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- O que você vai fazer? - pergunto, assustada.
- Apenas fique parada. Você não quer perder uma mão... ou um dedo.
Ele sorri. Um sorriso maléfico, frio, sem alma.
De repente, ele desliza a faca pela minha blusa. Em segundos, fico apenas de sutiã e calça.
- O que você tá fazendo?! - tento me cobrir, mesmo com as mãos algemadas.
- Relaxa. Sou mais cavalheiro do que você pensa.
- O quê?!
Ele continua, rasgando o resto da blusa com a lâmina, sem pressa, como se estivesse se divertindo.
- Minha blusa! E agora? O que eu vou vestir?
Ele me encara por um instante. Então responde:
- Agora... eu preciso do seu sangue.
- Como é que é?
- Ah, vamos lá. São só algumas gotas.
Puxa meu braço com força.
- Espera!
Sinto a lâmina deslizar pela minha mão.
- Aí! - grito, sentindo o corte arder.
O sangue escorre, quente, manchando minha pele... e a dele. Ele deixa o sangue pingar sobre o tecido rasgado da minha blusa. Depois rasga a manga da própria camisa e envolve minha mão.
- Segura firme.
Ele pega o pedaço da blusa ensanguentado, coloca dentro de um saco plástico e o fecha com cuidado.
- Tenho que sair.
- Como assim? - pergunto, sem entender.
- Te vejo mais tarde.
- Espera! E eu?! Eu não conheço nada aqui... e ainda tô algemada!
- Eu sei.
- Eu não posso ficar assim!
Ele se vira devagar, os olhos cravados nos meus.
- Escuta aqui, boneca: você devia agradecer por ainda estar viva...
- Agradecer? Obrigada
Ele franze a testa, confuso.
- Como é?
- Você disse pra eu agradecer. Então... obrigada.
Ele me encara por alguns segundos, sem dizer nada.
- Isso não muda o fato de que eu ainda vou te matar.
- Eu sei.
Sem mais palavras, ele caminha até a porta e sai.
Poucos segundos depois, ouço o motor do carro ligando e o som dele se afastando...
Me deixando sozinha. Algemada. Machucada. E no escuro.
Olho ao redor. Estou trancada ali, e o único lugar que parece oferecer alguma saída é... o porão.
Caminho até a porta e vejo a escada que desce para a escuridão. Respiro fundo e começo a descer.
Quando chego lá embaixo, quase não acredito no que estou vendo.
- Nossa...
Era uma casa inteira escondida debaixo da outra casa. Tinha sala, cozinha, quarto... até um pequeno bar no canto.
- Um belo disfarce... - murmuro, sentando no sofá.
Fico ali, esperando aquele cara - o assassino que nem sei o nome. As horas passam e ele não volta.
Estou com fome, com sono... reviro os armários e a geladeira. Nada. Nem um biscoito esquecido.
A fome me vence. Acabo dormindo ali mesmo.
- Ei.
Acordo assustada com alguém me chamando.
- Oi?
Era um rapaz, aparentemente mais novo do que o outro.
- Quem é você?
- Sou o Jimi. E você?
- Eu sou...
- Ninguém.
A voz grossa que corta o ar vem da escada.
Era ele.
- Jimi, o que faz aqui tão cedo? Achei que só veria você no Natal.
Jimi segura minhas mãos algemadas e mostra para o outro homem.
- Terminei meu trabalho bem antes do esperado, maninho.
Fala sério, Natan... deixou ela assim o dia todo?
- Você só pega trabalho fácil. Ela é minha responsabilidade. Faço com ela o que quiser.
- Fácil uma ova. E você é um idiota por deixá-la nesse estado.
Ele se vira para mim e tira algo do bolso - um clipe de papel.
- Vou tirar essas algemas de você.
- Não vai não, Jimi.
Olho para cima, assustada.
Natan estava com uma arma apontada para o próprio irmão.
- Você não vai atirar em mim, né, Natan? - Jimi diz, olhando diretamente para o cano da pistola.
Eu puxo minhas mãos de volta, me encolhendo no sofá.
- Não precisam brigar...
Eu não conhecia aqueles dois. Mas algo dentro de mim dizia que, se brigassem... um deles sairia morto.
E o mais assustador?
E não sentiria nenhum remorso.