Traição e Vingança: O Retorno de Laura
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Capítulo 2

Os dias seguintes foram um exercício de autocontrole. Eu agia como a mesma Laura de sempre, talvez um pouco mais quieta e estressada, o que se encaixava perfeitamente na narrativa que eles estavam construindo. Eu interagia com Lucas e Sofia, sorria nos momentos certos e fingia não notar os olhares cúmplices que eles trocavam quando pensavam que eu não estava olhando.

"Você parece exausta, Laurinha," Lucas disse um dia, colocando a mão no meu ombro. O toque dele me queimava a pele. "Não se pressione tanto. Se não der certo desta vez, haverá outras oportunidades."

"Eu sei," respondi, com a voz baixa. "Obrigada por se preocupar."

Ele sorriu, satisfeito com a minha aparente derrota.

Meu foco, no entanto, estava em Sofia. Eu a observava de longe. No dia em que "perdi" meu pingente, fingi um pânico desesperado. Sofia, depois de um tempo, "encontrou-o" perto da mesa onde estávamos.

"Laura, veja! Estava aqui o tempo todo!" ela exclamou, com um alívio exagerado.

"Nossa, Sofia, obrigada! Eu nem sei como te agradecer," eu disse, pegando o colar de volta. Mais tarde, no mesmo dia, comprei uma réplica barata e comecei a usá-la. O verdadeiro pingente, o presente de Lucas, eu o coloquei de volta na bolsa de Sofia sem que ela percebesse, desta vez no fundo de um bolso interno. Eu sabia que ela o encontraria e, pensando que eu o havia perdido novamente, o guardaria para si.

E foi exatamente o que aconteceu. Dois dias depois, eu a vi usando o meu pingente. O pingente original. Ela não o exibia abertamente, mas eu o vi brilhar por um segundo quando o colarinho da sua blusa se moveu. Ela o estava usando, achando que era um troféu secreto, um símbolo da sua vitória sobre mim.

A confirmação de que meu plano estava em andamento me deu uma força sombria.

O primeiro grande teste veio durante a apresentação de um projeto em grupo de uma matéria secundária. Era um protótipo de um produto interativo. Eu, Lucas, Sofia e mais um colega, chamado Marcos, estávamos no time. Eu sabia que Lucas e Sofia haviam sabotado uma pequena, mas crucial, parte do código enquanto eu não estava no laboratório. Eles queriam que minha parte do projeto falhasse, para reforçar a imagem de que eu estava "desmoronando sob pressão".

Chegou a nossa vez de apresentar. O professor e toda a turma nos observavam.

"E agora," disse o professor, "Laura, por favor, inicie a demonstração da interface principal."

Eu respirei fundo e apertei o botão para iniciar. Nada aconteceu. Tentei de novo. A tela piscou e depois apagou. Um silêncio constrangedor tomou conta da sala.

Marcos, que havia trabalhado duro na parte de hardware, me olhou com raiva.

"O que você fez, Laura? Estava funcionando perfeitamente ontem!"

"Eu não sei," eu disse, genuinamente confusa sobre os detalhes da sabotagem, mas sabendo a origem dela. "Eu não mudei nada."

Foi a deixa para Sofia entrar em cena.

"Professor," ela disse, com uma voz cheia de falsa preocupação. "A Laura tem estado sob muito estresse ultimamente por causa da bolsa de estudos. Talvez ela tenha alterado algo sem perceber. Ela mal tem dormido."

Lucas imediatamente a apoiou.

"É verdade. Eu disse a ela para descansar, para não se sobrecarregar. Ela não me ouviu," ele disse, balançando a cabeça com uma expressão de profunda tristeza. "A culpa não é dela, ela só está exausta."

Eles eram perfeitos. A dupla dinâmica da traição. Eles me pintaram não como incompetente, mas como uma vítima frágil do meu próprio estresse, o que era ainda mais insidioso.

Marcos explodiu.

"Exausta? O meu semestre depende da nota deste projeto! Eu não posso ser prejudicado porque ela está 'exausta'!"

A responsabilidade caiu inteiramente sobre mim. O professor, um homem que sempre favoreceu a narrativa mais simples, olhou para mim com decepção.

"Laura, isso é um problema sério. O trabalho em equipe exige responsabilidade."

Eu senti os olhares de toda a turma em mim. Acusação, pena, desprezo. Eu estava sendo culpada por algo que não fiz, e meus "melhores amigos" eram as testemunhas de acusação. A injustiça era tão grande que me sufocava.

Eu olhei para Sofia. Por um instante, sob a luz artificial da sala de aula, o pingente em seu pescoço pareceu piscar, uma cintilação quase imperceptível. Um arrepio percorreu meu corpo. Não era imaginação. Algo estava acontecendo.

Em vez de me defender, de gritar a verdade que ninguém acreditaria, eu abaixei a cabeça.

"Vocês têm razão," eu murmurei, a voz embargada. "A culpa é minha. Eu sinto muito, Marcos. Professor, eu aceito qualquer penalidade."

Minha submissão pegou Lucas e Sofia de surpresa. Eles esperavam lágrimas, negações, uma cena dramática. Minha aceitação calma os desarmou. Eles trocaram um olhar rápido, uma mistura de triunfo e confusão.

O professor, parecendo aliviado por não ter que lidar com um confronto, tomou sua decisão.

"Tudo bem. Laura, você está fora do projeto. Marcos, você e Sofia terão até o final da semana para tentar consertar o protótipo. Lucas, você supervisiona a integração. A nota de Laura nesta avaliação será zero."

Eu assenti, peguei minhas coisas e saí da sala sem olhar para trás.

Enquanto caminhava pelo corredor, uma calma fria se instalou em mim. Eu tinha sido publicamente humilhada. Tinha sido traída. Tinha sido injustiçada. Mas eu também tinha plantado uma semente. E agora, eu só precisava esperar que ela germinasse no solo envenenado que eles mesmos haviam preparado.

Eles pensaram que tinham ganhado a batalha. Mal sabiam eles que eu já estava me preparando para a guerra.

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