Em seguida, ela contatou todos os seus fornecedores exclusivos de tecidos, os artesãos que trabalhavam em seus bordados, os ateliês parceiros. Pessoalmente. Um por um. Ela não precisou pedir muito. Sua reputação e lealdade construídas ao longo de anos falaram por si. Em 48 horas, todos os contratos de exclusividade com a empresa de João foram rescindidos. A espinha dorsal da produção de alta-costura da marca foi quebrada.
João, em vez de recuar, dobrou a aposta. Em um movimento que chocou a todos, ele nomeou Sofia como a nova Diretora de Criação da empresa. A notícia chegou a Laura através de sua secretária, Clara, que agora trabalhava remotamente para ela.
"Senhora Laura... ele a promoveu. Sofia é a nova chefe de design".
Laura estava em seu novo ateliê improvisado, um loft espaçoso que ela alugou no centro da cidade. Ao ouvir a notícia, um sorriso frio e sem alegria curvou seus lábios.
"Claro que ele fez", murmurou ela. "Ele precisa tentar provar que não precisa de mim. Que ela é o futuro".
Mas ela sabia a verdade. Sofia não tinha talento, apenas ambição. E João não tinha visão, apenas ganância.
Laura terminou de esboçar um novo design, uma peça ousada e radicalmente diferente de tudo que já havia feito. Ela sentiu uma centelha de sua antiga paixão retornar, mas agora era alimentada por uma nova energia: a vingança.
Ela decidiu que era hora de uma visita.
No dia seguinte, Laura entrou no prédio da empresa que um dia chamou de sua. Os funcionários baixaram a cabeça quando ela passou, um misto de medo e respeito em seus olhos. Ela não foi para a antiga sala de João. Foi direto para o andar de design.
A porta do ateliê principal estava aberta. Lá dentro, Sofia estava em pé em uma plataforma, discursando para a equipe de design, agora apreensiva e desmotivada. Laura parou no batente da porta, sem ser vista, e ouviu.
"... e é por isso que a visão de Laura estava ultrapassada!", dizia Sofia, a voz estridente. "Ela era muito apegada ao passado, muito medrosa para inovar. Eu vou trazer uma nova era para esta marca! Uma era de ousadia, de quebra de regras! João confia em mim, e vocês também deveriam. O futuro sou eu!"
A arrogância era tão palpável que Laura quase riu. O futuro? Aquela garota mal sabia segurar uma agulha corretamente.
Laura deu um passo para dentro da sala. O som de seus saltos no chão polido fez com que todas as cabeças se virassem. O discurso de Sofia morreu em sua garganta.
O silêncio na sala era pesado. Laura caminhou lentamente em direção a Sofia, seus olhos nunca deixando os da jovem. A cada passo que dava, Sofia parecia encolher, a falsa confiança se esvaindo como ar de um balão furado.