Noiva Traída: Sua Dívida Mais Cruel
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Capítulo 3

A primeira coisa que fiz depois de receber alta foi visitar Augusto Ortiz. O pai de Cássio era um homem formidável, mesmo aposentado. Ele morava na antiga mansão da família Ortiz, um lugar de elegância silenciosa e do velho mundo que sempre pareceu mais um museu do que um lar.

Ele me recebeu em seu escritório, uma sala cheia de livros com capa de couro e o cheiro de charutos caros. Ele pareceu surpreso em me ver.

"Alícia, minha querida. Pensei que você ainda estivesse se recuperando."

"Estou muito melhor, Sr. Ortiz", eu disse, minha voz firme. "Vim aqui para lhe pedir algo."

Respirei fundo. "Eu quero cancelar o noivado."

Augusto me encarou, seus olhos aguçados se arregalando em choque. "Cancelar? Por quê? Cássio fez alguma coisa?"

Não consegui me forçar a contar a ele toda a verdade feia. Ele era um homem de honra. Saber que seu filho estava me torturando sistematicamente para pagar uma dívida o destruiria. E, além disso, era a minha batalha para lutar.

"Não", menti. "Sou eu. Cássio é um bom homem, mas não somos certos um para o outro. Percebi que não o amo como uma esposa deveria."

Olhei-o nos olhos, tentando transmitir sinceridade. "Meu pai será libertado da prisão em alguns meses. Pretendo levá-lo e começar uma nova vida, só nós dois. É melhor assim."

Augusto olhou para mim, sua expressão uma mistura de confusão e tristeza. Ele havia orquestrado este casamento por um sentimento de culpa e responsabilidade. Ele realmente acreditava que era a melhor coisa para mim.

Após um longo silêncio, ele suspirou, um som profundo e cansado. "Se é isso que você realmente quer, Alícia, não vou ficar no seu caminho."

O alívio me invadiu, tão potente que quase me deixou fraca.

"Obrigada, Sr. Ortiz."

"Vou pedir ao meu advogado para preparar os papéis", disse ele, sua voz pesada. "E vou transferir uma quantia em dinheiro para você. Um dote, por assim dizer. Para ajudar você e seu pai a recomeçar."

"Isso não é necessário-", comecei, mas ele levantou a mão.

"É sim. É o mínimo que posso fazer."

Nesse momento, a porta do escritório se abriu e Cássio entrou. Ele parou abruptamente quando me viu.

"Alícia? O que você está fazendo aqui?"

Antes que seu pai pudesse falar, eu respondi, minha voz brilhante e casual. "Apenas visitando seu pai, Cássio. Estava me sentindo melhor e queria sair de casa."

Cássio olhou de mim para seu pai, um brilho de suspeita em seus olhos, mas ele deixou passar. "Vim te buscar. Pai, vamos ficar para o jantar."

O jantar foi um caso excruciantemente tenso. Cássio, desempenhando o papel de noivo dedicado, sentou-se ao meu lado, cortando minha comida, colocando-a no meu prato. Cada movimento cuidadoso e praticado era um lembrete de seu engano. Costumava fazer meu coração palpitar. Agora, apenas me deixava enjoada.

"Agora que Alícia está se recuperando, podemos finalmente marcar uma nova data para o casamento", anunciou Cássio a seu pai, seu braço repousando nas costas da minha cadeira.

Augusto abriu a boca para falar, provavelmente para revelar minha decisão, mas naquele exato momento, o telefone de Cássio vibrou.

Ele olhou para a tela. A mudança em sua expressão foi instantânea. Sua máscara cuidadosamente construída de calma preocupação se dissolveu em pânico genuíno.

Era uma mensagem de Jade. Vi o nome dela piscar na tela. Era acompanhada por uma foto de um pulso sangrando.

"Eu tenho que ir", disse Cássio, pulando de pé.

"Cássio, o que há de errado?", perguntou Augusto, alarmado.

"É uma emergência no hospital", mentiu Cássio, seus olhos já na porta. Ele já estava discando seu telefone. "Jade? Você está bem? Não se mova, estou a caminho!"

