Capítulo 4 Amor Fraternal

A sensação de submergir na água morna e relaxante sempre a tranquilizou.

Mas desde que aquele homem arrogante invadiu a pequena enfermaria da M&L, nem mesmo esse pequeno prazer era capaz de fazer com que a tensão de seu corpo se dissipasse.

Após aquele encontro, houve somente um chamado para que ela tratasse de alguém. Quando chegou ao porto, seguranças das Knight Corporation não queria permitir a entrada de Chloe no porto.

Houve uma pequena confusão, pois seu pai e sua irmã se envolveram na situação, pois não sabiam do encontro desagradável com o CEO da companhia que detinha todo o poder por ali.

Depois de algumas ligações de seu pai, os seguranças receberam ordens para liberar sua entrada. Entretanto, a perseguição dos outros funcionários, estava cada vez mais acirrada, e enquanto Chloe mancava de volta para o estacionamento, ouvia as piadas pejorativas dos trabalhadores de várias empresas que foram compradas pela Knight Corp.

Não sabia se isso se devia a chegada de uma nova leva de trabalhadores informais para as empresas que ainda não tinha contratos com a companhia de Damien; ou se era ele próprio quem mandou que instigassem os funcionários contra ela, para intimidá-la, até que desistisse de atender no Porto Long Beach.

"Isso não vai acontecer, Damien Knight." Ela pensou, se abraçando ao próprio corpo.

E hoje foi um dia daqueles. Trabalhou o dia todo na pequena clinica popular que ficava na periferia de um bairro pobre de Los Angeles, e depois passou no porto para pedir suprimentos para abastecer a pequena enfermaria.

Ficou apreensiva o tempo todo em que esteve em Long Beach, pedindo aos céus que não se encontrasse com aquele homem presunçoso de novo.

Entretanto, ao chegar no estacionamento, foi surpreendido por um dos funcionários. Quando ela ignorou suas palavras nojentas, ele tentou se aproximar fisicamente com comentários maliciosos, mas logo foi repelido pela chegada de Evan, que bastante irritado, chamou a segurança.

Chloe submergiu com um suspiro com cansado. Possivelmente esse homem perderia o emprego.

Sempre que acontecia algo do tipo, o sujeito que a assediou desaparecia do porto misteriosamente. Qualquer um que se aproximasse com palavras desrespeitáveis, atitudes como as daquele funcionário de hoje, era demitido.

Imaginava que através de informações fornecidas por Evan, seu pai tomava atitudes cobrando providencias dos gerentes comerciais das outras exportadoras. Todos aqueles comentários não a afetavam de nenhuma forma. Não havia alguém para qual ela quisesse preservar uma imagem perfeita.

Ela era o que era, e não tinha dúvidas sobre sua índole ou caráter. Sua família a amava e compreendia o seu desejo de viver sua vida de forma simples somente ajudando quem precisava.

Prova disso, era a escolha que fez ao decidir trabalhar na clínica, dispensando dois convites para dois hospitais conceituados.

Uma batida na porta a tirou de seus devaneios entre a espuma da banheira.

- Chloe, está ai? Posso entrar. – era a voz de sua irmã, Holly.

- Estou na banheira, Holly. – ela gritou para se fazer ouvir.

A linda garota de cabelos negros, corpo curvilíneo e de lindos olhos castanhos, entrou no banheiro e se encostou na porta com uma careta de irritação.

Holly era cinco anos mais jovem que Chloe, e sua jovialidade se refletia em suas atitudes atrevidas e seu estilo ousado de se vestir, que não passava de uma regata apertada amarela, e um short jeans curtíssimo.

Chloe era a irmã mais velha, e sempre a aconselhava a evitar exibir-se tanto. Mas Holly sempre dava um sorriso travesso e dizia que era disso que ela gostava. Elas eram muito diferentes, enquanto Chloe costumava apresentar um estilo mais elegante e distinto, porém bastante sutil, sua irmã adorava evidenciar tudo o que o bom Deus lhe deu.

A diferença de preferências entre elas era gritante.

Tanto em gostos pessoais, quanto em personalidade.

A presença de uma irmã mais velha foi uma tábua de salvação no pior momento da garotinha de olhos brilhantes. E o mesmo aconteceu com Chloe. O acidente que ceifou a vida de Diana e Albert Lenoxx, foi o mesmo que a deixou deficiente para a vida toda.

Chloe não só perdeu a mobilidade de sua perna e os tios que amava. Mas também a sua mãe. Quando acordou no hospital depois de cinco dias em coma, ela soube que sua mãe teve um ataque cardíaco ao saber sobre o acidente, e morreu a caminho do hospital.

O motorista que dirigia o caminhão de concreto, responsável por colidir de frente contra o carro dos Lenoxx e jogar o automóvel dentro do rio, abandonou o local e nunca foi encontrado. Tudo o que sabiam é que era asiático e usava roupas escuras.

Chloe sorriu suavemente para a irmã. Ter Holly com ela a ajudou a se superar em cada cirurgia, cada recuperação difícil. Ela também foi um sopro de ar fresco para o seu pai, que a amava como uma filha de sangue.

Amparadas uma na outra, Holly e Chloe encontraram o conforto no amor fraternal, assim que Harold, adotou legalmente Holly. Conforme cresciam, ela foi irmã e mãe ao mesmo tempo, era ela quem afagava seus cachos escuros macios até Holly dormir entre lágrimas vivenciando a dor da perda dos pais.

Ainda se lembrava do choro constante de sua irmãzinha, quando a visitava no hospital. Holly temia que Chloe também morresse, e sempre que ela passava por um novo procedimento, a menina ficava agitada e muito calada.