Do Temporário ao Amor Inesquecível
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Capítulo 6

"É só um jogo, Bruna", disse Heitor, a voz baixa, mas seus olhos estavam fixos em Kaila. Ele soltou meu pulso e se levantou.

Ele ofereceu a mão a Kaila. Ela a pegou, o rosto brilhando de triunfo.

A multidão explodiu em aplausos e assobios enquanto eles desapareciam no pequeno e mal iluminado lavabo. A porta se fechou atrás deles com um clique.

Senti um choque frio, como se um balde de água gelada tivesse sido despejado sobre minha cabeça. Meu amor por ele, minha esperança, minha crença ingênua de que ele poderia um dia me escolher - era uma fantasia tola e unilateral.

"Coitada da Bruna", uma das amigas de Kaila sussurrou alto. "Ainda não entendeu, não é?"

Levantei-me, minhas pernas tremendo, e saí da sala. Não olhei para trás.

Alguns minutos depois, a porta do lavabo se abriu. Heitor e Kaila emergiram, seus rostos corados. O batom de Kaila estava borrado e, na pele pálida de seu pescoço, logo abaixo da orelha, havia uma marca escura e raivosa. Um chupão.

A visão enviou uma dor aguda e física através do meu peito.

Caminhei direto para a porta da frente.

"Não estou me sentindo bem", consegui dizer a um amigo de Heitor que parecia confuso. "Vou para casa."

Heitor me viu saindo, mas não se moveu. Apenas me observou ir, sua expressão indecifrável, enquanto Kaila envolvia os braços em seu pescoço.

Chamei um Uber, as luzes da cidade passando borradas pela janela. O céu estava escuro e pesado, combinando com a tempestade dentro de mim.

Meu celular vibrou. Uma mensagem de vídeo de um número que eu não reconhecia. De Kaila.

Apertei o play.

Eram eles, no lavabo. A câmera estava trêmula, mas a imagem era clara. Eles estavam se beijando, um beijo desesperado e faminto. O vídeo capturou a conversa deles.

"Por que você se casou com ela?", a voz de Kaila era um sussurro ofegante contra os lábios dele.

Heitor se afastou, o rosto marcado por uma dor que parecia quase genuína.

"Você me deixou, Kaila. O que eu deveria fazer?"

"Você vai se divorciar dela?", ela pressionou, as mãos emaranhadas no cabelo dele. "Vai voltar para mim?"

Ele fechou os olhos, um longo e irregular suspiro escapando de seus lábios.

"Você sabe que eu nunca consigo dizer não pra você. Você sempre foi minha dona."

O vídeo terminou.

Olhei para a tela preta, meu reflexo um fantasma pálido de olhos vazios. Meu coração, meu casamento, meu mundo inteiro tinham acabado de ser pulverizados. Um gosto amargo subiu pela minha garganta.

Kaila enviou outra mensagem. `Ele é meu. Sempre foi meu.`

Eu não respondi. Apenas observei as luzes da cidade passarem, sem sentir nada.

Quando voltei para nossa cobertura fria e vazia, fui direto para o banheiro. Tirei a aliança do meu dedo, a simples aliança de ouro que um dia pareceu tão pesada de promessas. Sem pensar duas vezes, joguei-a na privada e dei descarga. Observei-a girar e desaparecer pelo ralo.

Puxei minhas malas do armário e comecei a fazer as malas. Minhas lágrimas se foram, substituídas por uma determinação fria e dura. Eu tinha acabado. Eu estava livre.

Assim que fechei a última mala, a porta da frente se abriu.

Heitor e Kaila estavam na porta. O rosto de Heitor estava sombrio, tempestuoso. Kaila se escondia atrás dele, chorando dramaticamente.

"O que há de errado?", perguntei, minha voz firme.

Os olhos de Heitor eram como lascas de gelo. Ele apontou um dedo para mim, sua voz tremendo de raiva.

"Você é uma ladra, Bruna."

Ele deu um passo em minha direção.

"O colar de diamantes da Kaila sumiu. Aquele que a avó dela deu. Vale milhões. Devolva, ou eu chamo a polícia."

Olhei para ele, meu sangue gelando.

"Eu não peguei nada."

Ele não acreditou em mim. Eu podia ver em seus olhos. A completa e total falta de confiança.

Meu coração doeu com uma dor tão profunda que era quase física.

"Heitor, eu nunca quis uma única coisa da sua família. Você sabe disso."

Um lampejo de dúvida cruzou seu rosto quando uma lágrima escapou do meu olho. Ele vacilou por um segundo.

Mas então Kaila, a mestre da manipulação, começou a soluçar novamente.

"Bruna, por favor, apenas devolva. Significa muito para mim. Minha avó me deu no leito de morte."

Puxei meu braço do toque dela.

"Eu te disse, eu não peguei!"

Kaila tropeçou para trás, caindo no chão em um monte de desespero falso. Ela olhou para Heitor, seus olhos arregalados e suplicantes.

"Heitor, você conhece a origem dela. A mãe dela..." Ela deixou a frase pairar no ar, a implicação clara e venenosa. Pessoas do meu mundo eram gananciosas. Desesperadas. Ladrões.

Meu rosto ficou frio.

"O que você disse sobre minha mãe?"

Kaila viu sua vantagem.

"Estou apenas dizendo, talvez você devesse mandar a segurança verificar a casa dela também. Pessoas como ela..."

Foi isso. Esse era o limite.

Eu a esbofeteei. Mais forte desta vez. O som foi como um tiro na sala silenciosa.

                         

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