Adeus, Amor de Mentira
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Capítulo 4

Naquela mesma tarde, Lucas chamou Sofia para sua sala e fechou a porta. Ela entrou com uma expressão preocupada, esperando mais más notícias.

"Sente-se, Sofia", disse ele, sua voz calma, mas com uma nova firmeza.

"Lucas, sobre os comentários... nós não deveríamos ter feito aquilo. Agora todos nós estamos na mira dela", disse Sofia, a culpa em sua voz.

"Você não tem que se desculpar por ser leal, Sofia. Pelo contrário." Lucas a encarou. "Eu preciso te fazer uma pergunta, e preciso de uma resposta honesta. Se eu saísse desta empresa, quantos de vocês viriam comigo?"

Sofia ficou em silêncio por um momento, surpresa com a pergunta direta. Então, um sorriso lento se espalhou por seu rosto.

"A pergunta não é quantos, Lucas. A pergunta é quando. Todos nós. Cada um de nós. Nós não trabalhamos para a 'Empresa Ana Clara Design'. Nós trabalhamos para Lucas Silva."

Aquelas palavras foram como um sopro de ar fresco em uma sala abafada. A lealdade que Ana Clara tentou usar como arma era, na verdade, a maior força de Lucas.

"Ótimo", disse Lucas. "Então prepare a equipe. As coisas vão mudar, e rápido."

Assim que Sofia saiu, Lucas pegou seu telefone. Ele rolou por seus contatos até encontrar um nome que não discava há algum tempo: Ricardo Almeida, o CEO da "Almeida & Associados", a maior concorrente da empresa de Ana Clara. Almeida já havia tentado contratar Lucas duas vezes no passado, mas Lucas sempre recusou por lealdade a Ana Clara.

Ele respirou fundo e fez a ligação.

"Almeida falando."

"Ricardo, aqui é Lucas Silva."

Houve uma pausa surpresa do outro lado. "Lucas! Que surpresa agradável. A que devo a honra? Não me diga que finalmente se cansou de fazer sua esposa rica e decidiu vir trabalhar com quem realmente entende de arquitetura?"

A franqueza de Almeida era revigorante.

"Algo assim, Ricardo", disse Lucas. "Sua oferta ainda está de pé?"

"Para você? Sempre. Mas eu sei que você não vem sozinho. Você tem uma equipe, e uma boa equipe."

"A melhor", corrigiu Lucas. "E eu não vou a lugar nenhum sem eles. São sete pessoas no total, incluindo eu."

Lucas podia quase ouvir o sorriso de Almeida através do telefone. "Lucas, eu quero sua equipe inteira. Quero o pacote completo. Diga-me o que você precisa."

"Eu preciso de salários 30% maiores para cada um deles, um bônus de contratação substancial e a garantia de que eles trabalharão nos melhores projetos. Para mim, quero o cargo de Diretor de Design e total autonomia sobre minha equipe."

A resposta de Almeida foi instantânea, sem hesitação.

"Fechado. Mande-me os nomes e os currículos hoje à noite. Meus advogados prepararão os contratos amanhã de manhã. Vocês podem começar na próxima segunda-feira, se quiserem. E Lucas... bem-vindo a bordo. Já estava na hora."

Lucas desligou o telefone e sentiu uma onda de alívio tão intensa que quase o deixou tonto. O peso de anos de manipulação, desvalorização e mentiras estava finalmente sendo levantado de seus ombros. Ele não era um peão no jogo de Ana Clara. Ele era a peça mais importante do tabuleiro, e ele tinha acabado de virar o jogo.

Ele olhou ao redor de sua sala, para os prêmios emoldurados na parede, todos ganhos por seus projetos, mas com o nome da empresa de Ana Clara em destaque. Ele não sentiu nostalgia, apenas uma profunda sensação de desapego. Este lugar não era mais seu lar. Era uma gaiola dourada da qual ele estava prestes a escapar.

Seu futuro não estava mais ligado ao humor de Ana Clara, aos caprichos de seu amante ou a promessas vazias. Seu futuro estava em suas próprias mãos, ao lado de uma equipe que o respeitava e de um chefe que o valorizava.

Naquela noite, depois de enviar os detalhes de sua equipe para Ricardo Almeida, Lucas foi para casa e abriu o cofre que ficava escondido em seu escritório. Lá dentro, junto com seus documentos pessoais, havia uma pasta que ele não tocava desde o dia do casamento.

Ele a tirou. Era o acordo pré-nupcial que eles haviam assinado. Na época, foi ideia de Ana Clara. "É só uma formalidade, querido, para proteger a empresa que estou construindo", ela havia dito. O acordo era simples: em caso de divórcio, os bens adquiridos antes do casamento permaneceriam com seus respectivos donos. Como a empresa estava no nome dela, ela ficaria com a empresa. Tudo o que foi adquirido durante o casamento seria dividido igualmente.

Na época, ele achou justo. Agora, ele via a ironia. O acordo que ela criou para se proteger estava prestes a garantir a liberdade dele. Ele não queria nada da empresa dela. Ele só queria sair.

Com uma determinação fria, ele ligou a impressora e começou a preparar os papéis do divórcio. Não haveria mais discussões, nem mais súplicas, nem mais manipulação. Apenas a lei.

                         

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