Do Prisioneiro à Fênix: Seu Arrependimento
img img Do Prisioneiro à Fênix: Seu Arrependimento img Capítulo 4
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Capítulo 4

"Minha garganta dói", finalmente consegui dizer, minha voz um arranhão seco. Era verdade. A noite chorando na chuva a deixou em carne viva.

"Eu... fui dar uma volta para clarear a cabeça e me perdi", menti, evitando seus olhos. "Meu celular descarregou."

A expressão frenética de Gabriel suavizou para alívio. "Oh, amor. Você me assustou tanto." Ele me puxou para um abraço, seu aperto forte e possessivo. Seu toque parecia uma jaula. "Nunca mais faça isso."

Ele me levou para dentro, cuidando de mim como uma galinha choca. Preparou um banho quente para mim e separou um conjunto de suas roupas, já que as minhas eram baratas e estavam encharcadas.

Ele então foi para a cozinha e começou a cozinhar, o barulho de panelas ecoando no pequeno apartamento. Ele fez minha sopa favorita, a que ele sempre fazia quando eu estava doente. O aroma que antes me trazia conforto agora me dava náuseas.

Sentei-me à pequena mesa, observando-o. Ele se movia com uma graça fácil, completamente à vontade naquela cozinha miserável, interpretando o papel de um marido pobre e devotado. A performance era impecável.

"Você não está comendo", ele disse, empurrando a tigela para mais perto de mim.

Eu balancei a cabeça. "Não estou com fome."

"Você precisa comer, Alice." Sua voz era gentil, mas havia um comando subjacente. "Vou te levar para sair. Onde você quiser ir. Por minha conta."

"Não quero ir a lugar nenhum", eu disse, minha voz monótona.

Ele me ignorou. Pegou meu casaco, me puxou para cima e me forçou a sair pela porta. Seu aperto em meu braço era como aço. Não era um pedido; era uma ordem.

Ele nos levou ao restaurante mais caro da cidade, um lugar com taças de cristal e garçons de smoking. O tipo de lugar que eu nem sabia que existia na minha vida fabricada.

"Reservei o andar de cima inteiro para nós", ele disse, me levando a um elevador privativo. "Só para você."

A sala era deslumbrante, com uma vista panorâmica do horizonte da cidade. Uma única mesa estava posta para dois com um buquê das minhas flores favoritas, lírios-estrela.

"Peça o que quiser, amor", ele disse, seu sorriso cheio de falsa generosidade. "Não se preocupe com o preço."

"Eu te disse, não estou com fome", repeti, meu estômago se contorcendo em nós.

Seu sorriso vacilou. "Você ainda está chateada com a noite passada? Eu te disse, tive que trabalhar."

"Não me sinto bem", menti, desviando o olhar dele.

Sua expressão mudou imediatamente para uma de profunda preocupação. "O que há de errado? Está com frio?" Ele tirou o paletó e o colocou sobre meus ombros. Ele até foi ao termostato e aumentou o aquecimento.

Era tudo uma atuação. Uma performance linda e cruel.

"Apenas descanse aqui", ele disse, sua voz suave. "Vou buscar um remédio para você na farmácia lá embaixo. Volto logo."

Ele beijou minha testa e saiu.

No momento em que ele se foi, desabei no sofá macio, meu corpo tremendo de exaustão e raiva.

De repente, houve uma comoção na porta da sala privativa.

"A senhora não pode entrar aí! Está reservado!", dizia um garçom.

"Saia da minha frente!", retrucou uma voz aguda.

A porta se abriu com um estrondo, e Helena Dantas entrou furiosa, seu rosto uma máscara de fúria. Ela estava ladeada por dois homens grandes de terno preto.

Ela parou abruptamente quando me viu, seus olhos se arregalando em descrença antes de se estreitarem em fendas de puro ódio.

"Você", ela sibilou. "O que você está fazendo aqui?"

Ela caminhou em minha direção, seus saltos clicando agressivamente no chão de mármore. "Gabriel me disse que te mandou para o exterior. Ele disse que você tinha ido embora para sempre."

Minha garganta estava muito apertada para falar. Eu apenas a encarei, a mulher que me jogou para fora da estrada.

Ela soltou uma risada fria e sem humor. "Deixa eu adivinhar. Você ainda está se agarrando a ele, não é? Patética." Ela se aproximou, olhando para mim com desprezo. "Deixe-me deixar isso bem claro. Eu vou ser a esposa dele. Vamos nos casar no próximo mês. Você não é nada."

"Eu sou a esposa dele", consegui engasgar, as palavras com gosto de cinzas na minha boca. Era uma mentira construída sobre uma mentira, mas era a única arma que eu tinha.

O rosto de Helena se contorceu. "O que você disse?"

"Gabriel e eu... somos casados", eu disse, um pouco mais forte desta vez.

Seus olhos percorreram a sala, o cenário romântico. Por um momento, um lampejo de dúvida cruzou seu rosto. Então ela pareceu chegar a uma conclusão.

"Você é uma impostora", ela zombou. "Alice Lacerda está morta. Ela morreu em um acidente de carro anos atrás. Você é apenas uma sósia tentando tirar proveito."

O absurdo de tudo aquilo era quase engraçado. Ela pensava que eu estava fingindo ser a mulher que ela tentou matar.

Helena gritou para seus guarda-costas. "Peguem-na!"

Os dois homens hesitaram, mas ao seu comando agudo, eles avançaram e agarraram meus braços, seus apertos machucando.

"O que vocês pensam que estão fazendo?", gritei, lutando contra eles.

Helena foi até a mesa de jantar e sentou-se na cadeira destinada a Gabriel, cruzando as pernas elegantemente. Ela pegou um garfo e examinou as unhas.

"Vou te ensinar uma lição sobre mexer com o que é meu", ela disse friamente. "Batam nela. E quando terminarem, quebrem as mãos dela. Não quero que ela consiga tocar no meu marido nunca mais."

"Isso é ilegal!", gritei, o pânico crescendo em meu peito. "Você vai para a cadeia!"

Ela riu, um som como vidro se quebrando. "Leis são para gente pequena. Minha família é dona de metade dos juízes desta cidade."

Um dos homens me deu um soco forte no estômago. O ar saiu dos meus pulmões e pontos pretos dançaram na minha visão. Eles me bateram de novo e de novo. A dor explodiu pelo meu corpo. Eu cedi em seus apertos, minha consciência se esvaindo.

"Vou te dar uma última chance", a voz de Helena cortou a névoa. "Ajoelhe-se e lamba meus sapatos, e eu te deixo sair daqui."

"Vá para o inferno", cuspi, minha voz fraca.

Seu rosto se contorceu de raiva. "Quebrem as mãos dela!", ela gritou.

Um dos homens agarrou meu pulso, seus dedos como um torno. Ele começou a dobrá-lo para trás. Fechei os olhos com força, preparando-me para o estalo do osso.

"O Sr. Bastos está aqui!", gritou um garçom da porta.

            
            

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