A Maldição do Diamante
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Capítulo 2

O caos do salão se tornou um zumbido distante. Seguranças me escoltaram para uma sala privada nos fundos, longe dos flashes e dos sussurros. Minha mãe tentava me consolar, mas suas palavras não me alcançavam. Eu estava presa em um vácuo de choque e fúria.

A porta se abriu de repente.

Era Sofia. Sozinha.

Ela entrou na sala com a arrogância de uma rainha, o colar roubado brilhando em seu pescoço.

"Que noite, não é, irmãzinha?", ela disse, com um sorriso venenoso. "Um pouco dramática demais para o meu gosto, mas imagino que você sempre gostou de ser o centro das atenções."

Eu me levantei, o corpo tremendo.

"O que você fez?", minha voz saiu rouca.

"Eu? Eu só aceitei o amor de um homem que finalmente percebeu que estava com a mulher errada", ela respondeu, passando os dedos pelo colar. "E que belo presente de noivado, não acha? Pedro tem um gosto excelente. Ou devo dizer, você tem."

A provocação era clara, afiada.

"Ele me amava", eu disse, me agarrando a uma memória que agora parecia uma mentira. "Ele me prometeu o mundo. Ele disse que eu era a única."

Sofia soltou uma gargalhada.

"Ah, Maria Antônia, tão ingênua. Pedro te deu migalhas, e você achou que era um banquete. Ele precisava de você, da sua carinha de boa moça, do seu 'talento' para reerguer a joalheria da nossa família. Era tudo um negócio. Mas o coração dele... o coração dele sempre foi meu."

Cada palavra era um golpe.

"Você é uma ladra. Esse colar é meu. Esses designs são meus", eu gritei, a raiva finalmente explodindo.

"Eles eram seus", ela corrigiu, se aproximando. "Agora eles fazem parte da nova linha de joias que Pedro e eu vamos lançar. Uma marca muito mais moderna, mais ousada. Com uma influenciadora de verdade como rosto, não uma designerzinha de fundo de quintal."

Eu não aguentei. Avancei na direção dela, com a intenção de arrancar o colar do seu pescoço.

Sofia foi mais rápida. Ela me empurrou com força. Eu perdi o equilíbrio e caí para trás, batendo a cabeça na quina de uma mesa de vidro. Uma dor aguda explodiu na minha nuca, e o mundo girou.

Nesse exato momento, a porta se abriu novamente.

Pedro entrou.

Ele viu a cena: eu no chão, com a mão na cabeça, e Sofia de pé, com uma expressão assustada e falsa.

"O que aconteceu?", ele perguntou, a voz gélida.

"Ela me atacou!", Sofia choramingou, correndo para os braços dele. "Eu só vim tentar conversar, e ela ficou louca! Me acusou de roubar, tentou me agredir!"

Pedro olhou para mim, caído no chão. Não havia um pingo de preocupação em seus olhos. Apenas desprezo.

"Você não se cansa de fazer escândalo, Maria Antônia?", ele disse, com uma frieza que cortava.

Meu mentor, o Sr. Alberto, um joalheiro idoso que trabalhava com minha família há décadas e que me ensinou tudo o que eu sei, entrou correndo na sala.

"Maria! Você está bem?", ele se ajoelhou ao meu lado. "Senhor Pedro, o que está acontecendo aqui? Ela está ferida!"

Pedro nem olhou para ele.

"Alberto", ele disse, a voz baixa e ameaçadora. "Você está demitido. Pegue suas coisas e suma da minha vista. Não quero mais ver seu rosto em nenhuma propriedade minha ou da família Antônia."

"Mas... eu trabalho para a família dela!", Alberto protestou, chocado.

"A família agora sou eu", Pedro declarou. "E eu não tolero funcionários que tomam o lado errado."

Alberto me olhou, os olhos cheios de desespero e lealdade. Ele tentou dizer algo mais, mas os seguranças de Pedro o agarraram pelos braços e o arrastaram para fora da sala.

"Não! Deixem ele em paz!", eu gritei, tentando me levantar, mas a tontura era forte demais.

Pedro se agachou na minha frente, o rosto a centímetros do meu.

"Isso é para você aprender, Maria Antônia", ele sussurrou. "Toda ação tem uma consequência. Fique no seu lugar, e talvez eu te deixe em paz. Tente lutar, e eu vou tirar tudo de você. Uma pessoa de cada vez."

Ele se levantou, ajeitou o paletó e saiu da sala com Sofia em seus braços, deixando-me ali, no chão frio, com a dor na cabeça e um buraco ainda maior no peito.

Na manhã seguinte, recebi uma ligação.

A polícia.

Houve um acidente de carro durante a madrugada. Um motorista bêbado, disseram. O carro pegou fogo.

A vítima era o Sr. Alberto.

            
            

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