Fui até a gaveta dele. Dentro havia uma pequena e elegante caixa de uma joalheria famosa. Eu a abri. Aninhado no veludo preto estava um colar de diamantes, do tipo ostentoso que eu nunca usaria. Lembrei-me dele me mostrando online meses atrás.
"Não é lindo?", ele tinha dito. "Vou comprar para a pessoa mais importante da minha vida."
Eu pensei que ele se referia a mim.
Olhando para o colar, uma risada amarga escapou dos meus lábios. Fechei a caixa.
Quando o entregador chegou, um jovem de uniforme impecável, entreguei-lhe o pacote sem uma palavra.
"Senhora, o destino é o Hotel Fasano", disse ele, confirmando os detalhes.
"Eu sei", eu disse, pegando minha bolsa do gancho perto da porta. Tirei o acordo de divórcio dobrado. "Eu vou com você."
A viagem de carro foi silenciosa. O Fasano estava sediando uma enorme coletiva de imprensa para o novo filme de Lorena. Quando paramos, pude ouvir o rugido da multidão e o clique frenético das câmeras.
Entrei no salão de festas. O barulho cessou instantaneamente. Todas as cabeças se viraram. Todas as câmeras giraram para mim. Eu usava um vestido simples e sem maquiagem. Meu cabelo estava preso em um coque bagunçado.
Sussurros irromperam ao meu redor.
"É ela? A perseguidora?"
"O que ela está fazendo aqui? Olha como ela está vestida. Sem classe nenhuma."
Ignorei todos eles. Meus olhos estavam fixos no palco na frente da sala, onde Heitor e Lorena estavam de pé, de mãos dadas.
Heitor me viu, e seu rosto se contraiu em um nó de raiva.
"Helena? Que diabos você está fazendo aqui?", ele sibilou enquanto eu me aproximava.
Não respondi. Apenas estendi a caixa de veludo azul.
"Você esqueceu isso", eu disse, minha voz surpreendentemente firme.
Lorena arrancou a caixa da minha mão e a abriu com um suspiro de deleite.
"Ah, Tito! É lindo!"
Ela se virou para ele, fazendo beicinho.
"Coloca em mim. Agora mesmo."
Heitor hesitou por uma fração de segundo, seus olhos dardejando entre mim e ela. Então, seu rosto endureceu, e ele pegou o colar. Seus dedos roçaram a pele dela enquanto ele fechava o fecho.
Lorena se inclinou e o beijou na boca, com os olhos fixos em mim o tempo todo. Era uma declaração de vitória.
Eu fiquei ali, em silêncio.
Então, ela fez de novo. Soltou um pequeno suspiro e cambaleou, fingindo perder o equilíbrio.
"Oh!"
"Helena, eu te avisei!", Heitor rugiu, avançando para amparar Lorena. Ele me fuzilou com o olhar, o rosto contorcido de raiva. "Você está tentando machucá-la?"
Não disse nada. Apenas estendi o acordo de divórcio que eu segurava na mão.
Ele mal olhou para ele. Lorena de repente agarrou o estômago.
"Tito, não estou me sentindo bem. Minha barriga dói."
"O quê?" Sua atenção voltou-se para ela, todos os pensamentos sobre mim e os papéis se foram. "Ok, meu amor, ok. Vamos te levar para o hospital."
"Os papéis, Heitor", eu disse, estendendo-os novamente. "Assine."
"Assina logo para ela ir embora!", Lorena gemeu, pressionando-se contra ele.
Sem nem ler, ele pegou uma caneta de uma mesa próxima, rabiscou seu nome na linha e empurrou o documento de volta para mim.
Então ele pegou Lorena nos braços e começou a abrir caminho pela multidão de repórteres.
"Deixem a gente passar! É uma emergência!"
Apertei os papéis assinados contra o peito e me virei para sair. Enquanto eu me afastava, alguém deliberadamente esticou o pé.
Eu caí, com força.
Minha cabeça bateu no chão de mármore com um estalo pavoroso. O mundo explodiu em um flash de dor branca e quente.
Ouvi suspiros da multidão. Através de uma névoa de dor, vi Heitor parar e olhar para trás. Ele deu um meio passo em minha direção, o rosto uma confusão.
"Tito, vamos!", Lorena choramingou, puxando seu braço. "Ela só está fingindo para chamar a atenção."
Ele olhou de mim, deitada no chão com sangue começando a se acumular ao redor da minha cabeça, para ela. Ele hesitou por mais um segundo.
Então ele se virou e saiu, desaparecendo nas luzes piscantes dos paparazzi.
Fiquei ali, o chão polido frio contra minha bochecha. Minha visão estava embaçando. As pessoas estavam olhando, sussurrando, apontando. Ninguém se moveu para ajudar.
Com um gemido, me levantei. Minha cabeça estava girando. Percebi que minha aliança tinha sumido. Deve ter voado quando caí. A aliança que estava tão frouxa no meu dedo. Um símbolo de um casamento que estava vazio há muito, muito tempo.
Nem procurei por ela.
Ignorando os olhares e as câmeras, cambaleei para ficar de pé, minhas pernas tremendo. Andei, um pé na frente do outro, para fora do salão de festas e para a rua.
Chamei um táxi. Os olhos do motorista se arregalaram quando ele viu o sangue no meu rosto.
"Hospital?", ele perguntou, a voz cheia de alarme.
Limpei uma mancha de sangue da minha bochecha com as costas da mão.
"Sim", eu disse, um sorriso sombrio tocando meus lábios. "Mas eu não vou morrer."