Sem se intimidar, Dayna inclinou a cabeça levemente, sua expressão calma e inabalável. Seus traços naturalmente marcantes estavam tocados por uma delicada vulnerabilidade, o que a deixava perturbadoramente bela.
"E se eu te dissesse... que posso te ajudar a andar novamente?"
Essa proposta pegou o homem desprevenido, levando sua expressão a se alterar por um milésimo de segundo, enquanto sua mão apertava o braço da cadeira com força.
Por acaso ela enlouqueceu?
Ou pior, será que era algum tipo de joguinho cruel para lhe dar esperanças, só para arrancá-las depois?
Qual era o jogo dela agora?
A fúria borbulhava sob a pele de Kristopher, pulsando nas suas têmporas.
Antes que ele pudesse dizer uma palavra, Dayna saiu da cama e se abaixou na frente dele.
"Aceite o acordo, e eu prometo que você verá resultados em três meses", ela disse num tom suave, então estendeu a mão em direção à perna dele.
Porém, no instante em que as pontas dos seus dedos estavam prestes a tocá-lo, Kristopher reagiu instintivamente e, com a velocidade de um relâmpago, agarrou seu pulso, o apertando com tanta força que a fez estremecer.
Dayna o encarou com os olhos arregalados, mas completamente destemidos.
"O que diabos você pensa que está fazendo?", ele sibilou entre dentes cerrados, sem conseguir conter a fúria que fervilhava por dentro.
Compaixão fingida? Truquinhos perversos? Mais mentiras? Ele não aceitaria nada disso.
O aperto do homem se intensificou, forte o suficiente para deixar marca.
Sufocada pela presença dele, Dayna lutava para respirar. Seus cílios estavam trêmulos, e seu rosto já pálido parecia mais frágil agora, os olhos ligeiramente vermelhos denunciando que ela estava no limite, mas tentando ao máximo se manter sob controle.
Nesse momento, algo atingiu Kristopher profundamente, e ele empurrou a mão dela com um grunhido.
Ela cambaleou com o gesto brusco, mas logo se firmou, dessa vez conseguindo tocá-lo num movimento ágil.
Seus dedos delicados pressionavam com confiança e firmeza os principais pontos nervosos da panturrilha dele, como se ela conhecesse minuciosamente o corpo humano.
Então, algo inacreditável aconteceu: uma sensibilidade percorreu a perna de Kristopher - aguda, eletrizante e vívida, fazendo as sobrancelhas dele se erguerem em descrença.
Ele podia sentir sua perna! Essa sensação era totalmente real, e resultado da ação de Dayna!
"E então? Como se sente, senhor Hudson?", ela perguntou, o observando com uma segurança serena.
Em vez de responder de imediato, Kristopher apenas a encarava como se a estivesse vendo pela primeira vez, sem saber se ela era uma mentirosa, uma curandeira ou ambas.
Por fim, a voz dele ecoou, baixa e equilibrada: "O que quer em troca?"
Diante da pergunta, os olhos de Dayna se enrijeceram e ela assumiu um tom abafado, mas com uma ira há tempos enterrada. "Me ajude a destruir o Grupo Foster e recuperar tudo o que foi roubado da minha mãe."
Dayna realmente estava pedindo para ele destruir o Grupo Foster?
Uma risada breve e sem humor escapou dos lábios de Kristopher. "Você quer que eu acabe com o império do seu querido marido? Por acaso isso é mais um dos seus joguinhos distorcidos? Não se esqueça de que você me traiu uma vez. Lembra daquele projeto que você desistiu e entregou a Declan? Me custou dezenas de bilhões. Acha que essa facada nas minhas costas não foi profunda o suficiente?"
Dayna abaixou a cabeça, seus cílios tremendo levemente. Ela preferiu não discutir, já que nenhum argumento poderia desfazer o passado.
Na verdade, aquele prejuízo deveria ter sido apenas um ponto no radar do Grupo Hudson, mas com o sumiço de Kristopher após o fracasso do projeto, a empresa cancelou todos os acordos em conjunto, e as desavenças aumentaram a partir daí.
Foi então que o Grupo Foster se infiltrou, aproveitando o caos como uma oportunidade e surgindo da noite para o dia como uma potência empresarial.
De qualquer forma, ela não queria voltar no tempo, pois esse passado era tóxico demais para ser relembrado.
Com uma convicção serena e um olhar lúcido, ela disse: "Me dê três meses, e eu farei você andar novamente. É tudo que peço."
Kristopher ainda estava imóvel, seu semblante impossível de se interpretar.
Dayna mordeu o lábio, não querendo abrir mão dessa oportunidade. "Se não acredita em mim, podemos redigir um contrato, informando que se eu não conseguir fazer isso, terei que..."
Ela mal havia concluído seu raciocínio quando a voz de Kristopher interrompeu bruscamente, dessa vez num tom mais comedido e calculista, mas ainda com um toque de frieza: "Podemos fechar o acordo que você quiser, mas tudo o que preciso de você é um herdeiro."
Essas palavras atingiram Dayna como um tapa, fazendo seus olhos se arregalarem e seu corpo tensionar em descrença.
Um herdeiro? Ele queria dizer... que ela teria de se divorciar de Declan, se casar com ele e ter um filho?
Percebendo a hesitação no olhar de Dayna, Kristopher deu uma risadinha seca e zombeteira.
Era óbvio que ela ainda estava presa a Declan - emocional e mentalmente. Que patético...
"Se não pode cumprir uma única condição, então não há mais nada para conversar."
Com isso, ele girou sua cadeira de rodas e foi em direção à saída.
"Espere!", ela o chamou, o pânico subindo à sua garganta.
Quando se levantou para ir atrás dele, seus joelhos fraquejaram, ainda debilitados demais para sustentá-la. Sua visão ficou turva, e ela pôde sentir seu colapso chegando, veloz e instável conforme seu corpo caía em direção à parede.
Nesse momento, Kristopher agiu por instinto e a segurou pela cintura antes que ela atingisse o chão.
Num piscar de olhos, a distância entre eles se estreitou, e o aroma fresco e amadeirado a envolveu, estranhamente reconfortante e magnético.
De alguma forma, esse cheiro lhe parecia familiar, embora ela não conseguisse identificar de onde já o sentira.
Quando ela olhou para cima, a fúria gélida nos olhos do homem lhe causou um arrepio.
"Já terminou o showzinho?", ele perguntou com rispidez.
Dayna sentiu seu corpo estremecer levemente. Após respirar para recuperar o controle, ela se levantou dos braços dele e deu um passo para trás. "Não, não terminei. Eu ia dizer que concordo com sua condição. Vamos... nos casar."