A Maldição do Diamante
img img A Maldição do Diamante img Capítulo 4
5
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 4

Os dias que se seguiram foram um inferno silencioso. Eu me tornei uma prisioneira em minha própria casa. Pedro designou seguranças para me vigiar 24 horas por dia, sob o pretexto de "me proteger". Na verdade, era para me controlar.

E então, Sofia se mudou.

Ela desfilava pela casa como se sempre tivesse pertencido ali, usando minhas roupas, sentando-se no meu lugar à mesa. Ela tinha um exército de funcionárias, suas "assistentes", que a seguiam por toda parte, rindo de suas piadas sem graça e agindo como suas espiãs pessoais, reportando a ela cada movimento meu.

A provocação era constante, calculada.

Uma tarde, entrei no meu antigo ateliê. Estava quase vazio. Eles haviam levado quase tudo. Mas em um canto, sobre uma mesa empoeirada, estava a minha primeira caixa de ferramentas de joalheria. Um presente do meu pai, quando eu tinha quinze anos. Dentro dela, entre as ferramentas gastas, havia um pequeno medalhão de prata que eu mesma fiz, com as iniciais dele gravadas. Era a coisa mais preciosa que eu tinha.

Sofia entrou na sala, seguida por suas assistentes.

"Nossa, que cantinho deprimente", ela disse, olhando ao redor com desdém. "Ainda apegada a essas velharias?"

Ela caminhou até a mesa e pegou a caixa de ferramentas.

"O que é isso? Parece lixo."

"Não toque nisso", eu disse, a voz baixa e firme.

Ela sorriu, um sorriso de desafio. Abriu a caixa e pegou o medalhão.

"Ah, que coisinha bonitinha. Acho que vou ficar com ele. Talvez eu possa derretê-lo para fazer algo mais... moderno."

"Solte isso, Sofia. Agora", eu avisei, sentindo o controle escapar.

Ela riu e jogou o medalhão para o alto, pegando-o no ar.

"Ou o quê? Vai chorar para a mamãe? Ah, espere. Você não tem mais ninguém para quem chorar, não é?"

Aquilo foi o fim.

Uma fúria cega tomou conta de mim. Eu avancei, não para pegar o medalhão, mas para pegá-la. Eu a agarrei pelos cabelos e a joguei no chão. As assistentes gritaram, mas não se atreveram a se aproximar.

Sofia tentou lutar, mas o ódio me deu uma força que eu não sabia que possuía. Eu a segurei contra o chão com uma mão e com a outra peguei o medalhão.

"Você não vai tocar em mais nada que é meu", eu sibilei, o rosto a centímetros do dela.

Com o medalhão seguro na minha mão, a raiva procurou outra válvula de escape. Meus olhos pousaram nos sapatos caríssimos dela, um presente de Pedro. Sem pensar, peguei um alicate pesado da minha caixa de ferramentas.

"Você gosta tanto de coisas bonitas, não é?", eu disse, a voz perigosamente calma.

Antes que ela pudesse reagir, eu prendi o salto agulha do seu sapato com o alicate e, com toda a minha força, o quebrei. O som do estalo ecoou na sala silenciosa.

Sofia gritou, mais de choque e humilhação do que de dor.

"Você está louca! Você vai me pagar por isso! Pedro!", ela berrou, começando a chorar, a performance de vítima começando instantaneamente.

Eu me levantei, o alicate ainda na mão, olhando para ela no chão. Naquele momento, eu não senti remorso. Senti poder.

E, como se invocado por seus gritos, Pedro apareceu na porta.

Ele viu Sofia no chão, chorando histericamente, o salto quebrado ao lado dela. Ele viu o alicate na minha mão. E seu rosto se transformou em uma máscara de fúria.

Ele não disse uma palavra.

Ele simplesmente atravessou a sala em três passadas largas e me deu um tapa.

O golpe foi tão forte que me jogou contra a parede. Minha cabeça bateu com um baque surdo e eu deslizei para o chão, a visão escurecendo. A última coisa que ouvi foi a voz de Pedro, cheia de uma raiva que eu nunca tinha ouvido antes.

"Eu te avisei para não me desafiar."

Depois, tudo ficou preto.

                         

COPYRIGHT(©) 2022