Noiva Traída: Sua Dívida Mais Cruel
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Noiva Traída: Sua Dívida Mais Cruel

Gavin
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Capítulo 1

Meu casamento com o brilhante cirurgião, Dr. Cássio Ortiz, foi adiado novamente. Pela quinta vez. Desta vez, foi um acidente de carro, um acidente suspeito, assim como todos os outros.

Então, ouvi Cássio e sua ambiciosa residente, Jade Matos, conversando. Os "acidentes" não eram acidentes; eram atos de sabotagem meticulosamente planejados por Cássio para evitar se casar comigo.

Ele estava fazendo isso para pagar uma dívida: a dívida de seu pai com o meu, que assumiu a culpa pelo escândalo judicial de sua família. Cássio, o homem que eu amava, estava me machucando sistematicamente, esperando que eu desmoronasse e cancelasse o casamento por conta própria.

A traição cortou mais fundo do que qualquer ferida física. Meu pai, que sacrificou sua liberdade pela família Ortiz, sem saber, me prendeu ao meu algoz. Cássio até usou a vida do meu pai como moeda de troca, levando à sua morte na prisão.

Ele então permitiu que Jade "acidentalmente" destruísse as cinzas do meu pai e danificasse deliberadamente minhas cordas vocais durante uma cirurgia, deixando-me sem voz e em pedaços.

Por que ele era tão cruel? Por que ele me odiava tanto? Que tipo de homem destruiria tudo o que eu mais amava apenas para escapar de uma obrigação?

Mas eu não seria sua vítima. Eu não seria sua dívida. Eu seria livre.

Capítulo 1

O casamento entre mim e o brilhante cirurgião, Dr. Cássio Ortiz, foi adiado novamente. Pela quinta vez. Desta vez, foi um acidente de carro. Um acidente suspeito, assim como todos os outros.

Eu estava deitada na cama de hospital estéril e branca, o cheiro de antisséptico enchendo meu nariz. Minha perna esquerda estava engessada, uma dor surda e latejante irradiando do osso recém-colocado. Foi uma fratura limpa, disseram. Sorte.

Sorte era uma palavra estranha para isso.

Os médicos e enfermeiras passavam apressados ao meu redor, suas vozes um murmúrio baixo. Eram todos colegas de Cássio. Eles me tratavam com um respeito gentil e piedoso. A noiva do grande Dr. Ortiz.

Tentei me sentar, uma dor aguda percorrendo minha espinha. Meu corpo era um mapa de acidentes desajeitados. Uma queda da escada um mês antes da nossa primeira data de casamento. Um incêndio na cozinha que queimou minhas mãos pouco antes da segunda. Intoxicação alimentar antes da terceira. Um acidente de barco antes da quarta.

E agora isso. Um carro que invadiu minha pista em um dia claro e seco.

Todas as vezes, Cássio era o noivo perfeito e preocupado. Ele corria para o meu lado, seu rosto bonito contraído de preocupação. Ele supervisionava meus cuidados, seu toque profissional e frio. Ele nunca parecia se ressentir dos atrasos. Ele apenas remarcava tudo calmamente, sua voz um bálsamo suave.

"Nós temos a vida inteira, Alícia", ele dizia. "Sua saúde é o que importa."

Eu acreditava nele. Eu o amava tanto que sua preocupação era tudo o que eu via.

Meus dedos doíam para segurar meu violão. Eu era uma cantora indie, uma compositora. Minha música era minha vida, perdendo apenas para Cássio. Mas minhas mãos ainda estavam rígidas por causa das queimaduras, e agora minha perna estava inútil.

Eu precisava de um pouco de ar. O quarto parecia sufocante. Consegui me colocar em uma cadeira de rodas e me empurrei para o corredor silencioso. Era tarde, e o corredor estava quase vazio, iluminado pelas luzes frias e fluorescentes.

