Capítulo 8 Bem vindos a selva!

Após alguns minutos sobrevoando toda aquela imensidão negra, finalmente os passageiros são avisados que se aproximam da área de pouso. Lynch se ajeita no cockpit do piloto a fim de ver a pista onde estão prestes a pousar, no meio da floresta alguns pontos de luz se destacam, a medida que vão se aproximando pode-se notar uma pequena faixa de terra aberta no coração da Amazônia, com tochas de fogo sinalizando as extremidades da pista, que por sinal é a única coisa que se pode ver.

Lynch torce para que não haja nenhuma obstrução ou buraco no meio daquela pista, e sabe que por mais experiente que seja seu piloto, e ele não faz a mínima ideia das qualidades profissionais do homem que acabou de conhecer e já confia suas vidas em um voo noturno em condições nada propicias, esse não seria um pouso onde somente as habilidades estariam em jogo, seria um "pouso de fé".

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Sem saber se chacoalham mais decolagem ou na aterrissagem, Scott, Lynch e Felipe desembarcam e por incrível que parece sãos e salvos. Scott e Lynch certamente já tiveram voos mais conturbados e perigosos, já Felipe demonstrava uma serenidade no olhar de quem já estava mais do que acostumado com este percurso.

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Naquele lugar ermo e escuro, surge uma figura feminina de aparência agradável e os cumprimenta com um belo sorriso no rosto.

- Prazer, sou Serina, líder da equipe de pesquisa. Bem vindos a selva! Vocês devem ser os Srs. Scott e Lynch, nossa escolta, são exatamente como Leilla havia descrito, vou os ajudar a se acomodarem até a chegada do restante do pessoal.

- O prazer é todo meu! E vamos deixar esse papo de senhor para os velhos - Diz Lynch sorrindo e assentindo com a cabeça na direção de Scott - E por falar em chegada do pessoal, a Leilla informou quando será esse encontro? Porque para a gente ele é a Sra. Mistério, adora fazer esses joguinhos enigmáticos.

- Sim (risos), chegam logo pela manhã. Segundo ela só idiotas sobrevoam uma floresta a noite para um lugar onde ninguém sabe a localização.

- AHHH Aquela vaca escrota não perde esse senso de humor tóxico - Esbraveja Scott, demonstrando estar mais enfurecido do que realmente está.

- Vamos, vou leva-los ao abrigo e apresenta-los aos outros dois membros da minha equipe. - Diz Serina apressando-se direção a uma trilha que embrenha-se mato a dentro.

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Já acomodados em uma cabana um tanto quanto confortável visto as expectativas, o grupo dar-se o luxo de se conhecerem melhor, os dois outros membros da expedição de pesquisa são apresentados, Robert um especialista em flora e fauna e Débora, uma engenheira de mineração. Feito as apresentações formais, o grupo se ajeita em suas acomodações e preparam-se para o descanso, pois depois de todo esse desgaste da viajem, sabem que terão longos dias pela frente, sem saber quando terão novamente uma noite de sono decente podendo esticar o corpo em uma cama confortável. Enquanto todos parecem já dormir o sono dos justos, Lynch confere pela última vez se tudo está conforme o desejado.

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Scott salta da cama assustado como se estivesse em um campo de batalha sendo acordado por uma salva de morteiro inimigo, olha ao redor e nota que os demais compartilham do mesmo olhar de espanto sem entenderem o que está se passando, enquanto vira-se direção a janela olha rapidamente em sem relógio de pulso e verifica que os ponteiros marcam 06:07 da manhã, quando finalmente visualiza o lado de fora da cabana, descobre a causa de todo aquele barulho e meio que já sabia o que era, pois apesar de ter sido acordado subitamente, passado o susto foi despertando e notou que aquele som lhe era familiar.

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O grupo pode então visualizar uma área descampada ao lado da cabana, dois helicópteros Sikorsky HH-60 Pave Hawk, um deles iniciando em uma manobra de pouso, enquanto o outro paira sobre a cabana, com portas laterais abertas e nelas três homens pendurados iniciando uma descida de rapel. Felipe, o jovem local, fica vislumbrado com tudo aquilo que está frente aos seus olhos, imagina se ainda não estaria sonhando, pois algo deste tipo somente havia visto antes em filmes hollywoodianos, imediatamente vem em mente um de seus preferidos, Falcão Negro em perigo, e realmente os "Pave Hawk" se assemelham muito com os UH-60 Black Hawk utilizados na produção, que por sinal dão o nome original do filme "Black Hawk Down".

Já em solo, eis que daquele gigante de aço surge uma figura familiar, Scott visualiza Leilla desembarcando elegantemente o que o deixa enfurecido, não pelo despertar incomum, mas em pensar que poderia ter vindo na segurança de uma das aeronaves mais seguras produzidas pelo homem e com alto nível de tecnologia e sofisticação militar, porém Leilla os deixou a mercê da própria sorte os aventurando em um voo peculiarmente arriscado em um avião feio e velho.

Apesar de toda indiferença que Scott apresentava em relação a Leilla, devido a uma relação amorosa mal resolvida no passado, sempre que a via seus olhos brilhavam, apressadamente movimentou-se para auxilia-la no desembarque.

Com um sorriso no rosto indiferente ao sentimento de raiva que o possuía outrora, Scott puxa Leilla pelas mão e a envolve em um abraço longínquo e afetuoso ao mesmo tempo que lhe da boas vindas

- Leilla minha grande amiga, seja bem vinda!

            
            

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