A Luta de Uma Esposa por Justiça
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Capítulo 5

Acabei com três costelas quebradas, uma clavícula fraturada e uma coleção de hematomas profundos. Mas eu estava viva. Sem agradecimentos a Heitor ou sua namorada psicopata.

Depois disso, eu os evitei. Tornei-me pequena e invisível na vasta cobertura, contando os dias até poder finalmente escapar desse pesadelo.

Meu plano já estava em andamento. Eu tinha um encontro na embaixada. Minha solicitação de um novo passaporte e imigração para um país muito, muito distante estava sendo processada. Mais um mês, o oficial me disse. Apenas mais um mês e eu estaria livre.

Eu estava saindo da embaixada, um pingo de esperança no peito, quando uma mão tapou minha boca por trás. Um carro preto de luxo parou bruscamente ao meu lado. Fui empurrada para dentro, a porta batendo antes que eu pudesse sequer gritar.

O carro partiu em alta velocidade. Fui jogada no chão, minha cabeça batendo no assento com um baque doentio. Eles me tiraram em um beco deserto, me arrastando do carro e me forçando a ajoelhar.

Um saco foi arrancado da minha cabeça. Alana estava diante de mim, um sorriso triunfante e cruel no rosto. Ela estava ladeada por dois homens grandes e brutamontes.

Ela não estava usando seus habituais vestidos de linho branco e serenos. Estava de preto, roupas justas, parecendo um abutre pronto para bicar um cadáver.

"Olá, Aurora," ela disse, sua voz pingando malícia. Ela mexia distraidamente em uma pulseira em seu pulso. Era feita de pequenas contas brancas e polidas.

"Gosta da minha pulseira nova?" ela perguntou, erguendo-a para eu ver. "Heitor mandou fazer sob medida para mim. Com os ossos do seu filho. Eles são uma ferramenta espiritual muito poderosa, sabe. Especialmente o crânio."

Meu sangue gelou. Encarei a pulseira, as pequenas contas branco-leitosas. Meu filho. Meu bebê.

"O certificado de cremação era uma falsificação perfeita," ela continuou, apreciando o olhar de horror no meu rosto. "Ninguém jamais saberia."

Minha mente ficou em branco. Um som rugindo encheu meus ouvidos. Eu não conseguia respirar. O homem que fingiu rezar pela alma do nosso filho pegou seus ossos e os transformou em um acessório de moda para sua amante.

"Heitor passa tanto tempo no templo, cantando," Alana ponderou, seus olhos brilhando com um prazer doentio. "Você já se perguntou pelo que ele estava realmente rezando? Ele não estava abençoando seu filho, Aurora. Ele o estava amaldiçoando. Amaldiçoando-o a nunca encontrar a paz, a vagar como um fantasma faminto para sempre."

Lembrei-me de todas as vezes que ele tocou minha barriga quando eu estava grávida, sua expressão tão terna. Lembrei-me dele lendo histórias para minha barriga, sua voz um murmúrio baixo e suave. Era tudo uma atuação. Uma performance distorcida e sádica. Ele nunca amou nosso filho. Ele nunca me amou. Seus votos na igreja, suas promessas, toda a sua existência na minha vida era uma mentira.

Um grito gutural rasgou minha garganta. Eu me lancei sobre ela, uma fúria cega me impulsionando para frente. Um de seus capangas me chutou com força no estômago, e eu caí no chão, ofegante.

Outro golpe veio por trás, um objeto pesado e contundente atingindo a parte de trás da minha cabeça. O mundo explodiu em um flash de branco, depois escuridão.

Meu celular deve ter tido um alerta de emergência automático. A próxima coisa que soube foi que estava sendo colocada em uma ambulância. Heitor estava lá, seu rosto uma máscara de preocupação. Ele segurava Alana, que chorava histericamente, fingindo ser a vítima.

"Ela simplesmente me atacou do nada!" Alana soluçou em seu peito. "Estou com tanto medo, Heitor."

Heitor olhou dela para minha cabeça sangrando. Ele franziu a testa. "Alana, me solte. Preciso ver como a Aurora está."

"Mas eu preciso de você!" ela lamentou, agarrando-se a ele. "Leve-me para o hospital, por favor! Acho que meu braço está quebrado!"

Ele hesitou por um momento, depois a pegou nos braços. "Não se preocupe, querida, eu te peguei," ele arrulhou, levando-a para seu próprio carro.

Eles me deixaram lá, sangrando no chão, para os paramédicos cuidarem. Eu era um inconveniente, um problema a ser resolvido por outros. Enquanto eles se afastavam, pude ouvir seus soluços falsos se transformarem em risadinhas.

No hospital, eles suturaram minha cabeça. Heitor e Alana eventualmente apareceram, interpretando seus papéis com perfeição. Ele era o marido preocupado, ela era a amiga que perdoa.

Ela me trouxe um pote de sopa. "Eu mesma fiz para você, Aurora," ela disse, seus olhos brilhando com falsa sinceridade. "Espero que goste."

"Coma," Heitor ordenou, sua voz baixa. "Não seja rude."

Peguei a colher. A sopa estava cheia de gengibre. Fatias grossas e pungentes. Ela sabia que eu odiava gengibre. Eu era alérgica.

Olhei para ela, depois para Heitor. Levantei-me, caminhei até a lixeira e joguei todo o pote de sopa nela.

O rosto de Alana se contraiu. Heitor pescou um pedaço de gengibre do lixo.

"Alana se deu a muito trabalho para fazer isso para você," ele disse, sua voz perigosamente quieta. "Não desrespeite a gentileza dela."

Meus olhos estavam escuros. "Eu não gosto de gengibre," eu disse, minha voz plana e morta. "E não gosto de coisas que estão sujas." Olhei diretamente para ele. "Ou pessoas."

Alana rapidamente interveio, fingindo uma dor de cabeça. "Heitor, não estou me sentindo bem. Podemos ir?"

Ele olhou para mim, um lampejo de algo - inquietação? culpa? - em seus olhos. Mas como sempre, ele a escolheu. Ele colocou o braço em volta dela e a conduziu para fora do quarto, me deixando sozinha mais uma vez.

            
            

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