Traição e Vingança: O Retorno de Laura
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Capítulo 4

A dor no meu tornozelo era constante, uma lembrança física da minha ruína. Mas a dor da traição era ainda pior. No dia seguinte, vi a postagem no Instagram. Uma foto de Lucas e Sofia, sorrindo, em um restaurante caro. A legenda dizia: "Comemorando um marco importante no projeto! O futuro é brilhante. #parceria #sucesso #design".

Eles estavam comemorando a minha destruição. A ironia era tão cruel que me fez rir, um som seco e sem alegria no silêncio do meu apartamento.

Eu mal conseguia andar. Tive que amarrar uma faixa elástica firmemente ao redor do meu tornozelo inchado para conseguir mancar até a cozinha. Cada passo era uma agonia. Minha principal preocupação era minha mãe. Ela morava em outra cidade e tinha um histórico de problemas cardíacos. A última coisa que ela precisava era se preocupar comigo. Em nossas chamadas de vídeo, eu me certificava de estar sempre sentada, com a câmera enquadrando apenas meu rosto e ombros, forçando um sorriso e dizendo que tudo estava ótimo.

Mas o destino, ou talvez o poder sombrio do pingente, tinha outros planos.

Eu precisei sair para comprar analgésicos. Mancando, com o rosto pálido de dor, entrei na farmácia do bairro. E lá, no corredor de cosméticos, estava Sofia.

Ela me viu. Um sorriso malicioso brilhou em seus olhos antes de ser substituído por uma máscara de falsa preocupação.

"Laura! Meu Deus, o que aconteceu com você? Você está pálida!" ela disse, em voz alta o suficiente para que as outras pessoas na farmácia olhassem para nós.

"Eu só torci o tornozelo. Não é nada," eu murmurei, tentando passar por ela.

Mas ela bloqueou meu caminho.

"Torceu o tornozelo? Ai, coitada. Você precisa se cuidar melhor. Com tudo o que aconteceu... a expulsão do projeto, a perda do emprego... é normal que você esteja distraída," ela continuou, cada palavra uma facada. Ela estava deliberadamente expondo minhas falhas, minha humilhação, para uma plateia de estranhos.

A raiva subiu pela minha garganta, quente e amarga. "Sofia, por favor, me dê licença."

"Eu só estou preocupada com você! Lucas e eu estávamos comentando como você parece abatida ultimamente. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa mesmo, é só pedir. Não precisa ter vergonha da sua situação."

A humilhação era insuportável. Eu podia sentir os olhares curiosos e penalizados das outras pessoas. Naquele exato momento, meu celular tocou. Era minha mãe, em uma chamada de vídeo. Eu atendi instintivamente, precisando de uma distração.

"Oi, filha! Só liguei para dar um oi..."

A voz dela foi interrompida pela de Sofia, ainda mais alta.

"Deixe-a em paz, Laura está passando por um momento muito difícil, senhora. Ela foi praticamente expulsa da faculdade, sabe? É uma pena, ela tinha tanto potencial."

O rosto da minha mãe na tela se contorceu em confusão e preocupação. "Laura? Do que ela está falando?"

Antes que eu pudesse responder, o pior aconteceu. Lucas entrou na farmácia. Ele viu a cena, o meu rosto desesperado, o de Sofia triunfante, e o celular na minha mão.

"O que está acontecendo aqui?" ele perguntou.

"Lucas, querido!" Sofia disse, indo para o lado dele. "Eu estava tentando ajudar a Laura. Ela parece tão perdida."

Eu olhei para Lucas, um último e tolo pingo de esperança de que ele, na frente da minha mãe, fingiria me defender. Mas ele olhou para mim com puro desdém.

"Laura, pare de fazer cena. Já não basta o vexame na faculdade? Aceite a ajuda da Sofia e pare de agir como uma vítima."

Foi um golpe duplo. Uma traição na frente do mundo. E minha mãe viu tudo.

Na tela do celular, o rosto dela ficou branco como cera. Seus olhos se arregalaram. Ela levou a mão ao peito, a boca se abrindo em um "o" silencioso.

"Mãe?" eu sussurrei, o pânico tomando conta de mim.

Ela ofegou, o telefone tremendo em sua mão. "Laura..."

E então, ela desabou. A imagem na tela girou descontroladamente e depois ficou preta, mas eu pude ouvir o baque surdo do corpo dela caindo no chão, seguido pelo som do telefone batendo na madeira.

"MÃE! MÃE!"

Eu gritei, um som primal de puro terror. Esqueci o tornozelo, a farmácia, Lucas e Sofia. Tudo o que existia era a tela preta do meu celular e o silêncio aterrorizante do outro lado da linha.

Lucas e Sofia ficaram parados, chocados com a minha reação.

Eu caí de joelhos, a dor no tornozelo se tornando irrelevante diante do abismo de pânico que se abriu no meu peito. Minha mãe. Eles tinham machucado a minha mãe.

A vingança deixou de ser um jogo. Deixou de ser sobre uma bolsa de estudos ou sobre orgulho ferido.

Agora, era sobre sangue.

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