Com uma velocidade surpreendente, ela agarrou o pulso de Mariana, sua mão apertando com uma força que desmentia sua aparência elegante, Mariana soltou um pequeno grito de surpresa e dor.
"Peça desculpas" , ordenou Sofia, sua voz baixa, mas carregada de uma autoridade inquestionável.
"O quê? Eu não vou..." , começou Mariana, tentando se soltar.
Sofia apertou mais forte, seus olhos fixos nos de Mariana, sem piscar.
"Você não vai pedir desculpas a mim, você vai pedir desculpas a ele."
Ela gesticulou com a cabeça na direção do Senhor Almeida, que observava a cena, chocado, mas também fascinado.
"Você está no meu estabelecimento, um lugar que meu pai construiu com as próprias mãos, e você insultou meu convidado de honra, um homem que merece mais respeito do que você jamais conhecerá, então, você vai pedir desculpas a ele agora, ou eu vou garantir que você nunca mais trabalhe em nenhuma galeria de arte desta cidade."
A ameaça não era vazia, e todos ali sabiam disso, o nome de Sofia tinha peso, a memória de seu pai tinha poder.
O rosto de Mariana empalideceu, o desafio em seus olhos foi substituído pelo medo, ela olhou para Pedro em busca de ajuda, mas ele estava paralisado, olhando para Sofia como se nunca a tivesse visto antes.
"Eu... eu..." , gaguejou Mariana.
"Agora" , Sofia repetiu, a palavra soando como um tiro.
Com os olhos cheios de lágrimas de raiva e humilhação, Mariana se virou para o Senhor Almeida.
"Me... me desculpe, senhor" , ela murmurou, sua voz quase inaudível.
"Eu não ouvi" , disse Sofia, implacável.
Mariana engoliu em seco e repetiu, mais alto: "Me desculpe, Senhor Almeida, eu fui desrespeitosa."
Sofia soltou o pulso dela, Mariana o massageou, olhando para Sofia com puro ódio.
Sofia a ignorou completamente e se virou para o Senhor Almeida, seu rosto se suavizando instantaneamente, a fúria dando lugar a um pesar profissional.
"Senhor Almeida, eu peço desculpas em nome da minha galeria pelo comportamento deplorável que o senhor presenciou, isso não reflete nossos padrões."
O Senhor Almeida, recuperado do choque, deu um pequeno sorriso.
"Não se desculpe, senhorita Sofia, sua reação foi... impressionante, na verdade, estou ainda mais convencido de que quero fazer negócios com você, uma mulher que protege seus interesses com tanta ferocidade é exatamente o tipo de parceira que eu procuro."
Daniel, que estava ao lado dele, assentiu em concordância, um olhar de profundo respeito em seu rosto.
A validação do Senhor Almeida foi como um bálsamo, mas a noite estava longe de terminar.
"O que diabos você pensa que está fazendo?!" , Pedro finalmente explodiu, sua voz cheia de incredulidade e raiva, "Você a humilhou na frente de todo mundo! Você me humilhou!"
Sofia se virou para ele, seu rosto uma máscara fria.
"Eu humilhei você? Pedro, olhe ao seu redor, você está bêbado, você me acusou de perseguição, você permitiu que sua assistente insultasse meu cliente mais importante, quem você acha que está humilhando quem aqui?"
"Isso é por causa dela, não é? Você está com ciúmes!" , ele insistiu, agarrando-se à sua única explicação.
Sofia soltou uma risada curta e sem alegria.
"Ciúmes? Pedro, por favor, não se dê tanto crédito" , ela disse, sua voz gotejando desprezo, "Você acha que eu arriscaria um negócio multimilionário por causa de um ataque de ciúmes? Você acha que eu me importo o suficiente com o que vocês dois fazem no escuro para criar uma cena como esta?"
Ela se aproximou dele, sua calma mais aterrorizante do que qualquer grito.
"Isto não foi sobre meus sentimentos, isto foi sobre negócios, isto foi sobre respeito, Mariana quebrou uma regra fundamental, ela desrespeitou um cliente, e eu lidei com isso, foi puramente profissional."
A forma como ela disse "puramente profissional" esvaziou qualquer significado pessoal da interação deles, reduzindo o caso deles a uma mera infração de RH.
Pedro ficou boquiaberto, sem palavras, a lógica fria dela o desarmou completamente, ele esperava lágrimas, gritos, uma briga de amantes, não uma execução corporativa.
Sofia deu um passo para trás, seu olhar varrendo ele e Mariana com um distanciamento gelado.
A dor ainda estava lá, enterrada em seu peito, mas na superfície, ela era feita de gelo e aço.