Minha Vingança, Nosso Recomeço
img img Minha Vingança, Nosso Recomeço img Capítulo 2
3
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
img
  /  1
img

Capítulo 2

A porta de metal da sala de interrogatório se abriu. Isabella entrou, acompanhada por um policial. Ela usava uma gola alta, mas a marca roxa dos meus dedos ainda era visível em seu pescoço. Seu rosto estava inchado de tanto chorar, uma performance digna de um Oscar.

Ela se sentou na cadeira à minha frente, as mãos tremendo sobre a mesa.

"Lucas," ela começou, a voz um sussurro frágil. "Eu vim retirar a queixa."

Eu apenas a encarei, em silêncio.

"Eu... eu te perdoo," ela continuou, como se estivesse me oferecendo um grande favor. "Sei que você estava estressado com o trabalho. Nós podemos resolver isso. Podemos fazer terapia de casal. Pela Sofia."

A menção do nome da minha filha fez meu estômago revirar. Ela a usava como um escudo, uma ferramenta de manipulação.

Na minha vida passada, eu teria acreditado. Teria me agarrado a essa falsa esperança. Teria pedido perdão, prometido mudar. Teria voltado para casa e caminhado direto para a destruição.

"Não," eu disse, a palavra soando como uma pedra caindo no chão.

Ela piscou, surpresa. "Não? O que você quer dizer com não?"

"Eu não quero o seu perdão. E não quero retirar queixa nenhuma," eu respondi, inclinando-me para a frente. "Eu quero que você prossiga. Quero que isso vá a tribunal."

O choque em seu rosto foi delicioso. Ela não esperava por isso. Seu plano era me assustar, me fazer sentir culpado e depois me controlar com a ameaça de uma acusação.

"Você enlouqueceu? Isso vai arruinar sua carreira!" ela sibilou, a máscara de vítima caindo por um segundo.

"Minha carreira já está arruinada. Você cuidou disso," eu disse calmamente. "Prefiro ficar aqui. Pelo menos aqui eu sei quem são meus inimigos."

Ela me olhou, os olhos estreitos, tentando entender minha estratégia. Ela não conseguia. Para ela, eu ainda era o marido previsível e apaixonado. Ela não podia imaginar o homem renascido do inferno que estava sentado à sua frente.

"Faça o que quiser, Lucas. Mas você vai se arrepender," ela disse, levantando-se bruscamente.

"Eu já me arrependi de muitas coisas, Isabella. Acreditar em você foi a primeira da lista," respondi.

Ela saiu batendo a porta. O policial que estava de guarda me olhou com uma mistura de pena e desprezo. Eu não me importei. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava no controle. Ficar na cadeia era a minha proteção. Lá fora, eles poderiam tentar me dopar, plantar provas, me matar. Aqui dentro, eu estava seguro para planejar meus próximos passos.

Mais tarde naquele dia, meu advogado veio me ver. Ele me trouxe notícias que fizeram meu coração parar e depois bater com um alívio avassalador.

"Lucas, seu detetive particular, um tal de Carlos, me ligou. Ele disse que conseguiu tirar sua filha da casa da sua mãe antes que qualquer coisa acontecesse. Ela está segura em um local que só ele e eu conhecemos."

Carlos. Na minha vida passada, eu o contratei tarde demais. Ele descobriu a verdade, mas eu já estava condenado e Sofia... Sofia já estava morta. Desta vez, minha primeira ligação ao sair do escritório, antes mesmo de ir para casa, foi para ele. "Proteja Sofia. Custe o que custar."

A tensão que eu nem sabia que estava segurando se desfez. Minhas pernas fraquejaram e eu tive que me sentar na beirada da cama de concreto. A imagem de Sofia, segura e sorrindo, encheu minha mente. Aquele era o único objetivo. O único prêmio que importava. A vingança era apenas um bônus.

O cansaço me atingiu como uma onda. O estresse, a raiva, o alívio. Tudo se misturou e eu caí em um sono profundo, o primeiro sono sem pesadelos em anos.

No dia seguinte, tive uma visita. Quando o guarda abriu a cela, meu coração deu um salto.

Era Sofia.

Ela correu para mim, os bracinhos se envolvendo no meu pescoço.

"Papai!"

Eu a abracei com força, inalando o cheiro de shampoo de bebê em seus cabelos. Era real. Ela estava aqui, nos meus braços. Lágrimas que eu não sabia que ainda tinha encheram meus olhos.

"Oi, minha princesa," eu disse, a voz embargada.

Atrás dela, de pé no corredor, estavam Isabella e minha mãe, Dona Ana. As duas víboras, observando a cena com sorrisos falsos.

"Achamos que ele gostaria de vê-la," disse Dona Ana com sua voz melosa. "Sofia estava com tantas saudades do papai."

Isabella se ajoelhou ao lado de Sofia. "Filha, diga ao papai que sentimos muito que ele esteja nervoso e que o amamos."

Sofia me olhou com seus grandes olhos castanhos. "Papai, você está nervoso?"

"Não, meu amor. O papai não está nervoso," eu disse, beijando sua testa.

Notei que Isabella segurava o bracinho de Sofia com um pouco de força demais. Instintivamente, puxei a manga do vestido da minha filha para cima. Na minha vida passada, neste exato momento, eu vi os hematomas. As pequenas marcas de dedos que Isabella fez para depois me acusar.

O braço de Sofia estava liso. Perfeito. Nenhuma marca.

Eu franzi a testa, confuso. Olhei para Isabella, depois para minha mãe. Elas pareciam não notar minha confusão.

"Vovó disse que você foi um menino mau e bateu na mamãe," disse Sofia, com a inocência cruel das crianças.

Meu coração se apertou. Eles já estavam começando a envenená-la.

"A vovó e a mamãe estão enganadas, meu amor. O papai nunca faria mal a ninguém, especialmente a vocês," eu disse, olhando diretamente para as duas.

Mas a imagem do braço liso de Sofia não saía da minha cabeça. Na minha primeira vida, os hematomas eram a principal prova contra mim. Se eles não existiam agora, o que mais era diferente? Será que minha memória estava me enganando? Ou será que o plano delas era ainda mais sombrio do que eu imaginava?

Uma dúvida fria começou a se instalar no meu peito. Eu renasci, voltei no tempo, mas será que eu realmente sabia toda a verdade? Ou eu era apenas um peão em um jogo cujas regras eu ainda não entendia completamente?

            
            

COPYRIGHT(©) 2022