O Jogo Proibido do Ricardo
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Capítulo 4

Ricardo cumpriu sua promessa. Ele não nos trancou mais na cozinha, mas transformou a casa inteira em uma prisão.

Ele e Clara agiam como se eu e Isabela fôssemos invisíveis. Fantasmas em nossa própria casa.

Naquela tarde, eles se sentaram no sofá da sala, o mesmo sofá onde eu costumava ler histórias para Isabela.

Clara sentou-se no colo de Ricardo, e eles começaram a se beijar. Beijos longos, barulhentos, cheios de uma paixão performática.

Eu estava parada perto da escada, com Isabela segurando minha mão com força. Eu queria cobrir os olhos dela, levá-la para longe, mas não havia para onde ir. Cada cômodo da casa estava contaminado pela presença deles.

Ricardo abriu os olhos no meio do beijo e me encarou. Havia um desafio em seu olhar, um prazer sádico em me fazer assistir àquela cena.

Ele queria me quebrar. Queria me ver chorar, implorar.

Mas ele não veria.

Eu desviei o olhar e me concentrei em Isabela.

"Vamos para o seu quarto, meu amor. Vamos desenhar."

Ela assentiu, o rostinho sério demais para sua idade.

Enquanto subíamos as escadas, ouvi a risada de Clara.

"Ela é tão patética. Nem consegue lutar pelo próprio marido."

Ricardo respondeu algo baixo, e eles riram juntos.

No quarto de Isabela, o ar parecia um pouco mais limpo. Mas a humilhação nos seguiu.

Pouco depois, ouvi a voz de Ricardo no corredor, dando ordens a dois homens que eu não conhecia.

"Quero que tirem tudo deste quarto. Os móveis, os brinquedos, tudo. Vamos transformar isso em um closet para a Clara. O quarto dela é muito pequeno."

Ele estava falando do quarto de hóspedes, onde Isabela estava dormindo desde que ele a expulsou do nosso. Não, do quarto dele.

Meu sangue gelou. Ele ia apagar a existência da nossa filha dentro da casa.

Isabela ouviu. Seus olhos se arregalaram.

"Mamãe, eles vão levar minhas bonecas?"

Eu me ajoelhei na frente dela, segurando seus ombros.

"Não se preocupe, meu amor. Suas bonecas vão ficar seguras comigo."

Mas por dentro, eu estava em pânico. Isso era mais do que crueldade. Era uma guerra psicológica. Ele estava destruindo metodicamente cada pedaço da nossa vida, cada memória, cada santuário.

Os homens entraram no quarto sem nem mesmo bater. Eles começaram a desmontar a pequena cama de princesa de Isabela.

Eu me mantive calma. Por fora.

Por dentro, uma tempestade se formava. Eu não estava mais apenas triste ou magoada. Eu estava pensando. Calculando. Procurando uma saída.

Cada humilhação, cada ato de crueldade, não me quebrava. Pelo contrário. Estava forjando meu coração em aço.

Ele achava que estava me destruindo, mas estava apenas me dando mais motivos para lutar. Mais motivos para planejar minha fuga.

Eu abracei Isabela enquanto os homens levavam seus móveis embora, deixando o quarto vazio e desolado. Eu a abracei e sussurrei em seu ouvido.

"Isso não vai durar para sempre, meu amor. Eu prometo. Nós vamos sair daqui."

E pela primeira vez em muito tempo, eu não estava apenas tentando confortá-la.

Eu estava fazendo uma promessa para mim mesma.

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