A Promessa Dele, a Ruína Dela
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A Promessa Dele, a Ruína Dela

Gavin
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Capítulo 1

Esta noite deveria ter sido a maior da minha carreira. Eu era a favorita para o Prêmio Pináculo, a maior honra da arquitetura.

Mas o prêmio foi para uma completa desconhecida: o primeiro amor do meu noivo, a viúva do irmão mais velho dele. Meu noivo, Caio, o homem que deveria construir o meu projeto vencedor, entregou o trabalho da minha vida para ela.

Ele disse que ela precisava mais. Depois, me forçou a ser mentora dela, deixando-a levar o crédito pelos meus projetos. Durante uma sessão de fotos promocional, ele ficou parado assistindo enquanto ela me esbofeteava repetidamente, sob o pretexto de "acertar o ângulo da foto".

Quando finalmente revidei o tapa, ele me demitiu e me colocou na lista negra de toda a indústria. Ele não parou por aí. Me empurrou no chão de um corredor de hospital, me fazendo sangrar, e depois me abandonou.

Ele fez tudo isso enquanto eu carregava seu filho.

Deitada naquele chão frio de hospital, tomei uma decisão. Peguei meu bebê ainda não nascido e desapareci. Voei para um novo país, mudei meu nome e cortei todos os laços.

Por cinco anos, fomos fantasmas.

Capítulo 1

O ar no grande salão estava denso de expectativa. Alisei a frente do meu vestido de seda, meu coração martelando nas minhas costelas. Esta era a noite pela qual eu trabalhei durante toda a minha carreira. O Prêmio Pináculo. A maior honra da arquitetura.

Meu projeto, "A Pedra do Sol", era o favorito. Era mais do que um prédio; era minha alma transformada em vidro e aço.

Um colega respeitado, Arthur Vance, deu um tapinha no meu ombro.

"Parabéns adiantado, Clara. Uma vitória merecida. A Pedra do Sol é uma obra-prima."

Dei a ele um sorriso grato, embora nervoso. "Obrigada, Arthur. Não vamos dar azar."

Ele riu. "Não há como dar azar para a genialidade."

Meu noivo, Caio Hanson, deveria estar ao meu lado. Ele era o magnata imobiliário mais poderoso de São Paulo, o homem que iria construir a Pedra do Sol. Mas ele ligou há uma hora, dizendo que estava preso em uma reunião de última hora. Prometeu que me compensaria.

O anfitrião subiu ao pódio. "E agora, o momento que todos esperávamos. O Prêmio Pináculo de Excelência em Arquitetura vai para..."

Prendi a respiração, um sorriso já se formando em meus lábios.

"...Helena Garrett por 'O Salgueiro'."

O nome me atingiu como um soco. Não fazia sentido. O Salgueiro era um projeto derivado, sem inspiração. Helena Garrett era uma ninguém.

Uma onda de frio me percorreu. Minhas mãos ficaram dormentes. Senti os olhos de todo o salão em mim, a candidata favorita que acabara de ser publicamente esnobada.

Consegui aplaudir, meus movimentos rígidos e robóticos. Afundei de volta na minha cadeira, o veludo macio parecendo pedra. O sorriso forçado no meu rosto parecia que ia rachar.

Meu olhar varreu a multidão, procurando por algo, qualquer coisa que fizesse sentido. E então eu o vi.

Caio.

Ele não estava em uma reunião. Estava sentado na terceira fila, sua figura imponente perfeitamente alinhada em um terno escuro.

Ele não estava olhando para mim. Seus olhos estavam fixos no palco, na mulher que caminhava em direção ao pódio.

Helena Garrett. O primeiro amor do meu noivo. A viúva de seu irmão mais velho.

A presença dele aqui não era para mim. Era para ela.

Os sussurros começaram ao meu redor, um zumbido baixo de confusão e suspeita.

"Helena Garrett? Quem é ela?"

"Ouvi dizer que ela tem ligação com a Construtora Hanson. A patrocinadora principal."

"Isso parece... errado. A Pedra do Sol era a vencedora clara."

Minha mente juntou as peças com uma clareza brutal. Caio tinha feito isso. Ele tinha dado o meu prêmio.

Lembrei-me de uma conversa de semanas atrás, Helena chorando em nossa sala de estar sobre sua carreira estagnada e como ela nunca alcançaria seus sonhos. Lembrei-me de Caio a abraçando, sussurrando uma promessa.

"Eu vou fazer acontecer para você, Helena. Eu juro. Eu te devo essa."

Ele devia a ela. Por um evento passado envolto em culpa, uma história que ele nunca me contou por completo. Uma história em que ele acreditava que Helena havia salvado sua vida.

Dez anos da minha vida. As noites intermináveis, os sacrifícios, o foco singular na minha arte - tudo culminou neste momento. Um momento que ele entregou a ela de bandeja porque ela era frágil e ele se sentia culpado.

A cerimônia terminou em um borrão. Fiquei sentada, congelada, até o salão começar a esvaziar.

Caio finalmente me encontrou, sua expressão indecifrável.

"Clara."

Levantei-me, minha voz perigosamente calma. "Por que, Caio?"

Ele teve o desplante de parecer confuso. "É só um prêmio. Não diminui seu talento."

"Era o meu prêmio", eu disse, minha voz tremendo agora. "Era o Prêmio Pináculo. Você não simplesmente o entrega para alguém."

"A Helena precisava mais. É um trampolim para ela."

Seu desdém casual pelo trabalho da minha vida fez algo dentro de mim quebrar.

"Ela precisava? E o que eu precisava? E o que eu mereci? Eu derramei uma década da minha vida no meu trabalho para chegar aqui! Minha integridade, meu nome, meu futuro - era isso que aquele prêmio representava!"

Eu tremia tanto que mal conseguia ficar de pé. As palavras eram uma torrente, uma represa de dor e traição se rompendo.

"Não é só um prêmio! Era tudo!"

Eu estava tão engasgada de emoção que não conseguia mais falar.

Por um segundo, vi um lampejo de algo em seus olhos. Arrependimento, talvez. Mas desapareceu tão rápido quanto apareceu.

"Eu te consigo outros prêmios, Clara. Projetos maiores. Apenas deixe isso para lá."

Uma promessa vazia. Paternalista. Ele não entendia. Ele não se importava.

"Eu não preciso que você me consiga nada", eu disse, minha voz caindo para um sussurro. "Eu conquistei isso por conta própria."

Nesse momento, uma voz ofegante chamou.

"Caio!"

Helena Garrett, segurando o pesado troféu dourado, correu em nossa direção. Ela jogou os braços ao redor do pescoço de Caio, me ignorando completamente.

Ela se afastou, seus olhos brilhando. "Eu não acredito. Obrigada, obrigada, obrigada!"

O rosto de Caio se suavizou ao olhar para ela. Ele ajeitou o cabelo dela.

"Você mereceu, Helena. Seu talento merece ser visto."

Mereceu. A palavra ecoou no salão vazio, uma risada zombeteira às minhas custas. Ela não passou uma única noite em claro refinando seu projeto. Ela não lutou por cada linha, cada ângulo, cada pedaço de sua alma que eu derramei no meu.

Ela apenas chorou, e ele realizou o sonho dela.

Eu não conseguia assistir nem mais um segundo. Virei-me e fui embora, o som da conversa feliz deles me perseguindo noite afora.

            
            

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