O médico entregou o relatório: "Parabéns, Sra. Alves, 99.9% de compatibilidade."
Meu coração gelou.
Minha filha, Sofia, está morrendo de leucemia.
A única esperança, disseram os médicos, era ter outro filho como doador.
E agora, meu recém-nascido, Tiago, de apenas um mês, era a "solução".
Meu marido Pedro e minha sogra Elvira viam-no como uma ferramenta, um "saco de peças sobresselentes".
Implorei a Pedro para esperar, para procurar outras opções. A cirurgia era perigosa para um bebé tão pequeno.
Mas ele lançou-me um olhar gélido: "Não foi para isso que o tivemos?"
Fui acusada de egoísmo. De querer ver minha própria filha morrer.
Para eles, Tiago não tinha nome, era apenas "a solução".
Minha casa tornou-se um campo de batalha, eu era apenas um obstáculo no "plano divino" deles.
Naquela noite, olhei para meu filho. Tão pequeno, tão indefeso.
Eles iriam submetê-lo a uma cirurgia dolorosa, sem a menor consideração pela sua vida.
Enquanto as lágrimas escorriam, uma angústia me suffocava. Ele era meu filho, não um objeto.
Como podia a família que deveria proteger os seus filhos, estar disposta a sacrificar um para salvar o outro?
Acusaram-me de ser uma mãe horrível, a ponto de Pedro ameaçar acionar a polícia e tirar meus filhos.
Mas eu não podia. Não podia deixá-los fazer isso.
Peguei Tiago e fugi, num ato desesperado para proteger o meu bebé.
Encontrei refúgio na casa da minha irmã, Clara, a única pessoa em quem podia confiar.
Mas sabia que Pedro não desistiria.
Ele era implacável na sua missão, determinado a arrancar a medula do nosso filho.
Eu tinha que lutar. Por Tiago. Pela minha própria sanidade.
Mesmo que essa luta significasse destruir a imagem da minha família e enfrentar o homem que jurei amar.
Será que conseguiria encontrar uma alternativa antes que fosse tarde demais? Ou seria forçada a sacrificar um dos meus filhos?