Coração da Meia-Noite Quebrado
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Capítulo 4

"Ultrapassada?", disse Laura, parando a poucos metros de Sofia. Sua voz era suave, mas cortava o ar como vidro. "Medrosa?"

Sofia engoliu em seco, tentando recuperar a compostura.

"Laura. O que você está fazendo aqui? Você não trabalha mais para esta empresa".

"Eu não trabalho para você, garotinha", corrigiu Laura, o desprezo evidente. "E esta empresa, que eu construí com meu suor e meu sangue, ainda leva meu nome na porta. Então, acho que tenho o direito de visitar".

Ela se aproximou mais, invadindo o espaço pessoal de Sofia. "Você fala de ousadia, de quebrar regras. Mas você não quebra regras, você as rouba. Você é uma parasita, se alimentando do talento dos outros porque não tem nenhum próprio".

"Isso não é verdade!", gaguejou Sofia, recuando um passo. "Eu tenho talento! João viu isso em mim!"

"João viu uma oportunidade barata", retrucou Laura. "E você foi estúpida o suficiente para acreditar que era por seu mérito".

A raiva finalmente superou o medo de Sofia.

"Você é só uma mulher amarga e ciumenta! Seu tempo passou! Saia do meu ateliê!"

No momento em que a palavra "meu" saiu da boca de Sofia, algo em Laura estalou. Com um movimento rápido e preciso, ela agarrou o pulso de Sofia. A força de seu aperto fez Sofia ofegar de dor.

"Seu ateliê?", sibilou Laura, o rosto a centímetros do de Sofia. "Nunca mais repita isso. Cada centímetro deste lugar foi pago com a minha criatividade. Você está apenas poluindo o ar com sua mediocridade".

Ela apertou mais forte, e Sofia choramingou.

"Você me machuca!"

"Isso não é nada comparado ao que eu vou fazer com sua carreira", disse Laura, a voz mortalmente séria. "Vou garantir que você nunca mais consiga desenhar nem mesmo um botão nesta indústria. Vou te apagar".

"LAURA!"

A voz de João ecoou pela sala. Ele entrou correndo, novamente vindo em socorro de sua protegida. Ele agarrou o braço de Laura, tentando forçá-la a soltar Sofia.

"Solte-a! Agora!"

Laura soltou o pulso de Sofia com um empurrão desdenhoso, e a garota correu para trás de João, como uma criança assustada.

"Sempre o cavaleiro de armadura brilhante", zombou Laura, virando-se para o ex-marido. "Você realmente não se cansa de defender uma ladra?"

"Ela é a nova diretora de criação! Você precisa mostrar respeito!", disse João, a voz tensa.

Laura riu, um som sem alegria. "Respeito? João, você se lembra do que é respeito? Você se lembra de quando prometeu me respeitar, me honrar, na frente de duzentos convidados no nosso casamento?"

O rosto de João empalideceu. Ele tentou suavizar o tom.

"Laura, não vamos trazer o passado para isso. Podemos ser profissionais. Pelo bem da empresa..."

"Não existe 'nós'", cortou Laura, friamente. "E não existe 'empresa' que me interesse aqui. Eu vim apenas para dar um aviso". Seus olhos se fixaram em João, gelados e firmes. "Eu te dei dez anos da minha vida e do meu talento. Você jogou tudo no lixo por... isso". Ela gesticulou com desdém na direção de Sofia. "Esta é a sua última chance. Demita-a. Peça desculpas publicamente. Talvez eu considere deixar as ruínas desta empresa para você".

João olhou de Laura para Sofia, o conflito visível em seu rosto. Mas a arrogância venceu.

"Você não está em posição de fazer exigências, Laura".

Laura assentiu lentamente. "Tudo bem. Você fez sua escolha".

Ela se virou para sua ex-equipe, que assistia a tudo em silêncio.

"A partir de hoje", anunciou ela, a voz ressoando com autoridade, "qualquer designer, fornecedor ou modelo que trabalhar com Sofia Rossi terá as portas fechadas para mim e para qualquer projeto futuro que eu venha a criar. A escolha é de vocês".

Ela se virou e saiu, deixando para trás um silêncio atordoado e o cheiro de guerra declarada.

                         

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