Depois de postar o comentário, Alice removeu Heitor de suas notificações especiais.
Ainda faltavam alguns dias. Ela usaria esse tempo para arrancá-lo completamente de seu coração.
Quando chegou em casa, a casa estava vazia e fria.
Ela cozinhou uma tigela de macarrão para si mesma. Enquanto comia, recebeu uma mensagem de Clara.
"Heitor e eu não voltaremos esta noite."
A mensagem era acompanhada por uma foto de um jantar à luz de velas e outra deles juntos em um quarto de hotel.
Os dedos de Alice tremeram. Ela respondeu calmamente: "Ok."
Uma notificação apareceu no chat do grupo do colégio. Eles estavam planejando uma festa de formatura.
Considerando que ela se mudaria para o outro lado do país, ela decidiu ir. Seria uma despedida final de seus colegas.
Alguém no grupo mencionou Heitor.
"Lembro-me de quando a Alice se perdeu naquela viagem da escola, o Sr. Alves voltou de uma viagem de negócios no exterior da noite para o dia para liderar a busca. Ele é tão carinhoso."
O calor do passado era agora um gelo, tornando a respiração dolorosa.
Ela simplesmente respondeu: "Ele não vem."
Eles não sabiam que ela havia se confessado e sido rejeitada. Eles não sabiam que ele já tinha outra pessoa.
Naquela noite, ela dormiu agitada.
Ela sonhou com a primeira vez que conheceu Heitor. Ela tinha oito anos. Ele a olhou com indiferença e se virou para ir embora.
Ela acordou com um sobressalto, o rosto molhado de lágrimas.
Se ele tivesse sido tão frio desde o início, ela teria reconhecido a distância entre eles mais cedo?
Mas o mais doloroso foi ter recebido todo o seu afeto, apenas para vê-lo desaparecer da noite para o dia.
Ela saiu da cama e viu a mala cheia de suas memórias.
Treze dias até ela partir.
Ela decidiu jogar tudo fora, esvaziar seu coração.
Ela arrastou a mala para o andar de baixo e encontrou Heitor e Clara, que estavam acabando de chegar em casa.
Heitor franziu a testa. "Onde você vai com essa bagagem?"
"Vou me mudar para o dormitório da faculdade", disse ela calmamente. "São apenas algumas coisas inúteis que estou jogando fora."
Sem outra palavra, Heitor pegou a mala dela e a jogou na pilha de doações perto do portão. Aterrissou com um baque alto.
O coração de Alice afundou.
Ele não se importava nem um pouco que a mala estivesse cheia de presentes que ele lhe dera, com suas memórias compartilhadas.
Ele se virou, seu tom não deixando espaço para discussão. "Não há necessidade de se mudar para o dormitório. Vou falar com seu orientador."
Ele já estava pensando apenas em Clara. Ele não se importava com o futuro dela.
Ela subiu as escadas sem dizer uma palavra.
Ela ouviu Clara perguntar baixinho: "Ela está com raiva?"
A resposta fria de Heitor se seguiu. "Ela é adulta agora. Precisa aprender a ser independente."
Alice parou por um momento na escada, depois continuou caminhando de volta para seu quarto.
Ela era adulta agora. Ela seguiria seu próprio caminho.