Sofia: O Império Retorna
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Capítulo 2

Mal fechei a porta do quarto e comecei a jogar minhas roupas de qualquer jeito dentro de uma mala, meu corpo tremia de raiva e humilhação. Eu só queria sair daquele apartamento, daquela vida falsa, o mais rápido possível.

De repente, ouvi a voz de Pedro na sala, mas ele não estava falando comigo. O tom era meloso, completamente diferente da raiva que ele tinha direcionado a mim segundos antes.

"Oi, meu amor... sim, já contei pra ela."

Uma pausa. Meu sangue gelou. Ele estava no telefone com Juliana. Ali, na nossa sala, enquanto eu arrumava as malas para ir embora.

"Sim, ela... ela entendeu. Ficou um pouco chateada, claro, mas vai superar. É uma garota simples, não se preocupe com isso."

Uma garota simples. As palavras dele eram como tapas na minha cara. Ele estava me diminuindo para ela, me descartando como um lixo inconveniente.

"Claro que eu prefiro você, meu amor. Você é uma mulher forte, poderosa. Ela... bem, ela é só a Sofia. Não, não, ela já está arrumando as coisas para sair. Quando você chegar, ela já terá ido."

Eu parei de mover, a mão segurando uma blusa no ar. A porta do apartamento se abriu. O som dos saltos caros de Juliana batendo no piso de madeira ecoou como tiros no silêncio tenso.

Ela não ia esperar. Ela já estava aqui.

Respirei fundo, abandonei a mala e saí do quarto, decidida a não deixá-los me expulsar da minha própria casa como uma covarde.

A cena na sala era ainda pior do que eu imaginava. Juliana estava nos braços de Pedro, a mão dela pousada de forma possessiva sobre a barriga, que ainda nem mostrava a gravidez. Ela olhou para mim por cima do ombro dele, um sorriso vitorioso e desdenhoso no rosto.

"Ora, ora. Pensei que o lixo já tinha sido levado para fora," ela disse, a voz arrastada e cheia de desprezo.

Pedro se encolheu, desconfortável, mas não a repreendeu. Ele apenas se afastou um pouco dela, sem saber o que fazer, o que dizer. Um covarde completo.

"Este ainda é o meu apartamento, Juliana. O contrato está no meu nome," eu disse, minha voz soando mais firme do que eu me sentia.

Juliana riu, um som agudo e desagradável.

"Querida, não seja patética. 'Seu' apartamento? Com que dinheiro você paga isso? Com o salário medíocre que a minha empresa te paga por pena?" Ela se virou para Pedro. "Amor, você não disse a ela que eu paguei o depósito e os últimos seis meses de aluguel como um 'bônus' para você?"

Meu mundo desabou um pouco mais. Eu olhei para Pedro, buscando um desmentido, qualquer coisa. Ele apenas desviou o olhar, a culpa estampada em seu rosto. Até nosso lar, nosso porto seguro, era financiado por ela. Toda a nossa vida era uma farsa patrocinada.

"Eu não sabia," murmurei, sentindo meu rosto queimar de vergonha.

"Claro que não sabia. Você vive em um mundinho de algodão doce, não é, Sofia?" Juliana se aproximou de mim, circulando-me como um predador. "Acha que um homem como o Pedro, ambicioso, inteligente, ficaria com uma coisinha sem sal como você por muito tempo? Você foi um degrau, querida. Um degrau conveniente. Mas agora ele vai subir de elevador, e eu sou o botão da cobertura."

Cada palavra era calculada para me ferir, para me fazer sentir pequena, insignificante. E estava funcionando.

Eu olhei para Pedro, esperando que ele dissesse algo, qualquer coisa em minha defesa. Que ele mostrasse um pingo daquele amor que ele jurou sentir por mim minutos atrás.

Ele permaneceu em silêncio. Apenas observava, os lábios pressionados em uma linha fina, como se fosse um espectador de um show que ele não tinha coragem de interromper. Sua passividade era mais dolorosa do que qualquer insulto que Juliana pudesse me dirigir. Ele era cúmplice. Ele endossava cada palavra dela com seu silêncio covarde.

"Você não vai dizer nada, Pedro?" eu perguntei, a voz embargada.

Juliana respondeu por ele. "O que você quer que ele diga? Que ainda te ama? Por favor, não seja ridícula. Homens como o Pedro querem poder, querem status. Eles não querem uma namoradinha que se contenta com um jantar de pizza no sofá. Eles querem uma mulher que comanda salas de reunião e fecha negócios de milhões."

Ela parou bem na minha frente, o perfume caro dela me sufocando.

"Agora, seja uma boa menina e termine de arrumar suas tralhas. Pedro e eu temos planos, e você não faz parte deles." O sorriso dela se alargou. "Na verdade, por que não sai agora? Deixe suas coisas aí. Eu mando uma faxineira jogar tudo fora amanhã."

A ordem era clara, a humilhação, completa. Ela não estava apenas me expulsando, estava tentando apagar minha existência daquele lugar.

Eu olhei para Pedro uma última vez, uma última súplica silenciosa em meus olhos.

Ele finalmente falou, mas as palavras dele foram a pá de cal final na minha esperança.

"Sofia, por favor, não torne as coisas mais difíceis," ele disse, a voz baixa, quase um pedido. "É melhor você ir."

Ele tinha escolhido. E ele não me escolheu. Ele nem sequer teve a decência de me pedir para sair. Ele deixou que a amante dele o fizesse, enquanto ele assistia, concordando em silêncio.

Uma lágrima solitária escapou e rolou pelo meu rosto. Eu a enxuguei com raiva. Eles não teriam mais nenhuma lágrima minha.

"Tudo bem," eu disse, a voz vazia de emoção. "Eu vou."

Eu me virei, dei as costas para a cena vitoriosa deles e caminhei em direção à porta, sem olhar para trás. Eu não levaria nada daquele apartamento. Cada objeto ali estava contaminado pela mentira deles. Eu só queria sair, respirar um ar que não estivesse pesado com traição e desprezo.

            
            

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