"Fontes de dentro do Fasano afirmam que Helena Ball, ex-namorada do magnata Heitor Torres, encenou uma queda dramática hoje em uma tentativa de reconquistá-lo", disse a âncora com voz grave. "Isso vem na esteira de novas reportagens alegando que a Sra. Ball tem um histórico de comportamento errático e infidelidade."
O mundo escureceu nas bordas. Agarrei a lateral da cama do hospital para não desmaiar.
Antes que eu pudesse processar a calúnia, a porta da minha baia com cortinas foi aberta com um estrondo ensurdecedor.
Marta Torres, a mãe de Heitor, estava lá, o rosto uma máscara de pura fúria.
"Sua vagabundinha!", ela gritou, avançando sobre mim. Sua mão acertou minha bochecha em um tapa violento que fez minha cabeça zumbir.
Antes que eu pudesse reagir, dois homens grandes, seguranças que eu reconheci, agarraram meus braços. Eles me arrastaram para fora da cama, ignorando os protestos da médica.
"O que vocês estão fazendo? Ela é minha paciente!"
"Saia da frente", Marta rosnou para ela, e eles me arrastaram para fora do hospital, meus pés descalços raspando no asfalto.
Eles me jogaram no banco de trás de um SUV preto e dirigiram para um galpão velho e abandonado na periferia industrial da cidade. Eles me arrastaram para dentro e me jogaram no chão de concreto imundo.
"Ajoelhe-se", Marta ordenou, sua voz ecoando no espaço cavernoso.
Tentei me arrastar para longe, mas os seguranças me forçaram a descer. Meus joelhos bateram no chão frio e duro com um estalo doloroso.
Marta pegou o celular e discou.
"Heitor", disse ela, a voz pingando veneno. "Sua esposinha patética está aqui, fazendo uma cena. Ela trouxe vergonha para toda a nossa família."
Pude ouvir a voz em pânico de Heitor do outro lado da linha.
"Mãe, o que você fez? Onde você está?"
"Não se preocupe com isso", ela zombou. "Estou apenas ensinando a essa vadiazinha a lição que você foi mole demais para ensinar. Você não pode ser tão mole, filho. Ela andou te traindo, te fazendo de bobo!"
"Heitor!", gritei, desesperada para que ele me ouvisse. "Não é verdade! Estou grávida! Ela está mentindo!"
Houve uma pausa do outro lado. Então, a voz de Heitor veio, baixa e derrotada.
"Helena... apenas faça o que ela diz. Eu te compenso depois. Eu prometo."
A linha ficou muda.
A esperança morreu com ela.
Eles me deixaram lá, ajoelhada no calor sufocante do galpão sem ventilação. Suor e sangue escorriam pelo meu rosto, pingando no chão empoeirado. Horas se passaram.
Então, uma cãibra súbita e aguda tomou meu abdômen. Foi uma dor tão intensa que me roubou o fôlego. Olhei para baixo. Uma mancha escura e úmida estava se espalhando no tecido fino do meu vestido.
Não. Não, não, não.
O pânico, cru e primitivo, arranhou minha garganta. Corri para a enorme porta de aço e bati nela com os punhos.
"Socorro! Por favor, alguém me ajude! Meu bebê!"
Pude ouvir a voz de Marta do outro lado, fria e desdenhosa.
"Que bebê? Aquele bastardinho? Deixe morrer. Nunca foi bem-vindo na família Torres de qualquer maneira."
"É o bebê do Heitor!", gritei, minha voz rachando de desespero. "É o seu neto!"
A única resposta foi o som de seus passos se afastando, desaparecendo no silêncio.
Eu estava sozinha.
Passei a noite naquele chão frio, sangrando no escuro, a dor na minha barriga uma agonia implacável e dilacerante.
Quando o sol nasceu, a porta finalmente se abriu. Um dos seguranças olhou para mim, o rosto impassível.
"A Sra. Torres disse que podemos te levar para um hospital agora."
A próxima coisa que soube foi que eu estava em uma mesa de operação. As luzes eram muito brilhantes, as vozes ao meu redor estavam abafadas. Senti uma frieza profunda se espalhando por mim, uma sensação de algo precioso sendo irrevogavelmente perdido.
Enquanto me levavam para uma sala de recuperação, meu celular, que estava na minha bolsa, vibrou na mesa de cabeceira. Era uma mensagem de Heitor.
*Sinto muito, Helena. Mamãe foi longe demais. Mas você tem que entender a posição dela. Isso tem sido tão difícil para todos nós.*
Uma única lágrima quente escorregou do canto do meu olho e traçou um caminho pela sujeira no meu rosto. Meus dedos tremeram enquanto eu pegava o telefone.
Algumas horas depois, um advogado que eu não reconheci entregou um envelope branco e impecável. Dentro estava minha certidão de divórcio, oficialmente carimbada. Tinha acabado.
Rolei meus contatos, meu polegar pairando sobre um nome para o qual não ligava há cinco anos. Um nome que representava uma vida que eu joguei fora.
Pressionei o botão de chamada.
Tocou duas vezes.
"Ora, ora, veja quem é", disse uma voz masculina profunda, tingida com um sorriso provocador familiar. "Eu estava começando a pensar que você tinha se esquecido de mim."
"Caio", sussurrei, minha voz quebrando. "Preciso de ajuda."
"Eu sei", disse ele, seu tom instantaneamente sério. "Já estou a caminho. O pai está comigo. Apenas aguente firme, Helena. Estamos indo te levar para casa."