Dez Anos Como Pupila
img img Dez Anos Como Pupila img Capítulo 3 No.3
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Capítulo 3 No.3

Clara passou a noite.

Alice deitou-se em sua cama, as paredes finas incapazes de bloquear os sons ambíguos vindos do quarto ao lado.

Dormir era impossível.

Ela se levantou e foi para a varanda, acendendo um cigarro. Ela havia aprendido a fumar secretamente há muito tempo.

O gosto amargo encheu sua boca, assim como a amargura em seu coração.

Na manhã seguinte, ela desceu com olheiras escuras sob os olhos.

Clara, com aparência renovada e radiante, a puxou para o sofá.

"Alice, o aniversário do Heitor está chegando. Que tipo de festa você acha que ele gostaria? Um tema praiano?"

As leves marcas vermelhas no pescoço de Clara eram visíveis logo acima de sua gola. Eram como agulhas, perfurando os olhos de Alice.

Ela se lembrou de caminhar com Heitor em uma praia certa noite. Ela lhe dissera que amava o mar.

Ele havia prometido a ela que, a partir de então, todos os seus aniversários seriam comemorados à beira-mar.

Naquela época, os olhos dele estavam cheios dela.

Agora, ele a evitava como uma praga. Ele havia esquecido tudo o que ela gostava e não gostava.

Assim que Alice estava prestes a falar, Heitor interrompeu da cozinha. "Se você quer saber sobre meus assuntos, deveria me perguntar diretamente."

Clara fez beicinho de brincadeira. "Eu só pensei que a Alice te conheceria melhor."

Alice forçou um sorriso, o coração doendo. "Eu não o conheço tão bem."

Ela se levantou para sair, a amargura em seu coração ameaçando dominá-la.

"Onde você vai tão cedo?" A voz de Heitor, de repente fria, a deteve.

O coração de Alice tremeu. "Tenho um horário para tirar meu visto."

Clara pareceu surpresa. "Um visto? Você vai viajar? Com seu namorado?"

A testa de Heitor se franziu, seu tom afiado com desaprovação. "Alice, não quero que você se envolva com ninguém até estar estabelecida na faculdade."

Sua condenação fria atingiu seu coração. Ela nem teve forças para explicar.

Clara amenizou a situação com um sorriso. "Ah, Heitor, não seja tão rígido. A Alice é uma moça. É normal se apaixonar."

Heitor e Clara saíram juntos, de mãos dadas.

Alice ficou na sala de estar, suas mãos se fechando lentamente em punhos.

Ela só teve um décimo oitavo ano, e o deu todo a ele.

Ela não deixaria sua juventude ser enterrada em um pântano de amor não correspondido.

Ela saiu de casa. Uma garoa fina caía, e o ar estava frio.

Ela se lembrou de como Heitor costumava buscá-la e deixá-la pessoalmente em dias de chuva, segurando um guarda-chuva sobre ela. Ele costumava dizer que ela era seu porto seguro em uma tempestade.

Ela disse a si mesma para se acostumar a andar sozinha.

Ela abriu seu guarda-chuva e caminhou na chuva.

Depois de obter seu visto, ela estava prestes a chamar um táxi quando instintivamente clicou no perfil de Heitor, que ela havia definido como notificação especial.

Ele acabara de postar uma nova atualização.

"Um dia chuvoso é perfeito para um anúncio oficial."

A foto que acompanhava era uma foto de casamento dele e de Clara. Ele estava sorrindo, seus olhos cheios de ternura.

A seção de comentários estava inundada de parabéns.

O lado esquerdo de seu peito não doía mais com aquela pontada familiar. Estava dormente.

Ela calmamente digitou um comentário.

"Um casal perfeito."

            
            

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