Segunda Chance, Destino Mudado
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Capítulo 1

A dor aguda, um frio que se espalhava pelo meu corpo, o grito final do meu filho que nunca veria a luz do dia, tudo isso se desfez como fumaça.

Abri os olhos.

A luz do sol entrava pela janela, aquecendo o meu rosto. O cheiro familiar de sândalo no quarto enchia meus pulmões. Não havia sangue, não havia dor, apenas a tranquilidade de uma manhã comum.

Meu cérebro demorou a processar. Eu estava morta, eu tinha certeza. Lembro-me claramente do rosto de Clara, minha irmã adotiva, sorrindo enquanto o veneno fazia efeito.

"Como posso deixar uma bastarda me dominar? A culpa é dela e daquele bastardo por estarem no meu caminho!"

Aquelas palavras ainda ecoavam em minha mente, cheias de ódio e desprezo.

Toquei instintivamente minha barriga. Estava lisa, mas havia uma vida ali dentro. Uma vida que, na minha existência anterior, eu não consegui proteger.

O médico tinha acabado de sair naquela manhã, confirmando a gravidez. A alegria que senti foi tão intensa, mas tão breve.

Olhei para o calendário na parede. Era o mesmo dia. O dia em que descobri que estava grávida. O dia que marcou o início do meu fim.

Uma onda de choque me percorreu, seguida por uma dor profunda, uma tristeza avassaladora por meu filho perdido. Mas, por baixo de tudo isso, uma nova sensação começou a surgir, uma chama fria e dura de determinação.

Eu voltei.

Eu não sei como, nem por quê, mas me foi dada uma segunda chance. E desta vez, as coisas seriam diferentes.

A porta se abriu suavemente e Lucas, o Quarto Príncipe, meu marido, entrou. Seu rosto, que um dia eu amei, agora me causava repulsa. Ele usava a mesma expressão de alegria fingida da minha vida passada.

"Sofia, meu amor! O médico me contou a boa notícia! Teremos um filho! Eu sou o homem mais feliz do mundo!"

Ele se aproximou, tentando me abraçar. Eu me encolhi, um movimento sutil, mas que o fez parar.

Seu sorriso vacilou por um instante.

"O que foi, querida? Você não está feliz?"

Na vida anterior, eu teria chorado de alegria em seus braços, cega para a sua hipocrisia. Mas agora, eu via através dele. Via a ambição em seus olhos, a alegria não por nosso filho, mas pela vantagem política que um herdeiro lhe traria.

Forcei um sorriso fraco.

"Estou feliz, Lucas. Apenas... um pouco sobrecarregada. É tudo tão repentino."

Ele relaxou, aceitando minha desculpa.

"Claro, claro. Você precisa descansar. Vou cuidar de tudo. Vou contar a todos a grande notícia!"

Ele se virou para sair, ansioso para espalhar seu triunfo.

"Espere," eu disse, minha voz calma e controlada, surpreendendo a mim mesma.

Ele parou, virando-se para mim.

"Sim, meu amor?"

Este era o momento. O primeiro passo do meu plano. Na vida anterior, a notícia se espalhou como fogo, e Clara, corroída pelo arrependimento de ter rejeitado este casamento, voltou correndo. Desta vez, eu mesma a traria para a armadilha.

"Lucas, eu sei que você quer contar a todos, mas... eu gostaria de fazer isso de uma forma mais discreta, por enquanto. Pelo menos até a gravidez estar mais estável."

Ele pareceu desapontado, mas assentiu. A imagem de uma esposa prudente e cuidadosa apelava à sua vaidade.

"Como você desejar, querida."

"E... eu gostaria que Clara viesse me ajudar," continuei, a voz suave. "Ela é minha irmã, afinal. E ouvi dizer que ela tem lido muitos livros de medicina ultimamente. Sua companhia e conhecimento me deixariam mais tranquila."

Os olhos de Lucas se iluminaram. Ele sempre teve uma queda por Clara, por sua beleza e vivacidade, tão diferentes da minha natureza quieta. Na vida anterior, a beleza dela e a minha gravidez foram a combinação perfeita para a sedução dele.

O que não se pode ter é sempre mais desejado. Eu sabia disso. E eu daria a ele exatamente o que ele queria, em uma bandeja.

"Que ótima ideia, Sofia. Você é sempre tão atenta. Vou mandar chamá-la imediatamente. Ela ficará feliz em ajudar."

Ele sorriu, um sorriso genuíno desta vez, não por mim ou pelo bebê, mas pela perspectiva de ter Clara por perto.

Enquanto ele saía do quarto, apressado, o sorriso sumiu do meu rosto. Uma frieza tomou conta de mim.

Sim, Clara ficaria "feliz" em ajudar. E Lucas ficaria "feliz" em tê-la aqui.

Eu os uniria. Deixaria que tivessem o que tanto cobiçaram.

Pois eu aprendi da maneira mais difícil que, quando se consegue o que se idealiza, a realidade raramente corresponde à fantasia. E a queda deles seria muito mais satisfatória de assistir desta vez.

            
            

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