação sombria.
E então, ela a viu. Isabela estava lá. Não era coincidência, Laura sabia que ela frequentemente encontrava Ricardo naquele parque. Isabela estava com Leo, que havia voltado mais cedo da festa. Ela estava discutindo acaloradamente com Ricardo a uma certa distância. De repente, ela se virou e seu olhar cruzou o de Laura. Seus olhos se arregalaram. Ela olhou para o menino ao lado de Laura, depois para Leo ao seu lado, e de volta para o outro menino. A confusão em seu rosto foi instantânea, seguida por um choque puro. Ela esfregou os olhos, como se não pudesse acreditar no que via.
Ela largou a mão de Ricardo e começou a caminhar em direção a Laura, seus passos hesitantes, depois mais rápidos. Sua mente lutava para processar a imagem impossível à sua frente.
Laura viu a aproximação de Isabela. Ela viu a confusão, o choque, o pânico começando a se formar nos olhos da nora. Laura respirou fundo. O momento pelo qual ela esperou por cinco longos e dolorosos anos, o momento pelo qual ela sacrificou o amor e a confiança de seu próprio filho, finalmente havia chegado. O palco estava montado. As cortinas estavam prestes a se abrir.