A Promessa Dele, a Prisão Dela
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Capítulo 3

Eu precisava de dinheiro para os próximos dois dias. Não podia tocar nos fundos que o Instituto estava fornecendo até começar oficialmente. Então, encontrei um emprego em uma pequena lanchonete, lavando pratos por dinheiro vivo. Era um trabalho humilhante, mas era honesto.

Meus pais sempre foram mesquinhos comigo. Késia ganhou um carro novo no seu aniversário de dezesseis anos; eu ganhei um vale-transporte. Késia fazia compras na Europa; eu trabalhava em empregos de meio período para comprar meu próprio material escolar. Eles chamavam isso de "formar caráter". Eu chamava do que era: favoritismo descarado.

A lanchonete estava quieta. Eu estava esfregando uma panela gordurosa quando o sino acima da porta tocou. Não levantei o olhar até que uma sombra caiu sobre mim.

"Ana Maria?"

Era Danton. Ele segurava um bolo pequeno e elaboradamente decorado. Uma única vela tremeluzia no topo.

"Feliz aniversário atrasado", disse ele, com a voz suave. "É de coco. Seu favorito."

Era o meu favorito. Sete anos atrás. Agora, o cheiro de coco me enjoava. Era o cheiro do sabonete barato que nos davam na prisão.

Nossa história era profunda. Tínhamos crescido juntos. Ele era a única pessoa que já me fez sentir vista, querida. Eu o amei tanto que, quando ele estava lutando para lançar sua primeira empresa, eu vendi secretamente uma pintura valiosa que minha avó me deixou - a única coisa de valor real que eu possuía - e investi o dinheiro anonimamente em seu empreendimento. Foi o capital inicial que o tornou um magnata. Ele nunca soube que fui eu. Késia, claro, levou o crédito, alegando que havia convencido seus "amigos ricos" a investir.

"Você se lembrou", eu disse, minha voz sem emoção.

"Claro que me lembrei. Como eu poderia esquecer?" Ele olhou para a água suja da louça, para minhas mãos rachadas. Seu rosto era uma máscara de dor. "Você não deveria estar fazendo isso."

Ele colocou o bolo em um pedaço limpo do balcão. Olhei para ele, para o redemoinho perfeito de cobertura, e senti uma onda de náusea.

"Eu não gosto mais de coco", eu disse, voltando para a pia. Foi uma pequena rejeição, mas pareceu significativa.

Seu telefone tocou, quebrando o silêncio tenso. Sua expressão mudou ao atender.

"Como assim ela está no telhado?", ele sibilou no telefone. "Estou a caminho."

Ele desligou, o rosto pálido. "É a Késia. Ela está na mansão. Está ameaçando pular."

Ele olhou para mim, seus olhos implorando por compreensão. Mas tudo que senti foi uma sensação cansada de déjà vu.

"Você deveria ir", eu disse.

Ele hesitou, dividido. "Ana Maria..."

"Vá", repeti, minha voz firme.

Ele saiu correndo pela porta, deixando o patético bolinho derretendo no balcão.

Késia, a rainha do drama. Outra performance, outro grito por atenção, outra maneira de afastá-lo de mim e trazê-lo de volta para ela. Era um jogo que ela havia aperfeiçoado ao longo dos anos, e ele caía toda vez.

            
            

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