Eu fiz três desejos para Lucas em três momentos cruciais da minha vida.
Aos quinze anos, na minha festa de debutante, com o vestido bufante e o coração aos pulos, eu desejei que Lucas, o melhor amigo do meu irmão, finalmente me notasse como mulher.
Aos vinte e três, quando me formei na faculdade de marketing, com o diploma na mão e um futuro pela frente, eu desejei que Lucas, agora meu namorado há alguns anos, me pedisse em casamento.
Hoje, no meu aniversário de trinta anos, com um anel de noivado no dedo e um relacionamento de doze anos nas costas, eu finalmente fiz um desejo para mim mesma.
"Eu desejo me afastar de você, Lucas."
A música alta do salão de festas que ele alugou para a "minha" celebração pareceu parar por um instante. Os rostos dos convidados, amigos e familiares, se viraram para mim, confusos.
Eu estava de pé, com uma taça de champanhe na mão, o microfone na outra.
Lucas, que estava ao meu lado, sorrindo para as fotos, primeiro congelou, depois soltou uma risada forçada, tentando disfarçar a tensão.
Ele pegou o microfone da minha mão com uma delicadeza que não sentia.
"A Duda bebeu um pouco demais, pessoal", ele disse para a plateia, com aquele seu sorriso charmoso que sempre funcionava. "Ela adora um drama."
Ele se inclinou para perto do meu ouvido, o sorriso sumindo do seu rosto, substituído por uma expressão dura.
"Que porra você tá fazendo, Maria Eduarda? Quer estragar a sua própria festa?"
A festa. "Minha" festa. Eu olhei ao redor. Balões dourados e brancos por toda parte, as cores favoritas de Rafaela, a estagiária dele. O bolo, de chocolate com morango, o preferido dela. Até a playlist tocando era cheia das músicas que ela vivia postando nas redes sociais.
Eu não disse nada. Apenas o encarei, sentindo o peso de anos de dedicação se esvaindo do meu corpo.
Lucas me olhou com desdém, a certeza de que me tinha na palma da mão estampada no rosto.
"Amanhã você vai acordar de ressaca, arrependida, e vai me ligar pedindo desculpas, como sempre", ele sussurrou, com um tom de escárnio. "Você sempre volta."
Eu dei um pequeno sorriso, mas não havia alegria nele.
Ele não sabia, mas a passagem de avião já estava comprada. O voo era para amanhã à noite. Um voo só de ida para Lisboa.
Meu terceiro desejo não era um pedido ao universo.
Era uma promessa.
Desta vez, eu não voltaria. Esta relação estava, finalmente, morta.