"Laura! Que surpresa! Veio me parabenizar pelo meu... sucesso?"
Laura a ignorou. Seus olhos varreram o camarim, pousando em uma arara onde pendiam mais cinco peças. Cinco dos seus designs exclusivos, roubados e prontos para serem apresentados como parte da "coleção de estreia" de Sofia.
Sem uma palavra, Laura caminhou até a arara. Ela pegou o primeiro vestido, um modelo de veludo esmeralda, e rasgou-o de cima a baixo com as próprias mãos. O som do tecido se partindo silenciou o camarim.
Sofia gritou. "O que você está fazendo? Você ficou louca?"
Laura pegou o segundo vestido, um de organza delicada, e o encharcou com uma garrafa de vinho tinto que estava sobre a mesa. Ela se virou para Sofia, os olhos faiscando.
"Louca?", repetiu Laura, a voz perigosamente calma. "Eu estou apenas recuperando o que é meu. Ou melhor, destruindo o que você roubou".
Ela continuou, metódica e implacável, destruindo cada peça. Rasgando, manchando, desfigurando cada design que ela havia criado com tanto amor e dedicação. A equipe de Sofia e os jornalistas assistiam, paralisados, filmando tudo com seus celulares.
"Pare! Socorro! Alguém pare essa mulher!", berrava Sofia, seu rosto contorcido de raiva e pânico.
Foi quando João irrompeu no camarim, o rosto vermelho de fúria.
"Laura! Pelo amor de Deus, o que significa isso?"
Ele correu para o lado de Sofia, colocando um braço protetor ao redor dela, que começou a chorar histericamente em seu peito. A cena era tão grotesca, tão insultuosa, que Laura sentiu um riso amargo escapar de seus lábios.
"Significa que a festa acabou, João", disse ela, a voz gotejando desprezo. "Significa que você escolheu o seu lado. E agora vai arcar com as consequências".
Ela olhou para o casal patético à sua frente. Ele, o traidor. Ela, a ladra. Perfeitos um para o outro.
"Você não pode fazer isso!", gritou João. "Temos contratos, temos uma marca!"
"Nós tínhamos uma marca", corrigiu Laura, friamente. "Agora, você tem... ela. Boa sorte construindo um império com uma fraude".
O olhar de João mudou de raiva para um pânico mal disfarçado. Ele sabia do que Laura era capaz. Ele sabia que a alma da empresa era ela.
Laura se virou, ignorando os dois. No chão, em meio aos destroços, estava o que restou do "Coração da Meia-Noite". Com uma delicadeza surpreendente, ela se abaixou e recolheu o tecido rasgado. Ela o segurou contra o peito como se fosse uma criança ferida.
Ao sair do camarim, passando pelo corredor silencioso e chocado, uma memória a atingiu com força. O dia em que ela e João assinaram os papéis para abrir a empresa. Eles eram jovens, cheios de sonhos. Ele a abraçou e disse: "Seremos nós contra o mundo, meu amor. Sempre".
Lágrimas silenciosas finalmente escorreram pelo rosto de Laura, mas não eram de tristeza. Eram de luto. Luto por um amor que ela percebeu que nunca existiu de verdade. O homem que ela amava estava morto. Em seu lugar, havia apenas um estranho ganancioso e sem escrúpulos.
E ela iria destruir esse estranho.