Traída no Altar, Rainha da Moda
img img Traída no Altar, Rainha da Moda img Capítulo 4
5
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 4

A ideia de me aliar a Gabriel era tão chocante que, por um momento, meus próprios pais me olharam como se eu tivesse perdido o juízo.

"Gabriel?", meu pai repetiu o nome, testando o som. "O filho da Helena? O rapaz que sempre andava atrás de Pedro?"

"Exatamente", confirmei. "O gênio criativo cujas ideias Pedro tem roubado ou minimizado por anos."

A mãe de Pedro, em sua ligação desesperada mais cedo, havia tentado me consolar, oferecendo intervir, talvez encontrar outro noivo de uma boa família para mim, para abafar o escândalo.

Eu recusei educadamente, mas a oferta dela me deu a ideia final, se o mundo esperava que eu me casasse com outro empresário para salvar as aparências, eu faria o oposto.

Eu não buscaria um casamento, mas uma aliança de poder com a pessoa mais improvável e perigosa para Pedro.

"Mas, Ana Clara, isso é uma provocação direta", disse minha mãe, preocupada. "Isso não é apenas negócio, isso é pessoal, vai transformar uma rivalidade em uma guerra familiar."

"Já é uma guerra", respondi com firmeza. "Pedro a tornou pessoal quando me humilhou publicamente por causa dos 'mapas astrais' dele, ele não me deu outra escolha."

Eu expliquei minha lógica, cada ponto pensado com frieza.

"Pedro subestima Gabriel, ele o vê como um irmãozinho leal, um funcionário glorificado, ele nunca, em um milhão de anos, esperaria que Gabriel se aliasse a mim, sua noiva recém-descartada."

"A mãe de Gabriel, Helena, é devotada à família de Pedro", meu pai ponderou. "Ela nunca permitiria que o filho se voltasse contra eles."

"Helena é leal, mas não é cega", argumentei. "Ela viu o filho ser deixado para trás inúmeras vezes, viu Pedro levar o crédito por designs de Gabriel, ela sacrificou as oportunidades do filho pela lealdade à família que a empregava, mas toda lealdade tem um limite, especialmente quando se trata de um filho."

Era uma aposta, mas uma aposta calculada.

No dia seguinte, pedi uma reunião com Gabriel, o encontro foi marcado em um pequeno café discreto, longe dos olhos curiosos da elite da moda.

Ele chegou pontualmente, parecendo desconfiado, usava roupas simples, mas seu olhar era afiado, inteligente.

"Ana Clara", ele disse, sentando-se. "Fiquei surpreso com seu chamado, sinto muito pelo que aconteceu."

"Poupe-me da sua pena, Gabriel", cortei, indo direto ao ponto. "Não te chamei aqui para um ombro amigo, te chamei para falar de negócios."

Ele ergueu uma sobrancelha, interessado.

"Eu sei que você é o verdadeiro talento por trás dos maiores sucessos de Pedro", eu disse. "Sei do desfile de estreia dele, que só aconteceu porque você vendeu seu projeto de formatura para cobrir as dívidas dele, sei que a 'ideia revolucionária' da coleção passada foi tirada diretamente do seu caderno de esboços."

O rosto de Gabriel se fechou, ele não negou.

"A família Bernardes está disposta a investir cinquenta milhões para lançar uma nova marca", anunciei. "Sua marca, você como designer-chefe, total liberdade criativa."

Ele me encarou, seus olhos buscando o truque, a armadilha.

"E o que você ganha com isso?", ele perguntou.

"Eu serei a CEO", respondi. "Vou cuidar dos negócios, do marketing, da estratégia, juntos, vamos construir um império que vai deixar o de Pedro no pó."

Ele riu, um riso curto e sem alegria.

"Você quer usar meu talento para se vingar de Pedro", ele afirmou.

"E você não quer usar meu dinheiro e minha influência para finalmente ter o reconhecimento que merece?", retruquei. "Pedro te deixou na sombra a vida toda, e agora ele escolheu Isabela, a garota da 'sorte', em vez de você, o verdadeiro talento, para ser a parceira dele, como você se sente sobre isso?"

A pergunta o atingiu, vi uma faísca de raiva em seus olhos, a mesma raiva que me alimentava.

"Pense na minha proposta, Gabriel", eu disse, me levantando. "Esta não é uma oferta de vingança, é uma oferta de justiça, você tem 24 horas para decidir."

Deixei-o lá, com a proposta pairando no ar.

Quando voltei para casa, a adrenalina da reunião deu lugar ao cansaço.

Meus pais estavam esperando, a ansiedade estampada em seus rostos.

"Então?", meu pai perguntou.

"Eu fiz a oferta", respondi.

"E ele?", minha mãe insistiu.

"Ele vai pensar", eu disse, sentindo o peso da minha aposta. "Agora, tudo o que podemos fazer é esperar."

Naquela noite, a dúvida pairou sobre a mansão Bernardes, eu tinha jogado minhas cartas, mas o futuro da minha guerra dependia da decisão de um príncipe que talvez não quisesse a coroa.

                         

COPYRIGHT(©) 2022