Traída no Altar, Rainha da Moda
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Capítulo 3

O drama no Grand Palace Hotel continuou a se desenrolar mesmo depois da minha saída.

As notícias se espalharam pela cidade como fogo em palha seca.

"Herdeira Bernardes trocada pela filha da governanta."

As manchetes eram cruéis e diretas, em cada café, em cada escritório, meu nome era o assunto do dia, misturado com pena e um pouco de prazer sádico que as pessoas sentem pela queda dos poderosos.

Eu podia imaginar os comentários.

"Coitada da Ana Clara, que humilhação."

"Mas também, ela sempre foi tão arrogante, talvez merecesse."

"Dizem que a tal Isabela tem uma sorte incrível, tudo que ela toca vira ouro."

A pressão social era imensa, o nome Bernardes, antes um símbolo de poder e elegância, agora estava manchado pela vergonha.

Em casa, o silêncio era pesado, meus pais andavam de um lado para o outro na sala, seus rostos uma mistura de raiva e preocupação.

Eu, por outro lado, estava sentada no sofá, observando a tempestade do lado de dentro, minha mente já trabalhando, analisando cada detalhe, cada olhar, cada palavra da noite anterior.

A fraqueza de Pedro era sua crença em atalhos, em "sorte", em destino, ele não valorizava o trabalho duro, a estratégia, o verdadeiro talento.

Essa seria sua ruína.

De repente, o telefone tocou, era a mãe de Pedro, uma mulher forte e pragmática que sempre me respeitou.

Meu pai atendeu.

"Sim, estamos todos bem", ouvi meu pai dizer, sua voz contida. "Não, não há nada a ser feito, a decisão foi de Pedro... publicamente."

Houve uma pausa.

"Eu entendo sua preocupação, mas a honra da minha filha e da minha família foi arrastada na lama, isso não é algo que possamos simplesmente esquecer."

Ele desligou, o rosto mais sombrio do que nunca.

"Ela está arrasada", disse ele. "Disse que tentou avisar Pedro, que ele estava sendo influenciado, mas ele não quis ouvir, está obcecado com essa história de 'destino'."

Minha mãe se sentou ao meu lado, pegando minha mão.

"Querida, o que vamos fazer? A coleção de outono está quase pronta, tínhamos contratos pré-aprovados baseados na sua parceria com Pedro."

Eu olhei para ela, e pela primeira vez desde o incidente, deixei uma sombra de vulnerabilidade aparecer no meu rosto, foi uma escolha calculada.

"Eu não sei, mãe", minha voz saiu fraca. "Ele me destruiu na frente de todo mundo, como posso continuar no mundo da moda? Talvez eu devesse... tirar um tempo, ir para o exterior."

A preocupação no rosto deles se aprofundou, era exatamente o que eu queria.

Meu pai se ajoelhou na minha frente.

"Não, absolutamente não", ele disse, com ferocidade. "Você é uma Bernardes, nós não fugimos, nós lutamos, vamos construir um império maior do que o de Pedro, vamos esmagá-lo."

O apoio incondicional deles era a minha base, a minha arma secreta.

"Mas como?", perguntei, ainda no meu papel de filha ferida. "Ele tem a imprensa, a história de amor que todos adoram, e agora tem a 'sorte' de Isabela."

Foi então que eu lancei minha verdadeira proposta, uma ideia que vinha se formando na minha mente desde o momento em que Pedro estendeu a mão para Isabela.

"A menos que...", comecei, hesitante. "A menos que façamos algo que ninguém espera, algo que mude completamente o jogo."

Eles me olharam, esperando.

"Não podemos lutar contra ele com dinheiro ou poder diretamente, ele está preparado para isso", eu disse, minha voz ganhando força. "Precisamos de um aliado, alguém que ele subestima, alguém que ele descartou, assim como fez comigo."

"Quem?", minha mãe perguntou.

Eu respirei fundo e disse o nome que faria o mundo da moda tremer.

"Gabriel."

O silêncio na sala foi ainda mais profundo do que no salão de festas.

Gabriel, o "irmão" de criação de Pedro, filho de uma antiga funcionária da família, um designer brilhante que vivia nas sombras, sempre um passo atrás de Pedro, sempre sendo creditado por menos do que merecia.

Ele era o verdadeiro talento, o príncipe escondido.

"Vamos propor uma aliança a Gabriel", eu disse, agora em pé, a fragilidade desaparecendo completamente. "A família Bernardes vai financiar a marca dele, com ele como designer chefe e eu como CEO, vamos criar uma nova potência."

Meu pai me olhou, seus olhos de empresário experiente brilhando com uma nova luz.

Ele estava começando a ver o tabuleiro como eu via.

"Isso é...", ele começou.

"Loucura?", minha mãe completou.

"Não", eu disse, com um sorriso frio. "Isso é xeque-mate."

            
            

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