O Preço da Traição e o Renascer
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Capítulo 3

Eles me trataram como uma intrusa. O corpo do meu filho estava atrás daquela porta de metal e eu não podia nem mesmo vê-lo.

Sofia Albuquerque passou por mim no corredor, seu salto alto estalando no mármore polido. Ela me olhou de cima a baixo, um sorriso de desprezo em seus lábios.

"É uma pena o que aconteceu" , ela disse, a voz carregada de uma falsa simpatia. "Mas crianças são descuidadas. Você deveria tê-lo vigiado melhor, Sara."

A culpa. Ela estava jogando a culpa em mim. A raiva subiu pela minha garganta, quente e amarga, mas eu não tinha forças para responder. Eu estava quebrada.

Um dos seguranças se aproximou. "O Sr. Mendes ordenou que o corpo seja cremado imediatamente. É um risco biológico."

"Não!" , eu gritei, a voz finalmente saindo. "Vocês não vão fazer isso. Ele é meu filho!"

Tentei me levantar, mas minhas pernas falharam. O mundo começou a girar. A dor, o choque, a revelação da traição de Pedro... tudo desabou sobre mim de uma só vez. Meu corpo começou a tremer incontrolavelmente. Um calor estranho se espalhou por meu peito, a conexão de energia que eu compartilhava com Pedro pulsando de forma errática, dolorosa.

Eu estava tendo um colapso. Meu dom, a energia que eu usava para curar, agora estava me envenenando.

"Ela está passando mal" , disse um dos homens, com um tom de tédio.

Pedro finalmente apareceu no corredor. Ele olhou para mim, caída no chão, tremendo. Seu celular tocou. Ele atendeu.

"Sim... Não, agora não é um bom momento... Entendo. É urgente. Estou a caminho."

Ele desligou o telefone e olhou para o segurança. "Levem-na para o quarto de hóspedes. Dê um sedativo a ela. Eu tenho uma reunião importante."

Ele se virou e foi embora.

Sem uma palavra de conforto. Sem um olhar de preocupação. Ele me deixou ali, no chão, enquanto o corpo do nosso filho estava a poucos metros de distância, prestes a ser destruído. Ele me deixou para ir a uma reunião.

Os seguranças me levantaram pelos braços, me arrastando como um saco de batatas. A última coisa que vi antes de desmaiar foi o sorriso triunfante de Sofia.

Acordei em um quarto que não era o meu. As paredes eram brancas, impessoais. Havia um acesso intravenoso no meu braço, gotejando um líquido transparente. O sedativo. Eles me drogaram para me manter quieta.

A névoa da medicação começou a se dissipar, e a realidade me atingiu com a força de um soco.

João estava morto.

Pedro o matou.

Ele me traiu. De novo. Mas desta vez, foi definitivo.

Lembrei-me do dia em que o encontrei no hospital. Lembrei-me dos meses em que verti minha própria força vital nele, acreditando em seu potencial, em seu amor. Eu o salvei da morte. Eu lhe dei a vida que ele tinha agora, o poder, o império. Tudo o que ele era, ele devia a mim.

A dor em meu peito se transformou em uma clareza fria e cortante. A tristeza deu lugar a uma resolução de aço. Eu chorei, não de dor, mas de raiva e arrependimento. Arrependimento por minha estupidez, por minha lealdade cega.

Eu não ia ficar ali, drogada e impotente. Ele não ia me apagar como apagou nosso filho.

Eu me concentrei. Ignorei a dor, a fraqueza, o luto. Busquei dentro de mim a fonte do meu poder, a energia que eu compartilhava com ele. Eu a senti, uma linha dourada e pulsante que nos conectava através do espaço. Por anos, eu a usei para sustentá-lo, para fortalecê-lo.

Agora, eu a usaria para me salvar.

Fechei os olhos e puxei. Com toda a força que me restava, comecei a drenar de volta a energia que era minha por direito. Uma pequena parte, o suficiente para limpar minha mente do sedativo, para me dar forças para levantar.

O corpo dele, onde quer que estivesse, sentiria isso. Uma pontada de fraqueza, uma tontura súbita. Ele não saberia o que era. Mas eu sabia.

Era o começo do fim dele.

Eu arranquei o acesso intravenoso do meu braço. O sangue manchou o lençol branco. Levantei-me, as pernas ainda trêmulas, mas a mente afiada como nunca. Eu ia sair dali. E eu ia levar meu filho comigo.

            
            

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