Noivado Desfeito, Coração Partido
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Capítulo 3

João Carlos correu para o lado de Sofia, o pânico em seu rosto era real, ele a segurou em seus braços como se ela fosse feita de vidro.

"Sofia! Meu amor! O que aconteceu? Você está bem? O bebê!", ele gritava, a preocupação em sua voz era palpável.

"Foi ela, João Carlos!", Sofia soluçava, apontando para mim com um dedo trêmulo, "Ela me empurrou! Ela tentou machucar nosso filho! Ela disse que eu roubei o lugar dela e que ia me fazer pagar!"

Era uma atuação digna de um prêmio, suas lágrimas, sua voz embargada, a expressão de puro terror.

A multidão ao redor começou a murmurar, os olhares de pena que antes eram dirigidos a mim agora se transformaram em ódio.

"Monstro!"

"Assassina!"

João Carlos se virou para mim, seus olhos queimando com uma fúria que eu nunca tinha visto antes, era uma fúria cega, irracional.

Ele caminhou até mim, seus passos pesados ecoando no pátio silencioso.

Ele não disse uma palavra, ele apenas chutou minha costela com toda a sua força.

A dor explodiu no meu peito, me deixando sem ar, eu tossi, sentindo o gosto de sangue na boca.

"Você... sua vadia invejosa!", ele gritou, chutando-me de novo e de novo, "Você tentou matar meu filho! Meu herdeiro!"

Eu me encolhi no chão, tentando proteger meu corpo dos golpes, mas era inútil.

A dor era insuportável, mas a injustiça era ainda pior.

"Pare...", eu consegui sussurrar entre os gemidos de dor.

"Cale a boca!", ele rugiu, agarrando meu cabelo e batendo minha cabeça contra o chão de cimento.

O mundo começou a girar, pontos pretos dançando na minha visão.

"Isso não é o suficiente," ele disse, ofegante, olhando ao redor como um animal enjaulado. "Ela precisa ser punida de uma forma que nunca esqueça."

Seus olhos pousaram em minhas mãos, minhas mãos de dançarina, com unhas longas e bem cuidadas.

"Ela tem tanto orgulho dessas mãos, dessas unhas," ele disse para Sofia, que agora o observava com um sorriso satisfeito. "Vamos tirar isso dela."

Ele gritou para um de seus seguranças.

"Traga-me um alicate!"

O medo, um medo primitivo e gelado, tomou conta de mim, mais forte do que a dor.

"Não... por favor... João Carlos, não faça isso...", eu implorei, a voz um fio.

Ele riu, uma risada cruel.

"Implorando agora? É tarde demais."

O segurança voltou com um alicate de metal, sujo e enferrujado.

"Segurem ela," João Carlos ordenou.

Dois homens me prenderam no chão, um segurando meus ombros, o outro minhas pernas, eu me debati com a pouca força que me restava.

João Carlos se ajoelhou ao meu lado, o alicate na mão.

"Você queria ser Rainha, não é? Rainhas precisam ter mãos perfeitas," ele zombou, "mas você não é uma rainha, você é lixo."

Ele agarrou minha mão esquerda, prendeu o alicate na base da minha unha do polegar e puxou.

Um grito de agonia pura rasgou minha garganta, a dor foi excruciante, uma explosão branca de puro sofrimento, eu senti a unha sendo arrancada da minha carne, o som doentio ecoando em minha cabeça.

O sangue jorrou, cobrindo minha mão e o chão ao meu redor.

"Uma a menos," ele disse, calmamente, como se estivesse contando flores.

Ele passou para o próximo dedo, eu gritei e implorei, mas ninguém me ajudou, a multidão apenas observava, paralisada pelo horror.

Sofia assistia a tudo, o rosto uma máscara de falsa preocupação, mas os olhos brilhando de prazer.

"João, querido, talvez isso seja demais...", ela disse, a voz cheia de uma preocupação oca.

"Cale a boca, Sofia! Estou protegendo nosso filho!", ele respondeu, sem tirar os olhos do seu trabalho macabro.

Ele arrancou a segunda unha, e depois a terceira.

A cada unha arrancada, um pedaço de mim morria, a dor era tão intensa que minha mente começou a se desligar.

Imagens do passado surgiram na minha cabeça, João Carlos me dizendo o quanto amava minhas mãos, como elas eram delicadas e fortes ao mesmo tempo, ele costumava beijar cada um dos meus dedos.

A ironia era doentia.

A promessa de ser sua rainha, a promessa de amor eterno, tudo se desfez em um banho de sangue e dor no pátio da escola de samba.

Quando ele terminou com a minha mão esquerda, ele começou na direita.

Eu parei de gritar, eu não tinha mais forças, eu apenas chorava silenciosamente, as lágrimas se misturando com o sangue e a sujeira no meu rosto.

Quando a décima unha foi arrancada, eu estava à beira da inconsciência.

Ele jogou o alicate ensanguentado no chão e se levantou.

"Levem essa coisa daqui," ele ordenou aos seus homens. "Joguem ela em algum canto, não quero mais olhar para a cara dela."

Antes de ser arrastada, Sofia se aproximou de mim, agachando-se para que apenas eu pudesse ouvir.

"Isso é por você ter tentado roubar o que é meu," ela sussurrou, o hálito quente no meu ouvido. "Agora você entende? Você nunca será nada."

Ela então passou o dedo no meu sangue e o esfregou no próprio braço.

"Oh, meu Deus! Ela me cortou!", ela gritou, mostrando o braço ensanguentado para João Carlos.

Ele, em sua fúria cega, se virou e me deu um último chute na cabeça.

O mundo ficou preto.

A última coisa que ouvi foi o som da risada satisfeita de Sofia.

            
            

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