A Promessa Dele, a Prisão Dela
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Capítulo 2

Antes de minha vida ser arruinada, eu tinha um futuro. Tinha sido aceita em um prestigiado programa de artes, uma bolsa de estudos que me colocaria no caminho que sempre sonhei. Mas então Késia aconteceu. A família precisava de dinheiro para seus tratamentos médicos intermináveis e, como eu agora suspeitava, muitas vezes exagerados. O fundo da minha bolsa de estudos, uma herança deixada por meus avós, foi "emprestado" para ajudá-la. Disseram-me que eu poderia me candidatar novamente no próximo ano.

Então veio o atropelamento e fuga, e o "próximo ano" se tornou sete anos em uma cela.

O e-mail do instituto de pesquisa era um fantasma daquele futuro roubado. Era uma segunda chance que eu nunca pensei que teria. A guarda gentil, a policial Mendes, deve ter mexido uns pauzinhos, reenviando minha antiga inscrição.

Uma mensagem de acompanhamento chegou quase imediatamente. "Bem-vinda a bordo. Sua realocação para Fernando de Noronha está agendada para daqui a três dias. Um carro irá buscá-la às 22h. Nós cuidaremos do resto."

Três dias. Eu só tinha que sobreviver mais três dias nesta casa.

Desci para o jantar. A sala de jantar estava arrumada para uma celebração. Balões e flores por toda parte. Késia estava de volta do hospital, parecendo perfeitamente saudável e radiante em um novo vestido de grife. Ela era o centro das atenções, agarrada ao braço de Danton como um troféu.

Meus pais e Juliana a paparicavam, ignorando-me completamente enquanto eu estava parada na porta. Eu era invisível.

Danton finalmente me notou. "Ana Maria, venha, junte-se a nós. Estamos comemorando a recuperação da Késia."

Sua voz estava tensa. Ele estava tentando fingir que aquilo era normal.

Késia fez beicinho, sua voz um choramingo enjoativo. "Danton, querido, quero que você descasque uma uva para mim. Meus dedos estão tão fracos hoje."

Era um teste, um ato deliberado de provocação direcionado a mim.

Observei-o, esperando para ver o que ele faria. Ele hesitou por uma fração de segundo, depois pegou uma uva e começou a descascá-la para ela.

Virei-me para sair.

"Onde você vai?", minha mãe estalou, a voz afiada. Ela mudou para o espanhol, uma língua que eles sempre usavam quando queriam falar de mim na minha frente. "Ela não tem modos. Criança ingrata. Depois de tudo que fizemos por ela."

Meu pai acrescentou: "Ela provavelmente está com ciúmes da Késia. Sempre esteve."

Mantive o rosto inexpressivo, fingindo não entender. Eles não sabiam que eu tinha usado meus sete anos na prisão com sabedoria. Eu me tornei fluente em espanhol, francês e italiano, graças à biblioteca da prisão e às minhas colegas de cela. Eu entendia cada palavra venenosa.

Eles pensavam que eu era a mesma garota fraca e sem instrução que haviam mandado embora. Eles não tinham ideia de quem eu havia me tornado.

Senti uma fria determinação se instalar em meus ossos. Eu tinha acabado com eles. Tinha acabado com essa vida de mentiras e manipulação.

Saí da sala de jantar sem olhar para trás. Não voltei para o quarto de despejo empoeirado. Saí pela porta da frente e entrei na noite.

Enquanto caminhava pela longa e bem cuidada entrada de carros, um pensamento me ocorreu. Hoje era meu aniversário. Eles tinham esquecido. De novo.

            
            

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