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Aeroporto internacional Eduardo Gomes, Manaus, Amazonas.
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- Nossa! ainda fala pelos cotovelos e ronca como um porco, Resmunga Lynch a respeito de seu amigo Scott.
- E você ainda é um jovem homem velho, retruca Scott Adams, e onde está aquela mulher horrenda e sem escrúpulos? Nossa digníssima e maravilhosa contratante, capaz de despertar em mim sentimentos confusos de amor e ódio.
- Leilla? até parece que você melhor que ninguém não a conhece. Isso aqui pra ela é um passeio, férias como ela disse. Quando estivermos com tudo pronto e já ter passado toda a parte difícil ela resolve nos agraciar com sua presença.
Vamos reunir o equipamento que nosso próximo voo sai em alguns minutos e ainda temos um longo caminho até a pista de decolagem.
Caminho até a pista de decolagem? mas não estamos no aeroporto? pergunta Scott confuso.
- Bem Vindo ao Brasil, respondeu Lynch em péssimo português enquanto se apressa em pegar a bagagem, vamos, temos um táxi nos esperando.
Já ao lado de fora do aeroporto, Lynch corre os olhos ao redor a procura do transporte que os aguarda, quando subitamente é surpreendido por um jovem rapaz agarrando uma de suas malas. Antes que pudesse desferir o soco que já projetava em direção ao rapaz como um reflexo defensivo ouviu em um tom desajeitado "Sr. Linchi e Sr. Escorte?"
- Sou Felipe, vou ajuda-los chegar no vilarejo, vamos o o motorista já deve está nervoso com a demora, é que ele não pode estacionar ali, disse em tom de risos.
Enquanto Felipe ajudava Lynch a guardar a bagagem no porta malas daquele inusitado transporte, um Ford Belina 4x4 1985 tunada e personalizada com tons de amarelo e camuflagem, como se não quisesse perder nem as características de um táxi, como as de um transporte selvagem, Scott olha fixamente para o rapaz se perguntando como alguém tão novo teria experiência necessária para chegar a um vilarejo remoto no meio da maior floresta do mundo, quando se da conta que Felipe também o está encarando.
- Sei exatamente o que está pensando, como um jovem como eu teria experiência necessária para leva-los a um vilarejo remoto no meio da maior floresta do mundo!? A resposta é simples, tenho 17 anos de experiência nessa selva acolhedora e traiçoeira, como somos chamados, sou um filho da floresta.
Scott ficou catatônico por alguns instantes, sem saber o que mais o impressionava, o fato do rapaz ter apenas 17 anos, como ele soube exatamente o que ele pensava através do olhar ou em tudo que ainda estava por vir e que nem mesmo ele tinha podia saber, mesmo tento mais tempo em combate que aquele guia tinha de vida.
Após aproximadamente umas duas horas passando por ruas em sua maioria não pavimentadas e em seu trecho final altamente acidentadas, fazendo Lynch assimilar o porque de um carro 4x4, finalmente chegam ao ponto de partida de seu próximo voo, em uma fazenda no meio da selva, onde claramente sua atividade principal é a exploração de madeiras nativas, um pequeno e velho avião bimotor já com os motores ligados e preparado para decolagem espera em uma pista de terra batida rasgada no meio da vegetação local.
À medida que o valente bimotor ruge seus motores em uma proporção cada vez mais feroz, como se estivesse lutando para ganhar a velocidade necessária para decolagem, seus passageiros se seguram com tanta força que a vibração do avião é transmitida diretamente para seus corpos, a impressão que fica é que estão em algum brinquedo de parque ou em aqueles aparelhos relaxante muscular do comercial da Polishop.
No momento em que finalmente alçam voo, Scott se permite olhar pela pequena janela ao seu lado, em primeiro um rastro de poeira parecendo não ter fim, quando em uma altitude mais elevada, uma imensidão verde infinita contada por diversos canais d'água. Scott aprecia a magnitude da floresta amazônica, sem imaginar que as aventuras e perigos que ali se escondem não chegam nem perto de tudo o que já vivenciou em todas as batalhas que já lutou em sua vida.
Enquanto a tarde vai se tornando noite, o pequeno bimotor adentra na escuridão predominante, o que era uma imensidão verde, agora é somente trevas, como se fosse um presságio do que está por vir.