Passei pela estação de enfermagem, indo em direção a uma pequena varanda no final do corredor. Ao me aproximar do consultório de Cássio, ouvi vozes lá de dentro. A porta estava entreaberta.

"Você não pode estar falando sério, Cássio. Outro acidente?" A voz era leve, musical, mas com uma ponta de veneno inegável. Eu a reconheci. Dra. Jade Matos, a ambiciosa residente de Cássio.

"Está resolvido", a voz de Cássio era baixa, desprovida do calor que usava comigo. Era seca e fria.

Uma onda de náusea me atingiu. Parei a cadeira de rodas, escondendo-me nas sombras de uma alcova.

"Resolvido? Ela está com a perna quebrada. O casamento será adiado por meses", Jade soava impaciente. "Por quanto tempo mais você vai continuar com isso?"

Minha respiração ficou presa na garganta. Do que eles estavam falando?

"O tempo que for preciso", disse Cássio. Ele parecia cansado. Entediado, até.

"O que ela tem de tão especial, afinal?" A voz de Jade pingava desdém. "Por que você tem que se casar com essa cantora frágil e propensa a acidentes?"

Houve uma longa pausa. Prendi a respiração, meu coração martelando contra minhas costelas.

"É uma dívida", Cássio finalmente disse, sua voz pesada de ressentimento. "A dívida do meu pai. O pai dela assumiu a culpa por ele, um escândalo judicial que teria arruinado nossa família. Ele está apodrecendo na prisão para que meu pai pudesse sair livre. Este casamento é o pagamento."

O mundo girou. As palavras não faziam sentido. Uma dívida? Pagamento?

"Então você não a ama?" A voz de Jade estava suave agora, sedutora.

"Amá-la?" Cássio soltou uma risada curta e amarga que me feriu mais fundo do que qualquer lesão física. "Jade, você sabe quem eu amo."

Minha visão ficou turva. A dor na minha perna não era nada comparada ao peso esmagador no meu peito. Era difícil respirar.

"Então por que continuar com essa farsa?" Jade pressionou.

"Meu pai é um homem de honra. Ele insiste. E a família Pontes não tem nada. Ele acha que esta é a única maneira de cuidar dela, de retribuir o favor."

"Então você vai continuar... arranjando esses pequenos incidentes até que ela desista? Ou até que seu pai morra?"

"Algo assim", disse ele, seu tom casual.

As peças se encaixaram na minha mente, um mosaico horripilante de crueldade calculada. A queda. O fogo. A doença. O barco. O carro. Não era má sorte. Era ele. Era Cássio.

Cada casamento remarcado, cada expressão de preocupação, cada toque gentil era uma mentira. Uma performance.

Ele não me amava. Ele me ressentia. Ele estava me machucando, repetidamente, apenas para evitar se casar comigo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, quente e ardente. Foi seguida por outra, e outra, até que elas fluíam livremente. Levei a mão à boca para abafar um soluço, o movimento enviando uma onda de agonia pelo meu corpo. Eu fugi, empurrando as rodas da minha cadeira com movimentos frenéticos e desajeitados, sem me importar para onde estava indo. Minha fuga foi um borrão de paredes brancas e luzes zumbindo.

Ele não me amava. Ele amava Jade Matos.

Meu pai. Meu querido e honrado pai, que sacrificou sua vida e liberdade por um homem que ele chamava de amigo. Ele fez isso para que eu fosse cuidada. Ele pensou que a família Ortiz me protegeria.

Em vez disso, seu sacrifício me prendeu ao meu algoz.

Eu acreditava que nosso amor era um conto de fadas nascido de uma amizade familiar. Pensei que Cássio, o brilhante e cobiçado cirurgião, havia se apaixonado genuinamente por mim, a compositora quieta. Era uma mentira. Meu mundo inteiro, a base da minha felicidade, era uma mentira.

