As chamas lambiam nosso apartamento de luxo, o ar pesado de fumaça.
Eu estava caída no chão, com Patrícia, a ex-namorada do meu marido, ao meu lado.
Quando o resgate chegou, ouvi a voz dele, Ricardo, gritando lá de baixo: "Salvem a Patrícia primeiro! Minha esposa, Ana Paula, tem a consciência de se sacrificar! Ela entenderá!"
Aquelas palavras me atingiram como brasa, revelando uma memória de outra vida: um desastre idêntico, mas naquela vez, grávida, ele me salvou, e Patrícia morreu.
Agora, Ricardo tinha sua segunda chance, e eu era o "erro" a ser corrigido.
Ele nem olhou para mim, correndo em direção aos bombeiros, apontando para Patrícia.
Meu marido, o pai do filho que crescia em mim, estava me sentenciando à morte.
No hospital, ele veio com Patrícia, radiante, sem um arranhão sequer, para me humilhar e me acusar de ciúme.
Ela jogou na minha cara que se mudaria para o apartamento ao lado.
Eu estava destruída, mas uma clareza gelada tomou conta de mim: eu tinha que sair dali, mas não como vítima.
Eu ia viver. Por mim. Pelo meu filho.
Ele roubou minha vaga na universidade para dar a ela, me expulsou de casa.
Mas o que ele não sabia é que já era tarde.
Eu já havia tramado minha vingança e assinado meu divórcio.
No dia do vestibular, eles tentaram me parar, Patrícia até me empurrou, mas o Comandante Silva, meu aliado, apareceu.
Ele revelou o divórcio e a fraude de Ricardo.
Eu o encarei, dei um tapa em seu rosto e entrei para fazer a prova.
Patrícia, desmascarada, surtou e foi banida.
Eu passei, com a maior nota do curso.
Ricardo se desculpou, chorou, implorou uma nova chance.
"Não, Ricardo. Não podemos. Eu vou criar minha filha sozinha", eu disse.
E segui em frente, deixando-o para trás, com o peso do que ele perdeu.