Traição na Galeria de Arte
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Capítulo 1

A galeria de arte estava lotada, um zumbido de conversas e taças de champanhe se misturava ao som suave de um piano ao vivo, era a noite de abertura da nova exposição, um evento que Sofia planejou por meses.

Ela estava no centro de tudo, não apenas como a anfitriã, mas como a alma do lugar, a galeria era a herança de seu pai, um escultor renomado, e ela carregava esse legado com uma mistura de orgulho e uma responsabilidade esmagadora.

Vestida com um elegante vestido preto, Sofia se movia com uma graça confiante, seu sorriso era profissional, mas genuíno, ela cumprimentava os convidados, discutia as peças com conhecimento de causa e garantia que tudo corresse perfeitamente.

"Sofia, seu pai ficaria incrivelmente orgulhoso."

A voz pertencia a Daniel, um curador de arte respeitado e um velho amigo da família, ele a observava com uma admiração evidente.

"Ele amaria ver a galeria assim, cheia de vida" , respondeu Sofia, seu olhar percorrendo o salão lotado.

Ela então se virou para um homem mais velho ao lado de Daniel, um colecionador importante que ela esperava impressionar.

"Senhor Almeida, que bom que pôde vir, espero que esteja gostando da coleção que selecionamos."

O Senhor Almeida, um homem de negócios astuto com um olhar que não perdia nada, assentiu lentamente, seus olhos passando das esculturas para Sofia.

"A seleção é impecável, senhorita Sofia, mas o que mais me impressiona é a sua paixão, é palpável, você não está apenas vendendo arte, você a vive."

Sofia sentiu um rubor de satisfação, esse era o maior elogio que poderia receber.

"A arte é a minha vida, Senhor Almeida."

"Eu sei" , disse ele, com um tom mais sério, "E é por isso que estou aqui, Daniel me falou muito sobre você, sobre sua visão, não estou aqui apenas para comprar uma peça esta noite, estou aqui para propor uma parceria."

O coração de Sofia acelerou um pouco, uma parceria com Almeida seria um passo gigantesco para a galeria, solidificaria sua posição no cenário artístico nacional.

"Estou ouvindo" , disse ela, mantendo a compostura profissional, sua mente já girando com as possibilidades.

Eles conversaram por vários minutos, Almeida detalhou sua proposta, que era ainda mais generosa do que Sofia poderia ter imaginado, ela se sentia no topo do mundo, a validação de seu trabalho duro, a prova de que ela era mais do que apenas a filha de um artista famoso.

Enquanto ouvia atentamente, sentiu um toque insistente em seu braço, era Pedro, seu namorado.

"Sof, preciso falar com você" , ele sussurrou, seu hálito cheirando a álcool.

Sofia lhe lançou um olhar rápido, misturando carinho com um leve aviso.

"Pedro, agora não, estou em uma conversa importante" , ela murmurou, voltando sua atenção para Almeida.

Mas Pedro não se afastou, ele permaneceu ali, pairando, sua impaciência era quase uma presença física.

"É rápido" , ele insistiu.

Sofia cerrou os dentes discretamente, a interrupção era inoportuna e desrespeitosa, ela deu a Pedro um sorriso forçado e disse ao Senhor Almeida.

"Com licença por um momento."

Ela se afastou alguns passos com Pedro, mantendo a voz baixa e controlada.

"O que foi, Pedro? Você não vê que estou ocupada?"

"Eu só queria te mostrar minha nova peça, está no canto, ninguém está olhando para ela" , ele reclamou, com a voz embargada de autocomiseração.

Sofia suspirou, Pedro era um artista, ou aspirante a artista, e ela o apoiava, mas seu egoísmo às vezes era sufocante.

"Falaremos sobre isso mais tarde, Pedro, esta noite é sobre a exposição, não sobre uma única peça."

Ela estava prestes a se virar e voltar para seus convidados quando algo chamou sua atenção, em um canto mais escuro da galeria, perto da peça de Pedro, estava Mariana, a jovem e ambiciosa assistente dele.

Mariana não estava apenas admirando a obra, ela estava de costas para a maior parte do salão, mas seu corpo estava pressionado contra o de Pedro de uma forma que não era nada profissional, a mão dele estava na parte inferior das costas dela, perigosamente baixa.

Sofia congelou, por um segundo, o barulho da galeria desapareceu, tudo o que ela via era aquela cena, os dois rindo baixinho, compartilhando um segredo, seus corpos muito próximos.

Então, ela viu, claro como o dia.

Pedro se inclinou e sussurrou algo no ouvido de Mariana, ela riu e, em um movimento rápido e furtivo, virou a cabeça e lhe deu um beijo no canto da boca, foi um gesto rápido, quase imperceptível para qualquer um que não estivesse olhando diretamente.

Mas Sofia estava olhando.

O copo de champanhe em sua mão tremeu, o líquido dourado balançando perigosamente perto da borda, o sorriso profissional em seu rosto se desfez, substituído por uma máscara de choque gelado, a conversa sobre parceria, o sucesso da noite, tudo se evaporou.

Naquele instante, só havia a imagem ardente da traição.

            
            

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