A dor na minha perna latejou, aguda e intensa, espelhando a agonia que rasgava meu coração. Minha rara condição neurológica significava que eu sentia dor mais agudamente do que os outros. Cássio sabia disso. Ele sabia exatamente o quanto eu sofria.

Finalmente cheguei ao meu quarto, meu corpo tremendo. Assim que estava me puxando de volta para a cama, a porta se abriu.

Era Cássio.

Ele trazia uma bandeja com uma seringa e medicação. Ele estava aqui para trocar meu curativo.

"Alícia", disse ele, sua voz tingida com aquela falsa preocupação que agora me revirava o estômago. "Você não deveria estar fora da cama."

Eu o encarei, meus olhos provavelmente vermelhos e inchados, mas ele não pareceu notar. Ou talvez não se importasse.

"Dói", sussurrei, minha voz rouca.

"Eu sei. Vou te dar um analgésico e trocar o curativo. Você vai se sentir melhor."

Ele preparou a injeção. Ele conhecia minha condição. Ele sabia que deveria usar um anestésico local antes de tocar na ferida. Era o procedimento padrão para mim.

Seu celular vibrou na bandeja. Ele olhou para ele. Um sorriso pequeno e genuíno tocou seus lábios. Um sorriso que eu não via direcionado a mim há anos. Era uma mensagem de Jade. Eu não precisava ver a tela para saber.

Ele usava um chaveiro no passador do cinto. Um simples cordão de couro com um pequeno pássaro de madeira esculpido à mão. Eu tinha feito para ele em nosso primeiro aniversário. Ele olhou para ele com indiferença educada e o jogou em uma gaveta.

Mas agora, pendurado ao lado dele, havia um "J" prateado e brilhante.

Meu coração, que eu pensei que não poderia se quebrar mais, fraturou-se em um milhão de pedaços. Ele era tão descuidado com o meu coração, mas tão descarado com sua traição.

Ele pegou a gaze, seus olhos ainda suaves pela mensagem de Jade. Ele limpou a área ao redor da minha ferida, seu toque áspero, distraído.

Ele não pegou o anestésico.

Ele ia fazer isso sem anestesiar a área.

O primeiro toque do antisséptico na pele em carne viva foi fogo. Um grito se formou na minha garganta, mas eu o engoli.

"Cássio", ofeguei, minhas unhas cravando nos lençóis. "O anestésico."

"Está tudo bem, vai ser só um segundo", murmurou ele, seu foco em outro lugar. Ele provavelmente estava pensando em Jade. Em como a encontraria depois de terminar seu "dever".

Ele retirou o curativo antigo. A dor era ofuscante. Era uma agonia branca e ardente que me consumiu. Meu corpo se arqueou da cama, um grito estrangulado escapando dos meus lábios.

"Por favor", implorei, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Cássio, dói. Por favor, pare."

"Quase pronto, Alícia. Seja corajosa." Sua voz era distante, impaciente.

Ele trabalhou rapidamente, eficientemente, como um mecânico consertando uma máquina. Não como um médico tratando um paciente. Não como um homem cuidando de sua noiva.

Ele terminou, prendendo o novo curativo com movimentos bruscos e precisos. Então ele se levantou, pegando seu telefone.

"Tenho que ir ver outro paciente", disse ele, sem me olhar nos olhos. "Descanse um pouco."

Ele se foi antes que eu pudesse dizer outra palavra. Ele estava correndo para ela. O pensamento foi outra facada de dor.

Fiquei ali, tremendo, o suor brotando na minha testa. A dor física era imensa, mas a agonia emocional era um buraco negro, engolindo tudo.

Eu finalmente entendi. Ele não estava apenas tentando adiar o casamento. Ele estava me punindo por existir. Por ser a corrente que o prendia.

Lágrimas silenciosas traçaram caminhos pelo suor e pela sujeira no meu rosto. Meu corpo, quebrado e maltratado, finalmente desistiu. A escuridão na borda da minha visão se fechou, e eu caí na inconsciência.

            
            

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