Apesar do medo que paralisava seus membros, uma faísca de desafio se acendeu dentro de Maria. Ela não seria esmagada tão facilmente.
"Eu não vou assinar isso," ela repetiu, a voz mais firme desta vez. Ela empurrou a pasta de volta para ele. "Nós vamos para o tribunal. Um juiz vai decidir o que é justo."
Pedro riu, um som oco e desdenhoso.
"Justo? Não seja ingênua. Eu não tenho nada em meu nome, Maria. A empresa está com um passivo enorme, a casa é alugada. Eu sou, no papel, um homem falido. Você vai lutar por metade de nada."
Era uma mentira, ela sentia. Ele era astuto demais para se deixar ficar sem nada. Ele devia ter escondido o dinheiro, transferido os bens. A audácia dele a deixou sem fôlego.
O celular dele tocou, quebrando a tensão. Ele olhou para a tela e seu rosto se suavizou por um instante.
"Oi, meu amor... Sim, estou resolvendo... Não, não vai demorar. Eu também te amo. Beijo."
Ele desligou e a irritação voltou ao seu rosto, dez vezes mais forte. A pressão de Sofia o estava deixando no limite.
"Viu o que você está fazendo? Está me atrasando. Assina logo isso, Maria. Vamos acabar com essa palhaçada."
"Não," ela disse, cruzando os braços.
A paciência de Pedro acabou. Em um movimento rápido e violento, ele a agarrou pelo braço.
"Você vai assinar!" ele rosnou, tentando forçar a caneta na mão dela.
Maria lutou, tentando se soltar. "Me solta! Você está me machucando!"
A luta foi curta e brutal. Ele a empurrou com força. Ela perdeu o equilíbrio, o corpo se chocando violentamente contra a quina da mesa de centro de madeira maciça.
Uma dor aguda e lancinante explodiu em seu abdômen. Ela caiu no chão, o ar escapando de seus pulmões em um gemido.
Pedro ficou parado por um momento, olhando para ela no chão. Não havia remorso em seus olhos, apenas a frustração de um obstáculo em seu caminho.
Ele se ajoelhou, mas não para ajudá-la. Ele abriu a pasta no chão ao lado dela, colocou a caneta em sua mão trêmula e, com uma força fria, guiou os dedos dela para rabiscar uma assinatura ilegível no papel.
Ele se levantou, ajeitou o terno e pegou a pasta.
"É para o nosso futuro," ele disse, a voz vazia de emoção, como se tentasse se convencer. "O futuro da minha empresa. Você simplesmente não entende de negócios."
Ele se virou e caminhou até a porta.
Quando a porta se fechou, Maria sentiu algo quente escorrendo por suas pernas. Ela olhou para baixo.
Sangue.
Uma mancha vermelha escura se espalhava rapidamente pelo seu vestido claro. A dor em seu ventre se intensificou, tornando-se uma agonia insuportável. O pânico a sufocou enquanto a escuridão começava a tomar as bordas de sua visão.