Ele saiu correndo sem olhar para trás, deixando um silêncio atordoado em seu rastro. Fiquei sentada ali, olhando para o pedaço de bife perfeitamente cortado no meu prato, um nó frio se formando no meu estômago. Ele me deixou, sua noiva "em recuperação", por ela. De novo.

Saí da mansão Ortiz pouco depois, a promessa de liberdade uma pequena luz bruxuleante na vasta escuridão do meu coração.

No dia seguinte, visitei meu pai. A prisão era um lugar sombrio e opressivo. Vê-lo na sala de visitas, pálido e magro em seu uniforme cinza, partiu meu coração mais uma vez.

"Alícia", disse ele, seu rosto se iluminando quando me viu. "Você parece cansada. Cássio está te tratando bem?"

Forcei um sorriso. "Ele é maravilhoso, pai. Apenas ocupado com o trabalho."

Ele assentiu, aliviado. "Bom, bom. É tudo o que eu quero. Que você seja feliz." Ele suspirou. "Sinto muito por perder o casamento. De novo."

A mentira parecia ácido na minha língua. "Nós vamos esperar por você, pai. Eu disse a Cássio que não vamos nos casar até você sair." Estendi a mão sobre a mesa e peguei a dele. "Quando você sair, vamos deixar esta cidade. Vamos para algum lugar quente, perto do mar. Só você e eu."

Uma lágrima escorreu por sua bochecha. "Isso parece bom, minha filha."

Voltei para a casa estéril e vazia que dividia com Cássio. Arrumei uma pequena mala, levando apenas meus pertences pessoais. Deixei para trás todas as roupas, as joias, a vida que ele havia comprado para mim.

Ele não voltou para casa naquela noite.

Ele voltou na manhã seguinte, parecendo cansado, mas contente.

"Há uma gala de caridade hoje à noite", disse ele, afrouxando a gravata. "Você precisa vir comigo."

Não era um pedido. Era uma ordem. Eu era seu pônei de exibição, o símbolo da "honra" de sua família.

Eu me arrumei entorpecida. Enquanto caminhávamos para o carro, instintivamente me movi para o lado do passageiro.

"Aí não", disse ele, sua voz ríspida. "Jade vai conosco. Ela precisa de espaço para as pernas por causa da... da condição dela."

Eu o encarei, minha mente em branco. Minha própria perna ainda estava engessada. Ele havia esquecido. Ou não se importava.

"Tudo bem", eu disse, minha voz plana. Subi no banco de trás.

Jade chegou um momento depois, deslizando para o banco da frente com um sorriso triunfante. "Obrigada por esperar, Cássio. Alícia, que bom que você veio."

A viagem de carro foi uma tortura. Eles conversaram e riram, suas vozes um murmúrio baixo e íntimo. Eu me senti como uma estranha, uma intrusa em seu pequeno mundo perfeito.

A gala era um evento brilhante, cheio da elite da cidade. Cássio me apresentou como sua noiva, sua mão um peso pesado no meu braço. Mas sua atenção, seu orgulho, era todo para Jade. "Esta é a Dra. Jade Matos", ele dizia, sua voz brilhando. "Minha residente mais promissora."

Eu não conseguia respirar. Pedi licença, precisando de ar. Encontrei uma varanda deserta com vista para as luzes da cidade. Fiquei ali por um longo tempo, apenas respirando.

Quando finalmente voltei para dentro, eu os vi. Eles estavam em um canto escuro e isolado do salão de baile. Cássio tinha Jade pressionada contra a parede, sua boca devorando a dela. Suas mãos estavam emaranhadas no cabelo dela, seu corpo colado ao dela.

Era cru, desesperado e cheio de uma paixão que ele nunca, jamais, me mostrara.

Meu mundo, que eu pensei já ter sido estilhaçado, quebrou-se em pedaços ainda menores. Eu os segui, um fantasma na minha própria vida, enquanto eles saíam por uma porta lateral e entravam em uma suíte particular no andar de cima.

            
            

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