O Jogo Proibido do Ricardo
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Capítulo 3

A noite se arrastou em um silêncio pesado.

Pela manhã, o sol entrou pela janela da cozinha, iluminando a bagunça no chão e a exaustão em nossos rostos.

Ouvi passos se aproximando. A chave girou na fechadura e a porta se abriu.

Era Clara.

Ela usava um dos meus roupões de seda, o que Ricardo me deu no nosso primeiro aniversário de casamento. Estava descalça, o cabelo loiro bagunçado de quem acabou de acordar. Ela parecia a dona da casa.

Ela nos olhou com um sorriso de escárnio.

"Bom dia, dorminhocas. O rei decretou que vocês podem sair da masmorra."

Isabela, que estava cochilando no meu colo, levantou a cabeça. Seus olhos, ainda inchados de choro, fixaram-se em Clara.

"Tira o roupão da minha mãe", disse Isabela, a voz surpreendentemente firme para uma criança.

Clara riu, uma risada debochada.

"Que gracinha. Defendendo a mamãe fracassada. Você deveria aprender a me respeitar. Logo, logo, eu serei a única mãe que você terá."

A raiva brilhou nos olhos de Isabela.

"Você nunca vai ser minha mãe! Você é má!"

Antes que eu pudesse reagir, Isabela se levantou e empurrou Clara com toda a sua força. Foi um empurrão de criança, desajeitado, mas cheio de fúria.

Clara mal se moveu, mas fingiu desequilíbrio, soltando um grito agudo.

"Ricardo! Socorro! Essa selvagem está me atacando!"

Ricardo apareceu na porta da cozinha em segundos, o rosto uma máscara de preocupação por sua amante. Ele viu Isabela parada, desafiadora, e Clara se fazendo de vítima.

Ele não hesitou.

Ele marchou até Isabela e agarrou seu braço com força.

"O que você pensa que está fazendo?"

"Ela me xingou, papai! Ela disse que..."

"Cala a boca!", ele gritou, e o som da sua mão batendo na bochecha pequena de Isabela ecoou na cozinha.

Um tapa.

Ele bateu na nossa filha.

O mundo pareceu parar. Vi a marca vermelha se formando no rosto de Isabela. Vi a surpresa e a dor em seus olhos antes que eles se enchessem de lágrimas.

Ela não chorou alto. Apenas um soluço baixo escapou de seus lábios.

Um monstro.

Eu me levantei, o corpo tremendo de uma raiva que eu nunca tinha sentido antes. Uma fúria primitiva, de mãe.

"Ricardo!", minha voz saiu como um rugido. "O que você fez? Você enlouqueceu? Você bateu na sua própria filha!"

Ele me olhou, os olhos injetados de sangue.

"Ela precisa aprender a respeitar os mais velhos. Ela precisa aprender a respeitar a Clara."

Clara se escondeu atrás dele, espiando por cima do ombro dele com um sorriso triunfante.

"Tudo isso é sua culpa, Sofia. Você a está transformando em um monstro, igual a você."

Eu ignorei a mulher. Meus olhos estavam fixos em Ricardo.

"Acabou, Ricardo", eu disse, a voz fria e cortante. "Eu quero o divórcio."

A palavra pairou no ar, carregada de finalidade.

Ricardo riu. Uma risada amarga, cruel.

"Divórcio? Você está sonhando, Sofia. Você não vai a lugar nenhum."

Ele se aproximou de mim, seu rosto a centímetros do meu.

"Você acha que eu vou te dar a metade de tudo que eu construí? Você vai ficar aqui. Nesta casa. E vai me servir. Você e essa sua cria. Eu vou fazer da sua vida um inferno. Um inferno que você nunca vai esquecer. Você vai me implorar para morrer, e eu não vou deixar."

Ele se virou e saiu da cozinha, puxando Clara pela mão.

Isabela correu para os meus braços, enterrando o rosto choroso na minha barriga. Eu a envolvi, beijando o topo da sua cabeça, sentindo o cheiro do seu cabelo.

A marca vermelha em seu rosto era um testamento da brutalidade dele.

A ameaça dele ecoava em minha mente.

Um inferno.

Ele estava enganado. O inferno não era o que ele ia criar. O inferno era o que eu já estava vivendo.

E eu ia sair dele. Custe o que custar.

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