A Dor da Desilusão
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Capítulo 2

A memória era nítida. Maria, recém-formada em design, com um portfólio promissor e uma oferta de emprego em uma grande agência. Ela se lembrava da conversa com Pedro, os olhos dele brilhando de ambição enquanto falava de sua própria startup. "Eu preciso de você, Maria," ele dissera. "Só por um tempo. Até a empresa decolar."

E ela acreditou. Desistiu do emprego, usou suas economias para investir no sonho dele, aprendeu sobre finanças, trabalhou como sua assistente não remunerada, organizando planilhas até tarde da noite, movida a café e pela promessa de um futuro que construiriam juntos. Cada sacrifício parecia um investimento no amor deles.

Agora, sentada na escuridão do quarto, a realidade da traição a esmagava. Como ela pôde ser tão cega? Como pôde ter dado tudo de si para um homem que a descartaria como um objeto quebrado? A noite lá fora era uma tempestade, e os trovões pareciam ecoar o caos em sua alma. Ela se sentia um lixo, uma idiota. A vergonha era quase tão dolorosa quanto a traição.

No dia seguinte, Pedro voltou. Ele agia como se a discussão horrível da noite anterior não tivesse acontecido. Trazia uma sacola de papel da padaria favorita dela.

"Eu trouxe pão de queijo quentinho," ele disse com um sorriso forçado, colocando a sacola na mesa da cozinha.

A visão daquele gesto, tão cotidiano e agora tão falso, revirou o estômago de Maria. Era um insulto à sua inteligência, à sua dor.

Ela o encarou, os olhos secos de tanto chorar.

"Você acha que um pão de queijo conserta isso?" sua voz era gelada, cortante.

O sorriso de Pedro vacilou e desapareceu. A paciência dele era curta. A máscara de bom moço caiu, revelando o homem calculista por baixo.

"Chega de drama, Maria," ele disse, o tom mudando de amigável para áspero. Ele tirou uma pasta de sua maleta e a jogou sobre a mesa. "Aqui estão os papéis do divórcio. Assine."

Ela abriu a pasta. Os termos eram brutais. Ela não receberia nada. Abriria mão de todos os direitos sobre os bens do casal, que, segundo o documento, eram basicamente dívidas da empresa.

"Você está louco," ela disse, incrédula. "Metade de tudo é meu por direito."

"Que metade?" ele riu, um som cruel. "A empresa está afundada em dívidas. Você não tem emprego, não tem dinheiro. E está grávida."

Ele se aproximou, sua presença física uma ameaça.

"Se você não assinar, eu vou garantir que você não receba um centavo. Vou lutar pela guarda do bebê e vou provar que você é uma mãe instável e incapaz. Você vai acabar na rua, sozinha e sem nada. É isso que você quer?"

Maria olhou para o rosto dele, para os olhos frios e a boca torcida em um sorriso de desprezo. Este não era o Pedro por quem ela se apaixonou. Este era um estranho, um predador que conhecia todas as suas fraquezas e não hesitaria em usá-las contra ela. A profundidade de sua crueldade era um abismo, e ela sentiu uma vertigem de puro desespero. Ele a havia encurralado completamente.

            
            

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