Pelo resto da noite, ele desempenhou o papel do marido perfeito e dedicado. Ele escolheu a comida que ela gostava, lembrando que ela não comia coentro, que preferia seu bife mal passado. Foi uma performance impecável.
Quando a festa estava terminando, uma espetacular queima de fogos iluminou o céu sobre a cidade. Explosões vermelhas, douradas e azuis floresceram na escuridão. O grand finale soletrou um único nome em faíscas brilhantes: CATARINA.
Foi um gesto grandioso, romântico e totalmente vazio.
Ele recusou ofertas para bebidas pós-festa, dizendo a todos: "Meu tempo pertence à minha esposa esta noite."
No carro, a caminho de casa, seu celular tocou. Ele olhou para a tela e todo o seu corpo ficou tenso.
Ele pisou no freio, os pneus cantando contra o asfalto. Ele virou o volante, fazendo uma conversão em U selvagem e ilegal no meio da rua.
"O que você está fazendo?", Catarina perguntou calmamente.
"Surgiu algo no escritório. Uma crise", disse ele, a mentira desajeitada e fraca. "Tenho que ir. Vou te deixar aqui, você pode pegar um táxi."
Ela apenas o encarou, o olhar inabalável.
Ele vacilou, incapaz de encontrar seus olhos. "É... é um problema no servidor. É crítico."
"Ok", disse ela. Abriu a porta do carro e saiu, ficando na calçada sob o brilho pálido de um poste de luz. Ela sabia exatamente para onde ele estava indo. Sabia quem estava do outro lado daquela ligação.
Como se fosse um sinal, uma mensagem de texto iluminou seu próprio celular. Era de um detetive particular que ela contratara naquela tarde.
Alvo está na orla, alegando que vai pular. Parece ser um evento encenado para ganhar simpatia.
O carro de Darek acelerou, deixando-a em uma nuvem de fumaça. Um momento depois, a mensagem de texto dele chegou.
Sinto muito, querida. Esta é uma emergência real. Vou te compensar. Eu te amo.
Ela não respondeu.
Ela acenou para um táxi. "Siga aquele carro."
O motorista os levou a um estacionamento deserto na orla industrial. Catarina o pagou e saiu. Das sombras, ela podia ouvir vozes.
"Sinto muito, Darek", dizia Angélica, a voz embargada de lágrimas falsas. "Fiz papel de boba na festa. Eu deveria simplesmente desaparecer. Seria melhor para todos."
"Não diga isso", a voz de Darek era suave, persuasiva. "Não se atreva a dizer isso."
Catarina ouviu o som de um beijo, molhado e prolongado.
"Mas Catarina...", murmurou Angélica.
"Shhh", disse Darek. "Esta noite é sobre você."
Catarina viu a silhueta do carro balançar suavemente. O som de risadinhas abafadas e suspiros suaves se espalhou pelo ar da noite.
A dor em seu peito era algo físico, um peso esmagador que dificultava a respiração. Ela se lembrou de um Darek mais jovem, um garoto que corava se ela segurasse sua mão por muito tempo em público. Um garoto que fora dela, e somente dela.
Aquele garoto se fora. Em seu lugar estava este estranho, este homem que podia declarar seu amor eterno com fogos de artifício e, uma hora depois, provar o quão pouco tudo aquilo significava.
Este homem, seu marido, estava fazendo sexo com a mulher que a colocara em coma, no banco de trás do carro deles, no aniversário dela.
Seu coração não apenas se partiu. Foi metodicamente, sistematicamente despedaçado.
O vento frio da noite soprava através de seu vestido fino, mas ela não o sentia. Não sentia absolutamente nada.
Ela se virou e foi embora, o som da paixão deles um ritmo doentio atrás dela. Ela não olhou para trás.