Traição na Galeria de Arte
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Capítulo 4

Sofia se afastou deles, sinalizando para um de seus funcionários.

"Por favor, acompanhe o Senhor Almeida e o Senhor Daniel a uma sala privada, levarei um pouco de champanhe para nós em um minuto."

Ela precisava de um momento para respirar, para processar a magnitude do que havia acontecido, a traição, a briga pública, a decisão que ela sabia que precisava tomar.

Ela se refugiou em seu pequeno escritório nos fundos da galeria, o silêncio era um alívio bem-vindo depois do caos, ela se encostou na porta fechada, fechando os olhos.

Imagens de seu relacionamento com Pedro passaram por sua mente, não os momentos ruins, mas os bons, o início, quando ele era um artista esforçado cheio de sonhos, e ela, recém-saída da dor de perder o pai, viu nele uma paixão pela arte que espelhava a sua.

Ela o apoiou incondicionalmente, usou suas economias e parte da herança para alugar um estúdio para ele, comprou seus materiais, usou seus contatos para apresentá-lo a pessoas influentes.

Ela acreditava nele, ela o amava.

E ele a recompensou com isso, uma traição barata e humilhante com uma assistente ambiciosa em sua própria galeria.

A porta do escritório se abriu de repente, e Pedro entrou, seu rosto estava vermelho, uma mistura de raiva e confusão.

"Nós precisamos conversar" , ele disse, fechando a porta atrás de si.

"Não, não precisamos" , respondeu Sofia, sua voz sem emoção, "Acho que tudo já foi dito."

"Sofia, por favor, eu estava bêbado, eu não sei o que aconteceu lá fora..."

"Você sabe exatamente o que aconteceu, Pedro, eu vi você, eu vi vocês dois."

Ele passou as mãos pelo cabelo em um gesto de frustração.

"Não foi nada! Foi só... uma bobagem, Mariana é só... ela é grudenta, você sabe como ela é."

A tentativa patética de culpar Mariana a enojou.

"Pedro, pare."

"Não! Eu não vou parar! Você está exagerando! Você sempre faz isso, transforma tudo em um drama!" , ele gritou, sua voz ecoando na pequena sala.

Sofia o encarou, uma calma mortal se instalando sobre ela.

"Você quer saber o que eu penso sobre isso, Pedro?" , ela perguntou, sua voz baixa e controlada, "Eu penso que é como encontrar um rato na sua cozinha, você não tenta conversar com o rato, você não tenta entender por que ele está lá, você não discute com a barata que ele trouxe com ele."

O rosto de Pedro se contorceu em confusão e nojo.

"O quê? Do que você está falando?"

"Você simplesmente se livra deles" , continuou Sofia, seus olhos nunca deixando os dele, "Você chama o exterminador, você limpa a casa, você joga fora qualquer comida que eles possam ter tocado, porque a casa está contaminada, e você não pode viver em um lugar sujo."

O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado com o peso da metáfora brutal dela, Pedro finalmente entendeu.

Ele era o rato, Mariana era a barata.

A percepção o atingiu como um soco, a raiva em seu rosto deu lugar a um pânico crescente.

"Sofia... não... não diga isso" , ele sussurrou, dando um passo em sua direção.

Ele estendeu a mão para tocar seu braço, um gesto que já a havia confortado inúmeras vezes antes.

Mas desta vez, Sofia recuou como se ele estivesse em chamas, o toque dele era repulsivo.

"Não me toque" , ela disse, sua voz afiada como vidro quebrado.

Ver a repulsa genuína em seus olhos o quebrou, ele parecia um menino perdido.

"Sofia, eu te amo" , ele disse, as palavras soando desesperadas e vazias.

Sofia olhou para ele, o homem que ela pensava conhecer, e não sentiu nada além de um vazio gelado.

"Não, você não ama" , ela respondeu com uma certeza absoluta, "Você ama o que eu te proporciono, a galeria, o estúdio, o dinheiro, o acesso, você se ama, Pedro, e só."

Ela caminhou até sua mesa, pegou uma caneta e um pedaço de papel.

"Eu quero o divórcio."

A palavra pairou no ar entre eles, final e irrevogável, embora não fossem casados, a palavra "divórcio" carregava o peso da separação total que ela queria.

"Acabou, Pedro" , ela disse, sua voz firme, sem um pingo de hesitação, "Pegue suas coisas e saia da minha galeria, e saia da minha casa."

Ela se virou, dispensando-o, e pegou o telefone para ligar para seu advogado.

A conversa, para ela, estava encerrada.

                         

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