Casamento de Aparências, Amor Real?
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Capítulo 4

O silêncio de Pedro foi a sentença final. Ele olhou para Sofia, não com amor ou pena, mas com a irritação de quem se livra de um problema inconveniente. Seus punhos estavam cerrados, o maxilar travado. A beleza de uma mulher chorando depende muito do momento, e aquele definitivamente não era o momento de Sofia.

"Eu te dei uma chance, Sofia. Eu te avisei", a voz de Pedro era fria, desprovida de qualquer emoção. "Você não só me desrespeitou, como tentou atacar a minha esposa na minha casa."

"Mas, Pedro, eu te amo!", ela soluçou, um último apelo desesperado.

"Amor não te dá o direito de destruir minha vida. Acabou." Ele se virou para os seguranças que já estavam no corredor. "Tirem-na daqui. E garantam que ela não chegue perto desta casa ou da minha família nunca mais."

Ele nem olhou para trás quando os seguranças a agarraram pelos braços. Ele simplesmente se virou e saiu, o som dos soluços dela ecoando pelo corredor.

Eu observei tudo, calma. A vitória era silenciosa e absoluta. Quando Sofia foi arrastada para fora, passei pela sala de estar, onde algumas socialites que tinham vindo para uma reunião de caridade comigo cochichavam entre si. Elas eram como abutres, sempre prontas para se deliciar com o escândalo.

Uma delas, Bruna, uma mulher ambiciosa cujo marido era um empresário em ascensão, aproximou-se de mim com um ar de falsa solidariedade. "Que situação terrível, Maria Clara. Essa garota é completamente desequilibrada."

Eu sorri para ela, um sorriso que não alcançou meus olhos. "O lixo foi levado para fora. Agora podemos voltar aos assuntos importantes." Eu sabia que Bruna poderia ser útil. Ela era bonita, não muito inteligente e ansiosa para subir na vida social. O tipo perfeito para manter Pedro distraído e longe de problemas maiores. "Bruna, querida", acrescentei, "você tem visto o novo centro equestre? Ouvi dizer que é maravilhoso. Talvez você e Pedro pudessem ir conhecer um dia. Ele adora cavalos."

Os olhos de Bruna brilharam com a oportunidade. Ela corou e respondeu suavemente: "Seria uma honra, Maria Clara."

Eu estava plantando sementes, tecendo uma nova rede de controle. A crise de Sofia me ensinou que eu precisava ser mais proativa na gestão do meu marido.

As semanas seguintes foram de calmaria. As fofocas sobre Sofia morreram, substituídas por fotos de Pedro e Bruna em eventos sociais, sempre com a minha aprovação tácita. Eu me concentrei no trabalho, fechando o acordo com os japoneses e lançando a coleção mais aclamada da minha carreira. O escândalo, no fim, só fortaleceu minha imagem: a da mulher poderosa, digna e inabalável que permanecia firme ao lado do marido, mesmo diante da traição.

Até que, numa tarde chuvosa de terça-feira, o porteiro me ligou.

"Dona Maria Clara, a senhorita Sofia está aqui no portão. Ela insiste em falar com a senhora. Ela diz... diz que está grávida."

Eu senti o chão sumir por um instante. Grávida. Essa era a única carta que eu não tinha previsto. A única arma que poderia realmente mudar o jogo.

Pedi para abrirem o portão. Ela entrou, não mais a garota assustada, mas uma mulher com um brilho febril de triunfo nos olhos. Ela usava um vestido justo que, embora ainda não mostrasse uma barriga visível, era claramente uma declaração. Ela parou na minha frente na sala de estar, a mão protetoramente sobre o ventre.

"Surpresa", ela disse, com um sorriso desafiador. "Parece que o seu 'contrato' não previa um herdeiro."

Eu a olhei, a mente trabalhando a mil por hora. Raiva, pânico, medo... eu enterrei tudo isso sob uma máscara de indiferença.

"Um filho não muda o fato de que você não é bem-vinda aqui, Sofia."

"Oh, eu acho que muda tudo", ela riu. "Este bebê é um Velasco. O filho do grande Pedro. Você acha que ele vai deixar o próprio filho crescer longe dele? Você acha que a mídia e os patrocinadores vão gostar da história da esposa rica e malvada que expulsou a mãe grávida do herdeiro do craque?"

Ela estava certa. A narrativa havia mudado. Ela não era mais a amante louca, era a mãe vulnerável.

Eu respirei fundo. "O que você quer, Sofia?"

"O que é meu por direito. O lugar ao lado do Pedro. Eu serei a mãe do filho dele. Você será a ex-esposa. É simples assim."

Eu quase ri da ingenuidade dela. Ela ainda achava que se tratava de posições sentimentais. Ela não entendia que meu lugar não era definido pelo afeto de Pedro, mas pela minha própria fortuna, minhas conexões, meu sobrenome.

"Você pode ter o filho dele", eu disse, a voz calma. "Mas você nunca terá o meu lugar. Você não tem estômago para ele."

Decidi, mais uma vez, adotar uma estratégia de contenção. Publicamente, eu seria a esposa compreensiva. Ordenei que permitissem que Sofia ficasse, não na casa principal, mas numa pequena edícula nos fundos da propriedade. Dei-lhe acesso a médicos, mas cortei qualquer acesso a Pedro ou ao meu círculo social. Ela poderia ter o bebê, mas viveria numa gaiola dourada, sob meu controle.

"Você pode ficar", eu disse a ela. "Terá tudo o que precisa para uma gravidez saudável. Mas não pense, nem por um segundo, que isso te dá algum poder aqui. Você é uma incubadora, Sofia. Nada mais."

Ela me olhou com ódio, mas aceitou. Ela não tinha outra escolha.

Naquela noite, eu me sentei na varanda, olhando para as luzes da cidade. Eu me sentia cansada. Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti vulnerável. Aquele bebê era uma complicação real. Mas, enquanto olhava para a piscina iluminada e para os jardins perfeitamente cuidados da minha casa, a lição da minha mãe voltou a mim. "Construa seu próprio castelo". Meu castelo ainda estava de pé. E eu o defenderia com unhas e dentes. Eu só precisava de uma nova estratégia, uma nova arma. E eu já sabia qual seria.

                         

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