Capítulo 2 Reunião informal.

- 2019

- Afeganistão, base provisória da CIA em algum lugar próximo ao norte da fronteira paquistanesa –

Uma pequena sala de uns 9m² sem janelas, com paredes de cimento cru descascando devido quantidade de umidade e mofo que brotavam por todas as partes, se destaca uma luz vermelha vibrante que emana de um relógio digital milimetricamente alinhado sobre a única porta de entrada e saída do local.

No meio do cômodo escuro, um homem de aparência afegã, próximo do quarenta e poucos anos totalmente despido e amarrado em uma cadeira de ferro bem ao centro. Desacordado, parece estar desmaiado ou apenas descansando da visível tortura que está ocorrendo, hematomas e feridas amostra por todo o corpo, costas sangrando como se tivesse sido açoitado e alguns dedos das mãos visivelmente quebrados. A única coisa que nos faz saber que não está morto é a dificuldade com que respira, aparentemente com o pulmão lesionado por alguma costela quebrada.

De cabeça baixa e olhos fechados, leva uma martelada no dorso da mão que o faz urrar de dor, neste momento Lynch o adverte:

– Não é para dormir porra! Está cansado!? Está com fome!? Você sabe como acabar com isso.

Apesar de demostrar um enorme sofrimento causado pele choque do metal violentamente amassando nervos e tendões da sua mão. Se apruma e encara Lynch nos olhos como se estivesse pronto para prorrogar aquilo ali por toda a madrugada.

Vestindo tênis esporte, uma calça jeans skinny azul, e uma camisa de botão branca com estampa de flores e um cabelo meticulosamente alinhado, aparentando possuir treinamento militar, obviamente não era um agente de campo da cia, estava mais para um consultor independente, ou como são chamados por aí, um mercenário, alguém que está ali para garantir que o trabalho seja realizado, mesmo que de formas algumas vezes questionáveis, sem "sujar as mãos" do digníssimo Tio Sun.

Lynch, juntamente com o relógio, pareciam fazer parte de outro espaço tempo, não se encaixavam em todo aquele ambiente rústico e hostil, não seria à toa que Lynch constantemente se perdia condicionando sua atenção naquela luz vermelha irradiando atrás de seu inusitado hospede. Como se o objeto destoante o fizesse questão de lembrar que havia algo além daquele lugar inóspito.

Indo de encontro a mais uma martelada nas mãos já esmagadas de seu hóspede, impunha tanta força que chega a morder o lábio inferior, quando já encontrava-se projetando seu braço para trás para pegar impulso é interrompido subitamente por três pancadas secas na porta de metal a sua frente. Neste momento Lynch respira fundo enchendo bem os pulmões com aquele ar úmido e desagradável, coloca o martelo em uma pequena mesa ao seu lado cheia dos mais variados objetos de tortura que se possam imaginar. Caminha firmemente em direção a porta, com a posse de alguém indo receber seu diploma no dia da colação de grau da faculdade, com o peito estufado e uma postura ereta como se nada o pudesse abalar, bate então duas vezes firmemente na porta e uma voz do outro lado o informa: Contato!

- É, parece que Ala gosta de você, mas não se anime, não vai se livrar de mim assim tão fácil, breve iremos terminar essa nossa reunião e se eu voltar e o pegar dormindo vamos brincar de descobrir novas maneiras de sentir dor – Avisa Lynch

            
            

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